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O prazer que um vinho oferece não está necessariamente nos rótulos caros e de grande prestígio. Estes têm obrigação de serem bons e deixarem boa impressão. Isso satisfaz ?
Sobre a questão lembro de um amigo, sempre bem-humorado, que jantando num grande restaurante na França foi abordado pelo sommelier querendo saber o que gostaria de beber. Ele respondeu dizendo que fosse algo bom para o espírito e que não fizesse mal à cabeça e ao bolso.
Em resumo, é o que se espera de um sommelier : ter a capacidade de transformar o ato de comer num grande prazer.
Para tanto, tudo tem de ser perfeito, inclusive causar boa surpresa na escolha do vinho.
Vinhos caros são óbvios, e se não causam desprazer tampouco acrescentam. Independentemente de poder aquisitivo, seria de fato prazeroso beber só grandes rótulos ?
Por indicação minha, a importadora Mercovino chegou a trazer a gama de Philippe Gimel, deixando de fazê-lo ao diminuir suas atividades. Fico na expectativa de aparecer algum interessado em distribuí-los novamente no Brasil, ainda que seja em pequenas quantidades, mesmo porque, com o prestígio adquirido e os bons clientes espalhados mundo afora, há pouca disponibilidade. Os vinhos, em todo caso, estão ainda melhores, como pude comprovar na extensa prova que ele me preparou em sua modesta, mas bem equipada adega, em novembro passado.
Enquanto isso não acontece, Ventoux está bem representada por aqui com o Château Pesquié, um produtor bem maior, que fazia vinhos corretos, mas que vem se aprimorando nos últimos anos, inclusive concluindo a conversão de seus vinhedos para cultura orgânica (Côtes du Ventoux Les Terrasses de Pesquié 2016. R$ 117, na Nova Fazendinha).
A Chez France tem em seu portfólio um interessante exemplo das mudanças positivas ocorridas na região, caso do AOC Ventoux Terres de Truffes 2016, o topo de linha da Cave TerraVentoux, fusão de duas velhas cooperativas, com proposta adequada aos novos tempos (R$ 119).
Já na categoria Côtes du Rhône e Côtes du Rhône Villages com o nome do vilarejo, há opções bem interessantes (como o Cairanne da De la Croix, citado na coluna da semana passada) das quais pincei algumas: Domaine la Solitude Cotes du Rhône 2017, R$ 148 na Zahil; Vinsobres Altitude 420 2014, Domaine Jaume, R$ 190,75 na Premium; Clos Bellane Côtes-du-Rhône Villages Valréas 2017, R$ 232,17 na Premium; Domaine de Mourchon Tradition Séguret Côtes du Rhône Villages 2013, R$ 170 na Monvin; Brézème Côtes du Rhône 2017, Eric Texier, R$ 218,70 na Juss; Côtes-du-Rhône Mon Coeur 2013, J-L Chave Sélection (négociant), R$ 262,27 na Mistral e Vinsobres Les Cornuds 2016, Famille Perrin, R$ 161 na World Wine.