Disparada de preços
O efeito bumerangue das sanções contra a Rússia
EUA e UE tentaram sancionar a Rússia, mas os efeitos estão voltando como um bumerangue e atingindo em cheio a economia europeia e mundial
Europa tentou atingir a Rússia, mas está sentindo a volta do bumerangue. – reprodução
Segundo dados recentes, em um ano a inflação na União Europeia chegou a 8,6%, segundo dados divulgados em 1º de julho pela Eurostat.
De acordo com os índices, a inflação nos preços da energia atingiu 41,9%; alimentação, álcool e tabaco chegou a 8,9%. Os preços de bens industriais tiveram uma alta de 4,3%. Dos 19 países que utilizam o Euro como moeda, 9 estão com inflação acima de 10%. Na Estônia a inflação atingiu 22%; Lituânia, 20,5% e Letônia 19%.
Inflação dispara desde o início dos conflitos na Ucrânia
A situação é explosiva na Europa. Crescem as manifestações de rua e muitas já estão se posicionando abertamente contra a guerra. Os europeus sabem que este é um problema criado pelos EUA, que forçaram uma medida drástica da Rússia na Ucrânia e, agora, eles é que estão pagando o pato. Não bastasse isso, vários países já estão prevendo aumento nos investimentos militares.
Existe um temor de que a Europa se torne palco de uma guerra generalizada. No entanto, como economias tão debilitadas vão pode sustentar um conflito de grande magnitude?
O fracasso das sanções
As sanções contra a Rússia foram um verdadeiro fracasso. A prova disso é o efeito bumerangue que está elevando a inflação aos maiores patamares da história na Zona do Euro. Logo que as sanções foram impostas, com o início da operação especial na Ucrânia, o rublo despencou, mas rapidamente voltou a seu patamar anterior.
Isso se deveu ao fato de que países importantes, como Índia, continuaram comercializando gás e petróleo com os russos, o que por si demonstra a dificuldade de o imperialismo conseguir uma unidade global para enfrentar a Rússia.
O fato é que o governo russo não foi pego de surpresa, durante anos veio se preparando para uma mudança econômica que tornava a moeda russa independente do sistema financeiro mundial, a salvo do dólar, lastreando a moeda em ouro em suas exportações de gás e petróleo. A Rússia percebeu que se houvesse algum desentendimento com imperialismo, estaria vulnerável e poderia sofrer um ataque financeiro. Os resultados dessa política se demonstraram acertados.
Isolamanento russo?
A tentativa de isolar a Rússia se tornou outro grande fracasso. Além da Índia, países como o Paquistão, Turquia, Austrália, Japão, Argentina e todos os países do Brics. Lembrando que Austrália, Índia e Japão, além dos EUA, formam o QUAD, que é uma espécie de Mini-Otan no Indo-Pacífico. Ou seja, uma coalizão militar que não consegue estabelecer uma unidade no campo econômico está com graves problemas.
A ordem imperialista mundial está caminhando para a dissolução. Isso se manifesta na rebeldia de países de todos os continentes, na negativa de aderir integralmente às sanções contra a Rússia.
A subida de preços
Os EUA estão pressionando a Opep para aumentar a produção de petróleo, mas para suprir a produção russa teriam que produzir um excedente de 7 milhões de barris diários. Obviamente, o imperialismo não vai querer um aumento de preços, o que, em outras palavras, seria jogar o ônus da crise nas costas dos árabes.
Na Espanha, o governo prorrogou um auxílio de cinquenta centavos por litro de gasolina por três meses. Recentemente, nos EUA o galão de gasolina atingiu US$ 5, o que está causando um grave problema político no país. O governo anunciou que não cobraria impostos sobre a gasolina. Em Nova Iorque, por exemplo, existem 80 mil moradores de rua.
Além da alta nos preços dos combustíveis, a Ucrânia e a Rússia são responsáveis por 30% da produção de grãos, o que força para cima alta dos preços.
Trabalhadores x imperialismo
As políticas neoliberais colocaram a classe operária mundial em um enorme refluxo. Porém, as crescentes manifestações de rua estão colocando na ordem do dia o confronto dos trabalhadores contra o imperialismo.
A inflação corrói as economias dos trabalhadores e, no cenário atual, está muito claro que o fenômeno está sendo produzido pela ação do imperialismo no Leste Europeu.
Essa inflação, ao que tudo indica, não atingiu seu auge. Se escalarem as provocações contra a Rússia, a Europa pode ficar sem energia para tocar a sua indústria. Países como Itália e Alemanha dependem enormemente do gás para a sua produção.
Guerra de desgaste
Ainda que o imperialismo venha tentando promover uma guerra de desgaste contra a Rússia, a própria Europa é quem primeiro está dando sinais de cansaço. O próprio presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, pediu para que a UE dê um jeito de terminar o conflito até o final do ano. A Ucrânia teve seu exército praticamente destruído e tem perdido partes importantíssimas de seu território, como o acesso ao Mar Negro e ao Mar de Azov. As repúblicas do Leste praticamente já se livraram das forças nazistas.
O tiro tem saído pela culatra. O imperialismo ainda procura se reorganizar enquanto China e Rússia investem nos Brics. O governo Chinês alertou que se continuarem as sanções contra o país, o aumento das relações com a Rússia se torna inevitável e plenamente justificadas.
O governo Putin declarou que está conseguindo todos os seus objetivos na Ucrânia e que, portanto, a operação levará o tempo de necessitar. De certa maneira, são os russos que estão devolvendo a guerra de desgaste. O tempo está correndo e em breve o inverno europeu mostrará o quanto dependem de fontes de energia.
https://www.causaoperaria.org.br/rede/i ... -a-russia/