Quando mudaram as regras trabalhistas para as domésticas, o que aconteceu na prática foi o fim da profissão empregada doméstica no Brasil, e todas viraram diaristas, tendo que trabalhar em 3 ou 4 casas diferentes por semana. Muitas vezes até trabalhando mais, por se tinham que passar e lavar roupa uma vez por semana na casa onde eram domésticas, passaram a ter que passar e lavar roupa em 4 casas diferentes por semana como diarista.
Essa mudança, inclusive, mudou o hábito de muitos brasileiros, que passaram a comer menos em casa, alguns passando a comer mais em restaurantes a quilo, outros a encomendar "quentinhas" com empresárias que passaram a fornecer esse serviço e outros simplesmente que passaram a pedir comida no iFood (ou Rappi) ou em comer em restaurantes ou lanchonetes na rua (ou no shopping).
Essa mudança de hábito fez com que, por exemplo, diminuísse o consumo de feijão no Brasil -
https://www.canalrural.com.br/agricultu ... de%2050%25. , e aumentasse o consumo de fast food.
Quem passa em concurso público ou trabalha em empresa pública geralmente tem a escala 5 x 2 (folgando no sábado e no domingo), me parece que algumas dessas pessoas estão defendendo a mudança para a escala 4 x 3, mas querendo receber o mesmo salário, ou seja, o serviço público que já é ruim, ficaria ainda pior, com os funcionários trabalhando um dia a menos na semana.
Quem trabalha na escala 6 x 1 geralmente são funcionários de padarias, de restaurantes, de lanchonetes, de supermercados, de farmácias, vendedores que trabalham em shopping, no setor de serviços em geral.
O que poderia ser feito é que essas pessoas poderiam trabalhar numa escala 5 x 2, com profissionais contratados para trabalhar aos finais de semana, mas certamente isso teria um custo maior para as empresas, que ou teriam que ter mais subsídios fiscais do governo para compensar o gasto a mais que teriam, ou teriam que aumentar os preços aos consumidores para compensar o gasto a mais que teriam.
Outra coisa é que ninguém é obrigado a trabalhar na escala 6 x 1, atualmente já existem diversas profissões em que a pessoa pode trabalhar como autônomo, ela pode ser motorista de carro de aplicativo, pode estudar para se tornar professor de informática e dar aula ou fazer conserto ou instalação de software (hardware), pode estudar para se especializar em consertos (pias e torneiras quebradas, vaso sanitário entupido, etc) ou virar pintor de parede, pode virar entregador de aplicativos de comidas, pode cozinhar em casa e vender comida aos clientes que fazem encomenda por Telegram ou WhatsApp, existe uma série de profissões em que a pessoa pode ter flexibilidade para trabalhar nos dias em que achar melhor, e até mesmo trabalhar em algum dia do final de semana e folgar em algum dia do meio da semana (até para poder ir ao médico ou poder ir ao banco fazer pagamentos ou conversar com o gerente, ou se o aniversário da pessoa ou de algum parente ou amigo cair no meio da semana, não trabalhar naquele dia).
O Brasil já tem uma série de trabalhos sem carteira assinada e querer empurrar a escala 4 x 3 pode levar ainda mais gente para a informalidade.
O que precisa ter no Brasil é mais ensino técnico e profissionalizante (ao contrário do sistema de ensino atual, em que as pessoas são obrigadas a estudar vários conteúdos que nunca vão usar na vida - alguns desses conteúdos bem difíceis, inclusive - como geometria avançada, álgebra avançada, química e física), pois se tivéssemos mais pessoas com ensino técnico, teríamos mais profissionais autônomos, que ganhariam um bom dinheiro por hora trabalhada e precisariam trabalhar menos por semana.
De acordo com o Google, países como a Eslovênia e a Croácia são os países que mais investem em ensino profissionalizante, com taxas de matrículas de 70%.
Já o Brasil está entre os países com menor porcentual de estudantes matriculados na educação profissional, com uma taxa de 11%.
A falta de formação e capacitação acaba fazendo com que muitos brasileiros acabem aceitando esses empregos "da escala 6 x 1", como caixa de farmácia, vendedor de loja de shopping, caixa de supermercado, etc.