Cuidado com a boca, senão, rua!
Esse olho foi considerado impróprio e foi removido conforme nossas regras e diretrizes. Leia mais no texto abaixo
No tempo da censura, em que a justiça burguesa ou os grandes capitalistas sentem-se à vontade para amordaçar qualquer um que fizer absolutamente qualquer comentário que vá contra a ditadura dos grandes monopólios, até mesmo uma piada pode ser motivo para a caça às bruxas.
Esta matéria certamente não seria aceita pela Censura Nacional e seu conteúdo é altamente proibido – não contem a ninguém que vocês leram isto.
Recentemente, o humorista Léo Lins foi desligado do SBT, que era a emissora em que trabalhava, em razão de uma piada que o canal de televisão considerou “ofensiva”.
A caça às bruxas que a burguesia imperialista está fazendo em nosso País conta com o apoio da esquerda pequeno-burguesa identitária, que entra em histeria por qualquer coisa e entra de cabeça na campanha da burguesia pela censura. E, vamos combinar, também porque os identitários são muitos chatos.
Na piada que escandalizou o SBT, o humorista disse:
“Eu acho muito legal o Teleton, porque eles ajudam crianças com vários tipos de problema. Vi um vídeo de um garoto no interior do Ceará com hidrocefalia. O lado bom é que o único lugar na cidade onde tem água é a cabeça dele. A família nem mandou tirar, instalou um poço. Agora o pai puxa a água do filho e estão todos felizes”.
No humor negro, há a presença, além da quebra de expectativa característica do humor, de elementos mórbidos, que são extremamente sérios e que muitas vezes causam histeria ao ser tratados. Pode-se não achar graça por quaisquer motivos que sejam, mas é uma piada como qualquer outra e os humoristas devem ter todo o direito de utilizar esse subgênero do humor.
A ditadura do politicamente correto, que é a expressão da chatice da pequeno-burguesia, está perseguindo todo mundo que fizer piadas – inclusive aquelas que não são de humor negro. A demissão do Léo Lins escancara isto: no Brasil, está virando crime contar piadas, falar palavrão ou falar qualquer coisa que a esquerda pequeno-burguesa não goste.
E o que esse setor da esquerda gosta ou deixa de gostar é o que a Globo manda. Ou seja, se você tiver um padrão moral de comportamento que a Globo não goste, você corre risco de ser demitido. É um completo absurdo.
O humorista Léo Lins não foi o primeiro – e, pelo andar da carruagem, certamente não será o último – a ser crucificado por uma piada. Vários outros já foram perseguidos dos mais diversos modos, seja pelos monopólios capitalistas, seja pelo judiciário.
Rafinha Bastos também foi vítima dessa mesma perseguição por conta de uma piada. No extinto programa CQC, ele comentou sobre a cantora Wanessa que, à época, estava grávida: “Comeria ela e o bebê”. Tal piada bastou para que o Ministério Público o investigasse, para que ele fosse demitido da Band e fosse condenado a pagar 150 mil reais à cantora.
Danilo Gentili foi outro comediante que foi alvo da ditadura do judiciário. Ele chegou a ser condenado a 6 meses de prisão em regime semiaberto, em razão de ter pegado uma notificação extrajudicial da deputada Maria do Rosário, rasgá-la, colocá-la dentro das suas calças e chamar a deputada de “puta” (ao esconder o início da palavra “depu – tada”).
Obviamente, um gesto extremamente desrespeitoso por parte do apresentador. Mas não é isso que está em questão: o que está em questão é precisamente o direito de as pessoas opinarem, xingarem e proferirem seus pensamentos (ou seja, tanto a liberdade de expressão, quanto a de opinião). E, quanto mais babaca se possa considerar tal ou qual opinião, nenhum tipo de palavra fere o direito de ninguém: apenas as ações podem o ferir.
Voltemos a falar sobre o caso Léo Lins. Ele, que agora foi demitido pela emissora do Silvio Santos, sempre trabalhou com este subgênero do humor e, independentemente se o leitor o considera engraçado ou não, pois isso é um juízo subjetivo; ele tem o direito de fazer piada com o que bem entender.
Uma das obras escritas pelo humorista chama-se Livro dos Insultos, em que elenca uma série de apelidos cômicos aos mais diversos tipos de pessoa; outro livro escrito por ele faz referência ao acidente radiológico de Césio-137 em que, na trama, um sapo se contaminou com ele, sofreu mutação e sofre bullying. O livro se chama Sapo Césio: uma História de Vida Contagiante.
Outra piada que gerou muita polêmica foi uma piada com o acidente da Chapecoense, em que o avião que levava os jogadores do time caiu, levando à morte 71 pessoas, ao compará-lo com uma outra morte, a do ex-jogador do São Paulo Daniel: “Pelo menos ele morreu depois de comer coisa boa. Não foi como os jogadores da Chapecoense, que era comida de avião”. Em relação a esta tragédia, Léo Lins também disse, referindo-se à expressão “pão na chapa”, que, quando ele caía no chão, virava um “pão na Chape”.
Além disso, o comediante comentou sobre o terremoto no Japão que, ao fazer um quebra-cabeças com o mapa do país, agora seria mais fácil resolver, pois bastaria colocá-lo numa caixa e balançar. Ele também fez piada com violência doméstica, ao dizer que, quando sua ex-namorada saísse de A Fazenda – reality show em que a então namorada do humorista o traiu –, colocaria o Dj Ivis (preso por agredir a esposa) para tocar em um show de reencontro e que queria “encontrar com ela, conversar, olhar olho no olho, dar um soco na costela”.
O humorista é famoso pelas piadas de humor negro, sendo, inclusive, várias vezes processado e condenado na justiça por elas – certa vez ele foi processado por fazer piada com gordos. Esse tipo de processo penal escancara o quão antidemocrático está virando o País: além de solaparem a liberdade de expressão, estão criminalizando o humor.
Como se vê por esses exemplos, a obra do autor é majoritariamente voltada ao humor negro. E, nos tempos da ditadura do politicamente correto, é cada vez mais difícil fazer piadas de qualquer tipo. Não se pode mais fazer piadas com temas sensíveis, sob a pena de ser demitido ou processado. É a Santa Inquisição moderna contra o humor – vale lembrar que uma característica da censura não é censurar todo mundo, porque isso é difícil, mas sim, através de casos exemplares, pôr medo de igual punição em todo conjunto da sociedade e realizar uma verdadeira censura prévia.
É preciso denunciar esta campanha reacionária em favor da criminalização de ideias (o chamado crime de opinião) e, agora, até mesmo da criminalização de piadas, visto que o próprio Léo Lins já sofreu diversos processos por suas sátiras. No fim, quem deve decidir se as piadas do Léo Lins têm ou não têm graça é o público, não os monopólios de comunicação.
Mas vamos terminando a matéria por aqui, porque ela já está excessivamente longa e, se continuarmos por mais tempo, a qualquer momento, o DOI-CODI do STF pode chegar e ver essa matéria sendo escrita. Do jeito que está a perseguição à opinião e ao humor, vai sobrar até para Nossa Senhora das Graças.
https://www.causaoperaria.org.br/rede/p ... senao-rua/







Bruno Mazzeo em sua melhor oportunidade de ser engraçado: calado – Foto: Reprodução


