Prefeito de São Paulo terá seu nome enviado ao Vaticano para ser canonizado; cérebro da esquerda gandhista entrou em metástase e já esqueceu as 30 mil mortes causadas pelo tucano
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O tucano Bruno Covas, prefeito de São Paulo, já não existe mais. De acordo com boletim médico divulgado pelo hospital Sírio-Libanês, o quadro de Covas, internado por causa de um câncer, é irreversível. Quer dizer, seu corpo continuará recebendo sedativos e analgésicos até que seus sinais vitais cessem de vez. Fim da linha.
Para os marxistas e para os trabalhadores em geral, essa notícia, em si, não tem importância. Covas foi um monstro, um direitista que seguiu a tradição de seu avô, Mário Covas. No entanto, o mundo não fica melhor, nem pior sem ele. O povo paulista perde um prefeito genocida, que matou 29 mil pessoas, e ganhará outro no lugar. E nem mesmo nos daremos ao luxo de contar com os “acidentes” que às vezes ajudam a empurrar a história para a frente. A retirada de Covas foi planejada, seu vice foi escolhido para ser prefeito desde o momento em que a chapa foi montada.
As monstruosidades de Covas só serão superadas, portanto, quando as massas se sublevarem e acabarem não com um ou outro tucano, mas com toda a fauna de bestas feras da burguesia. Quando arrancar todos os golpistas como Bruno Covas do controle do Estado e passarem a ser, elas próprias, donas do próprio destino. Até lá, a morte desses vigaristas, entre os quais podemos incluir também Levy Fidélix e o Major Olímpio, não passam de um conforto ilusório de quem comeu o pão que o diabo amassou na mão desses canalhas.
É ilusão pensar que a morte cada vez mais próxima de Bruno Covas melhorará em alguma coisa a vida da população. Mas se há quem se conforte com isso, qual o problema também? É um instinto mais do que natural ver-se aliviado quando seu algoz já não pode mais lhe causar mal.
O que é absurdo, no entanto, é tratar Bruno Covas como um santo, como um herói, como um homem de caráter e integridade. Celebrar a morte de Covas é um analgésico, um paliativo para o oprimido que vê esperança de as chicotadas cessarem. Torná-lo um mártir, no entanto, é sinônimo de, na melhor das hipóteses, muita embriaguez, de alucinação. Ou simplesmente de mau-caratismo.
É o que a imprensa capitalista está fazendo. O artigo escrito por Ricardo Noblat, um dos mais asquerosos jornalistas da imprensa burguesa, é de fazer rir. Noblat diz que Covas deixou “exemplo de coragem e de transparência no tratamento de sua doença” e que “o fim da vida para o prefeito de São Paulo Bruno Covas (PSDB), 41 anos, poderia ter sido de menos sofrimento e maior satisfação para ele, família e amigos se não tivesse sido candidato à reeleição”.
De fato, Covas sabia que iria morrer em breve e dedicou seus últimos meses à atividade política. Mas não há nobreza ou coragem alguma nisso. Pelo contrário, há cinismo e covardia. Covas continuou na política até definhar completamente porque foi obrigado pela burguesia a fazê-lo. Porque defendia não um projeto para o País, mas sim a própria pele. Todo político burguês é uma prostituta, que faz tudo o que a burguesia manda, até mesmo vender a própria mãe se assim for solicitado. Covas cumpriu o seu papel.
Covas ganhará, da burguesia, funerais de honra. Será aplaudido, recompensado por ter doados seus últimos momentos à política. Bom para ele. Ou nem tão bom, porque também ele não assistirá o próprio funeral. Por outro lado, quem perdeu com essa palhaçada toda foram os milhões de paulistanos.
Por que era importante para a burguesia manter Covas na política? Isso o próprio artigo de Noblat explica: “a doença e a disposição de desafiá-la com bravura e total transparência fez Covas crescer aos olhos dos paulistanos”. Não, Covas não se tornou popular porque teve câncer. Mas o câncer serviu para que a burguesa organizasse uma jogada de marketing para eleger seu candidato. “Covas, o sofrido”, “Covas, o homem que combateu o câncer” e tantos outros “Covas” pintados pela Rede Globo acabaram triunfando, mesmo o PSDB sendo odiado amplamente.
O resultado dessa operação está aí, para todo mundo ver. São mais de 29 mil óbitos, provocados pela política do trio Covas-Doria-Bolsonaro, que promoveu a reabertura do comércio e das escolas, que não vacinou nem testou a população, que não construiu hospitais, que não fez nada! O fato de ele abrir a 30.000ª cova para si próprio não faz do tucano um mártir, mas sim um assassino feroz.
As mortes pelo coronavírus não são a única marca deixada por Covas. Em todos os aspectos, ele foi a representação de toda a podridão e barbárie que é a burguesia brasileira. Mandou jogar água gelada nos moradores de rua, cortou verbas, maltratou os professores e organizou despejos, em plena pandemia, que contrariavam até mesmo uma decisão do ultrarreacionário STF!
Apenas entre janeiro de 2020 e maio do mesmo ano, a Polícia Militar, comandada por Doria e Covas, mataram nada menos que 119 pessoas. Se a proporção tiver se mantido, mais de 300 pessoas terão sido assassinadas sumariamente pelo aparato de repressão. Para os que escaparam da polícia e do coronavírus, a situação também não é nada boa. Durante a gestão Doria-Covas, que teve início em 2017, o número de pessoas morando nas ruas aumentou mais de 50%, chegando, em 2019, a mais de 24 mil pessoas. Se acrescentados os moradores de ocupações, são mais de 30 mil sem moradia. Não foi feito ainda um levantamento mais recente, mas é visível que esses números aumentaram drasticamente na pandemia.
Tudo isso, obviamente, não por um capricho pessoal, mas a mando de seus cafetões. Somente na campanha eleitoral, Covas recebeu R$75 mil (oficialmente) do Banco Safra e R$200 mil da Crefisa, entre outros banqueiros. De empreiteiros, recebeu nada menos que R$725 mil: R$200 mil de financiamento de José Ricardo Rezek, do grupo Rezek, R$175 mil de Ernesto Zarzur, da EZTEC, R$100 mil de Elie Horn, da Cyrela, R$100 mil de Alvaro Antonio Alfredo Coelho da Fonseca, do grupo Coelho da Fonseca, R$50 mil de Marcello Arduin, da Monollito, R$50 mil de Antonio Setin, da Setin, e R$50 mil da AK Realty.
A Rede Globo agora chora por Bruno Covas porque é a continuação de sua operação. Usou o câncer de seu cãozinho de estimação para fraudar uma eleição, agora tentará comover a população para que aguente o que vem pela frente: um psicopata como todos os prefeitos tucanos de São Paulo. Ricardo Nunes, até o momento filiado ao MDB, é um direitista ligado à Igreja Católica — mais um santo! —, que defende o Escola sem Partido e que participou da “máfia das creches”. Mas ninguém poderá criticar Ricardo Nunes, caro leitor, porque agora é hora de chorar pelo homem que operava a câmara de gás paulistana!
O circo da burguesia é, em si, bizarro e nojento. Nenhuma novidade, a burguesia é uma classe decadente, da qual não se pode esperar algo de bom. Mas, como sempre, ela não está sozinha…
A esquerda pequeno-burguesa, moralista até a medula e puxa-saco da burguesia, viu na morte de Covas mais uma oportunidade de mostrar como é bem comportada. Aqueles que acham que agora é a hora de mostrar-se solidários a Covas podem não perceber, mas estão entrando em uma campanha. A burguesia não chora por ninguém, está em permanente campanha por seus interesses. E o objetivo da campanha “chore uma lágrima por Bruno Covas” é garantir mais 4 anos de mandato do PSDB em São Paulo.
Uma campanha, inclusive, que já vinha sendo preparada há tempos. Note, caro leitor, que a foto que ilustra essa coluna é a única foto de Covas com Bolsonaro. E quando foi tirada, Covas fez questão de dizer que apenas tirou a foto “por educação”. Quando empossado prefeito, no início de 2021, o tucano fez um discurso dizendo que travaria uma luta “contra o negacionismo”. Covas foi pintado como um moderado, como um homem diplomático, que poderia ser respeitado pela esquerda. Chegou, inclusive, a nomear como secretário de Habitação um filiado do PT! Seu terno pode ser bonito, seu relógio pode ser importado e sua barba pode estar bem feita, mas Covas é o que os números falam que é: um genocida.
É por isso que ninguém tem a obrigação de chorar por Bruno Covas. Deixemos a Rede Globo, que o ama tanto a ponto de prostitui-lo até a beira da morte, chorar todas as lágrimas que quiser. Deixemos o prefeito tucano para ser lembrado por Hitler, Mussolini e Médici, que, quando ouvirem Satanás gritar “Bruno Covas”, responderão “presente, hoje e sempre”. Para os trabalhadores, sua memória deverá ser atirada à lata de lixo da história, junto com todos os golpistas.
É hora, companheiros, de guardar todas as energias não para chorar por Covas, mas para preparar a derrubada de nossos inimigos. É hora de seguir o caminho desbravado pelo ato de primeiro de maio, organizado pelo PCO e pelos comitês de luta. Vamos em frente, preparar um grande dia nacional de mobilização no dia 29 de maio por tudo aquilo que Covas negou: vacina, emprego e auxílio emergencial!
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