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O Viva optou por cortar cenas de blackface --ação em que brancos se pintam de preto para representarem pessoas negras, frequentemente de forma exagerada-- da reprise de Malhação 1998. O canal de TV fechada anunciou a decisão nesta segunda (1º), por meio de suas redes sociais. Diante da repercussão da notícia, Erick Brêtas, diretor de produtos digitais e canais fechados da Globo, defendeu o corte das cenas numa publicação no Twitter.
O executivo explicou que, apesar de o canal ter como missão o resgate da teledramaturgia nacional, a diretoria preferiu respeitar a sensibilidade dos telespectadores de 2023. Ele também revelou quais foram as cenas removidas --até então, o Viva havia preservado o fato.
Na trama em questão, um grupo de rastafaris se apresentaria num concurso de bandas. Mas eles acabam faltando no evento, e alguns jovens brancos se pintam de preto e ocupam o lugar da banda.
"É um caso de blackface. Em 1998, isso poderia ser tolerado. [Mas] A sociedade evoluiu, e hoje cenas assim são consideradas ofensivas", começou o diretor. "Esse plot não acontece de forma rápida na trama. As consequências dessa ação duram vários episódios", completou. De fato: no anúncio do Viva, consta-se que os episódios de toda a semana (do dia 1º ao 5) serão afetados pelos cortes.
No discurso, Bretas reconheceu que a proposta do canal é resgatar conteúdos na íntegra. Ainda assim, defendeu a decisão tomada:
"Preservar a memória da nossa teledramaturgia sempre foi um compromisso do Viva, e não há como negar o empenho do canal em resgatar clássicos da nossa história. Mas essa missão tem que se equilibrar com os valores da sociedade contemporânea. Muitos espectadores poderiam se sentir ofendidos com a reprodução daquelas cenas e com a duração de um plot de black face por vários capítulos."
"Respeitamos quem pensa diferente, mas nesse caso prevaleceu o entendimento de respeitar a sensibilidade da audiência de 2023. A trama principal pode ser compreendida com a continuação da história. Espero que vocês continuem com a gente. Bom feriado para todos e todas", finalizou ele.
A medida veio depois de o canal de TV fechada exibir um aviso antes de todas as reapresentações, ressaltando que aquela obra reflete "costumes da época em que foi realizada". É uma forma de evitar que a emissora sofra críticas por anacronismos, como aconteceu com a reprise de Da Cor do Pecado (2004), no ano passado. Desde então, todas as obras passaram a contar com o alerta.
O novo pronunciamento do Viva também dá margem para que outras produções sofram cortes. "As obras do Canal Viva reproduzem comportamentos e costumes da época em que foram realizadas. Eventualmente, algum trecho pode ser excluído desde que não gere prejuízo para a compreensão da narrativa", consta no texto.
Até agora, a emissora e seus representantes não declararam se esses cortes também devem reverberar no Globoplay --normalmente, as novelas vão para o streaming logo depois da apresentação no Viva. Na internet, esse foi uma das questões mais comentadas.