Vocês tão defendendo demais a fase boa de Chaves no PG, que não precisa ser defendida justamente porque é a fase
boa. Elogiar essa parte pra passar pano no todo é ser bobo, porque a questão é muito maior que essa.
Vamos analisar: Chaves dentro do PG durou duas vezes o tanto da série clássica. Não tem a ver só com interpretação, idade ou barriga. Tem a ver com gás. É como assistir a série, assistir toda ela de novo, e depois ainda mais uma vez.
"Ah, mas são esquetes de menos minutos". Não importa. Contam como episódios. Em 73 e 74 o tempo também era reduzido e compartilhado com outros personagens.
A questão é que é muito capítulo, muito chão e muito remake. Por mais que hajam adaptações melhores, situações novas aqui e ali, não deixa de ser uma eterna reciclagem. A própria estrutura do quadro é dar voltas e voltas com os mesmos bordões e interações já pré-estabelecidos.
Uma vez eu fiz um estudo sobre como Chaves se trata de escalonar conflitos sobre pequenos objetos cotidianos. Você faz um episódio cujo foco é só um varal, e aquilo cresce pra causar rebuliço na vila inteira. E no outro dia o foco é um balão. Um vasinho de planta. Um chiclete.
Aprendendo essa fórmula, imagina acompanhar ela por VINTE TEMPORADAS INTEIRAS. Sendo recheadas de regravações. São vinte anos disso. Duas décadas. Passando por um pique áureo até culminar naquela deprimente cadeira da escolinha daonde o Chaves não se levantou mais.
A culpa não é do Programa Chespirito. O azar do PG foi que nele aconteceu o declínio do arco de qualidade. Por mais que tenha começado ainda com o pé direito e se mantido assim por uns anos.
Não importa, o programa é um só e tem que ser julgado como um só. Ou vocês querem que se um dia uma emissora compre ele, seja só os anos 80?
Se o Roberto tivesse tido noção de encerrar o Chaves enquanto ainda tava ok dentro do PG, a história seria outra. Mas como isso não aconteceu, o fato é:
Se tratando de evolução, Chaves no "Chaves" é
. Chaves no "Programa Chespirito" é
. E não tem como fugir disso.