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Mensagem por E.R » 20 Nov 2022, 04:47

NOTÍCIAS
https://oglobo.globo.com/blogs/ancelmo- ... cado.ghtml

A editora Nova Fronteira irá lançar uma nova coleção de livros de Rubem Fonseca com suas sete principais obras.

O primeiro título, “O Cobrador”, está chegando este mês, 12 anos após o lançamento da última edição.

A obra ganhou um prefácio do escritor Marçal Aquino e um posfácio do jornalista Sergio Augusto.
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Chapolin Gremista
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Mensagem por Chapolin Gremista » 23 Nov 2022, 02:13

NOTÍCIAS
LITERATURA BRASILEIRA
O experimentalismo na literatura brasileira contemporânea
Na poesia experimental as reflexões sociais realizam-se em paralelo com as reflexões linguísticas.

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Na música, as notas musicais não vibram naturalmente, prontas para serem colhidas pelos compositores movidos pela inspiração; em verdade, essas mesmas notas são, antes de tudo, determinadas em sistemas musicais. Consequentemente, em termos formais, os sistemas musicais antecedem e justificam a música, gerando não apenas as diretrizes da composição, mas as próprias notas musicais e os demais elementos utilizados nessa linguagem. A nota dó, por exemplo, define-se em relação às demais notas na divisão, em grande parte arbitrária, da escala contínua de frequências sonoras, a qual poderia ser segmentada de outros modos, gerando-se consequentemente outras notas além ou aquém das doze notas da escala utilizada na música ocidental.

Esse fenômeno não é exclusivo da música, ele se aplica às demais linguagens, entre elas, a literatura, não em termos das categorias musicais, evidentemente, mas em termos fonológicos, prosódicos, semânticos, quer dizer, nos termos dos códigos linguísticos. Assim, por serem constitutivas de todas as linguagens, as regras do código podem ser problematizadas poeticamente, passando de constituintes a temas da literatura; quando isso acontece entre as vanguardas do início do século XX, costuma-se chamar arte experimental. Contudo, independentemente da época, não são raros procedimentos do experimentalismo na história da arte; os poetas experimentais contemporâneos sempre cuidaram da exploração do passado em busca de antecedentes; talvez o caso mais significativo sejam as pesquisas da poeta portuguesa experimental Ana Hatherly sobre o barroco ibérico, constatando nos séculos XV, XVI e XVII a presença marcante do que, no século XX, é chamado poesia visual, poesia sonora, poesia por análise combinatória, poema objeto etc.

O que significa, todavia, fazer poesia com as regras do código? Todos os poetas fazem poesia seguindo os códigos da linguagem verbal; isso parece evidente pois, uma vez fora da linguagem verbal, isto é, fora dos processos prosódico-fonológicos e semânticos, a poesia passa a ser feita com outras linguagens. Assim, o poeta tematiza quaisquer assuntos, podendo, inclusive, explicitar tais processos linguísticos, fazendo, portanto, poesia com a regras do código.

Aproximando-se do marxismo, o neorrealismo e o surrealismo, cada qual a seu modo, dialogam, por meio da poesia, com as políticas de esquerda contemporâneas, assumindo em diferentes graus as causas do proletariado e da esquerda pequeno-burguesa, cabendo indagar, portanto, se há tais diálogos realizados pelo experimentalismo. Para desenvolver esse tópico, vale a pena citar dois poetas brasileiros contemporâneos experimentais; para tanto, anexo ao texto o poema sonoro “O sertanista”, do livro “O pênis do Espírito Santo”, 2018, de Djami Sezostre, e um poema visual de Gil Jorge colhido na internet:

A cal!sgrafia a exxtranha
Cães ligrafia de meu pai que nascia e visvia
E naonascia e naovisvia o meu pai e seu
L’pis do camminnhar atravês vés a
Caligrafia aestranharme aentrarrharme
Caligrafiafira de um sertanista um dia
Um sertanista e ele o meu pai
Aiodfadsfdsajhfjsdafsdafsdafusdfsda
E não quero mais escrever xxzxx
Uma vaca é uma vaca é uma vaca
E uma rosa então é uma rosa então é uma rosa
Mas a vaca não é uma vaca e a rosa não é uma rosa
Afinal, quem vai entender o que é para entender,
Emtemda, extrume, excrementos

A mão extramha a fala extramha o falo extramho”

Nos dois poemas os temas sociais, caros aos objetivos do neorrealismo, estão presentes. Na literatura brasileira as relações entre o homem e o ambiente sertanejo são tematizadas recorrentemente; autores ao longo de sua história e envolvidos em causas bastante distintas, tais quais José de Alencar, Euclides da Cunha, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, na prosa, ou Patativa do Assaré e João Cabral de Melo Neto, na poesia, recorreram, em tramas e versos, ao sertanejo e seus costumes. Sem dúvida, o poema sonoro de Sezostre se insere nessas vertentes, entretanto, a elaboração fonológica, desencadeando novos sentidos, acrescenta ao tema do sertão reflexões linguísticas.

Já a poesia de Gil Jorge se aproxima do neorrealismo ao tematizar o mal-estar na civilização regida pelo capital, fazendo o pedido de socorro SOS surgir sob os versos “mudo de medo / todo(s os) dias”; contudo, semelhantemente ao poema sonoro de Sezostre, a elaboração linguística enfatiza essa significação quando o SOS se manifesta escondido no medo gerado pela repressão. Em ambos os poemas, seja por meio de poesia sonora, seja poesia visual, as reflexões sociais foram realizadas em paralelo com reflexões linguísticas, cujos sentidos foram obtidos pela segmentação da linguagem em seus constituintes formais segundo a engenharia do poeta; tanto Djami Sezostre quanto Gil Jorge convocam as articulações fonológicas e morfológicas nos poemas citados a participarem explicitamente da poesia.

Por fim, uma última observação sobre os diálogos entre o experimentalismo e as políticas de sua época. O estruturalismo, enquanto ponto de vista supostamente científico, opõem-se ao marxismo; isso não pode ser discutido ligeiramente, entretanto, uma breve consulta às considerações de Claude Lévi-Strauss ou Algirdas Julien Greimas a respeito das relações entre as ciências humanas e política traz à luz as opiniões pouco progressistas, para não dizer reacionárias, do antropólogo e do semioticista.

Eis duas citações, ambas extraídas da “História do estruturalismo”, de François Dosse. Na primeira, Lévi-Strauss comenta evasivamente os papéis políticos do intelectual engajado: (1) “Não, eu considero que minha autoridade intelectual, na medida em que se me reconheça possuir alguma, repousa na soma de trabalho, nos escrúpulos de rigor e de exatidão”. Na segunda citação, Greimas expressa suas ideias a respeito de Ferdinand de Saussure e Karl Marx, buscando eclipsar o pensamento político comunista em detrimento das reflexões linguísticas sobre os conceitos de sistema e estrutura: (2) “O tiro de largada foi a aula inaugural de Merleau-Ponty no Collège de France (1952), quando ele disse que se verá claramente não ter sido Marx, mas Saussure quem inventou a filosofia da história. É um paradoxo que me fez refletir sobre o fato de que antes de fazer a história dos eventos seria necessário fazer a história dos sistemas de pensamento, dos sistemas econômicos, e somente então procurar saber como eles evoluem”.

Os artistas experimentais frequentemente recorrem às teorias da linguagem, da semiologia e da semiótica para justificar suas obras: Ana Hatherly refere-se a Saussure na composição de sua “Anagramática”; Roman Jacobson, Roland Barthes, Umberto Eco e outros semiólogos são frequentemente citados por poetas visuais. Por consequência, haveria relações entre o experimentalismo e a direita? Embora aconteça, vale lembrar dos futuristas italianos entusiasmados com o fascismo, isso não ocorre necessariamente, conquanto não sejam raros os entreveros dos artistas engajados com os artistas experimentais, em que os últimos são acusados, na maioria das vezes injustamente, de alienação política.



https://causaoperaria.org.br/2022/o-exp ... emporanea/
Adquirir conhecimento e experiencia e ao mesmo tempo não dissipar o espirito lutador, o auto-sacrificio revolucionário e a disposição de ir até o final, esta é a tarefa da educação e da auto-educação da juventude revolucionária. '' LEON TROTSKI

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Mensagem por Chapolin Gremista » 25 Nov 2022, 07:23

NOTÍCIAS
HÁ 326 ANOS
26/11/1696: morria o poeta Gregório de Matos, o “Boca do Inferno”
Representante do barroco no Brasil e em Portugal era também advogado

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Gregório de Matos Guerra foi um importante advogado e poeta baiano que viveu no século XVII. Nascido em 1636 e falecido aos 59 anos em 26/11/1696, Gregório ficou conhecido como “Boca do Inferno” e “Boca de Brasa”. Poeta satírico, é um dos grandes autores da língua portuguesa no período colonial e um dos maiores no estilo barroco no Brasil e em Portugal.

Nascido em família rica, estudou em um colégio de jesuítas em Salvador e depois ingressou na Universidade de Coimbra em Portugal. Após o falecimento da esposa em 1678, consegue retornar a Salvador em 1681, já como poeta satírico. Ocupando cargo de Procurador, viveu em meio à boemia e produzindo seus versos satíricos que não poupavam as figuras do poder do Estado e da igreja.

Nessa época, já havia ganhado o apelido de “Boca do Inferno”, pois além de satirizar a elite econômica também debochava do clero nos seus versos:

“O Clérigo julgador,
que as causas julga sem pejo,
não reparando que eu vejo
que erra a Lei, e erra o Doutor:
quando vêem de Monsenhor
a sentença revogada
por saber que foi comprada
pelo jimbo, ou pelo abraço,
responde o Juiz madraço,
minha honra é minha Lei:
esta é a justiça, que manda El-Rei.”

No álbum Transa, lançado em 1972, o também baiano Caetano Veloso cantou os dois primeiros versos do soneto Triste Bahia de Gregório de Matos em música homônima:

“Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.”

Em 1694, o acúmulo de acusações de difamação, em especial contra membros da igreja ou símbolos religiosos resultou em uma deportação para Angola. A posição social do poeta e suas relações com figuras do poder ajudaram com isso a evitar o assassinato ou penas mais duras do que a deportação.

Em Angola, Gregório ajudou o governo português a combater uma conspiração militar e com isso foi autorizado a voltar ao Brasil. No entanto, proibido de voltar à Bahia. Acabou morrendo em Recife por conta de doença contraída ainda em Angola aos 59 anos. Deixou uma vasta produção literária, onde conciliou rigor no estilo com um conteúdo livre das regras sociais da sua época. Mais um dos grandes escritores da língua portuguesa nascidos no Brasil.


https://causaoperaria.org.br/2022/26-11 ... o-inferno/
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Mensagem por Chapolin Gremista » 27 Nov 2022, 06:24

NOTÍCIAS
HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Adeus a Kevin O’Neill
Kevin O’Neill ilustrou grandes clássicos da história em quadrinhos, entre eles, as “Aventuras da Liga Extraordinária”, com roteiro de Alan Moore.

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Oquadrinista Kevin O’Neill faleceu no dia 3 de novembro do ano corrente. A tradição dos artistas plásticos das histórias em quadrinhos é bastante rica, em todos os continentes há ilustradores inovando criativamente os traços mais convencionais do gênero. No universo das HQs do ocidente, em linhas gerais, há os quadrinhos infantis, caracterizados pela caricatura, e os quadrinhos para adultos, com traços predominantemente realistas; todavia, não faltam artistas para desestabilizar tais convenções, basta lembrar de Jules Vuillemin, Will Eisner, Robert Crumb, Bill Sienkiewicz, Charles Burns, Lucas Varela, Luiz Gê e, com certeza, de Kevin O’Neill. O realismo do traço correlacionado aos temas supostamente realistas do mundo dos adultos é uma equivalência frágil, facilmente colocada em questão e seriamente danosa quando serve de critério para escolher quais quadrinhos ler ou não ler.

Antes de tudo, o compromisso do traço não é com a realidade das coisas vistas no mundo; os desenhos das HQs não são reproduções objetivas da realidade, mas formas de arte, portanto, elas são simulacros, fazendo com que o desenho preste contas, antes de tudo, ao estilo do artista e suas coerções internas em torno de formas, cores e da disposição de formas e cores seja individualmente em cada quadrinho, seja no conjunto dos quadrinhos dispostos na página, seja na totalidade das páginas da HQ. Contrariamente ao que se poderia supor, imagens excessivamente realistas tendem a neutralizar o papel da expressão plásticas dos quadrinhos, fazendo com que as narrativas se sobreponham às ilustrações; desse ponto de vista, quanto mais engenhoso o ilustrador, mais evidenciam-se os sentidos disseminados na linguagem da HQ por meio das relações entre as imagens vistas e a imaginação.

Nesse sentido, gostaria de recordar dois trabalhos de Kevin O’Neill: “Marshall Law”, em parceria com Pat Mills, e “As aventuras da Liga Extraordinária”, em parceria com Alan Moore, ambas lançadas no Brasil. Em meio aos muitos gêneros desenvolvidos na linguagem das histórias em quadrinhos, um dos mais conhecidos é, sem dúvida, o gênero dos super-heróis; iniciado por volta dos anos 1930, tal gênero encontra seu auge nas décadas de 1960 e 1970 para, no final do século, entrar na fase crítica em que os heróis deixam de ser heroicos para tornarem-se corruptos, fascistas, psicóticos e, inclusive, criminosos, havendo, não raramente, inversões de papeis, cujo melhor exemplo atualmente é o caso do Coringa, passando de psicopata a anarquista político com pretensões revolucionárias.

rPat Mills é reconhecido por sua influência nos quadrinhos britânicos; entre suas obras, são de autoria dele as batalhas dos “Guerreiros ABC”, envolvendo robôs gigantes, as potências imperialistas e a Rússia, e as aventuras do guerreiro irlandês Sláine, passadas na antiguidade céltica e pagã. Sejam robôs, sejam bárbaros, suas histórias estão repletas de sangue, espadas, monstros… em “Marshal Law”, tais tópicos são levados para as histórias de super-heróis. Em um futuro próximo, retoma-se o tema do super soldado estadunidense gerado bioquimicamente para travar as batalhas do imperialismo – o próprio Capitão América e o Hulk Vermelho são inspirados nesses projetos míticos das forças armadas –, entretanto, uns dos efeitos colaterais dessas transformações são distúrbios psicóticos, transformando aqueles super soldados, antes úteis, em ameaças; nessa trama, Marshal Law é, justamente, um desses super soldados, cuja função e policiar seus antigos correligionários.

A ilustração é arte de Kevin O’Neill; contrariamente ao desenho de outra série semelhante a essa, “The Boys”, com roteiro de Garth Ennis, cujo ilustrador Darick Robertson optou por desenhos realistas, em Marshal Law as páginas são graficamente delirantes, seja nos traços, oscilando entre o minimalismo das formas geométricas do talhe das personagens e o expressionismo de suas expressões corporais, seja na articulação dos quadrinhos na totalidade das páginas. Tudo se passa como se os distúrbios psíquicos dos super-heróis renegados, incluindo os de Marshal Law, encontrassem eco no estilo visual alucinado.

Nossa segunda menção aos trabalhos de O’Neill, “As aventuras da Liga Extraordinária”, embora possam ser inseridas no gênero super-herói decadente, a genialidade de Alan Moore, especialmente aguçada nesse roteiro, dá novas dimensões à própria linguagem das histórias em quadrinhos. Alan Moore é sensível à decadência dos super-heróis já em seus primeiros roteiros, apontando para a uniformização danosa dos roteiros e das personagens; em seu célebre “Watchmen”, relatam-se as desventuras de um grupo de heróis formado por fascistas, um deles, estuprador, outro, admirador do presidente Harry Truman, heroínas próximas de prostitutas, um canalha capitalista, pessoas venais, neuróticas e desajustadas; sua Liga Extraordinária, porém, está bem além disso.

Alan Moore, recuperando os clássicos da literatura fantástica escritos na Europa na virada do século XIX para o século XX, articula um grupo de agentes secretos do governo britânico formado por Mina Harker, personagem do romance “Drácula”, de Bram Stoker; por Allan Quatermain, personagem dos romances de Rider Haggard; pelo Capitão Nemo, capitão do Nautilus, o submarino do romance “Vinte mil léguas submarinas”, de Júlio Verne; pelo par Doutor Jekyll e senhor Hyde, o par de “O médico e o monstro”, romance de Robert Louis Stevenson; e o senhor Harley Griffin, o protagonista de “O homem invisível”, romance de H. G. Wells. Trata-se de outro grupo de desajustados – segundo Moore, Mina é uma mulher perturbada, Allan está viciado em ópio, Nemo tem suas vocações terrorista acentuadas, assim como são acentuados os crimes dos senhores Hyde e Griffin –; tal grupo faz sua epopeia ao longo de várias histórias, desdobrando-se em várias narrativas das quais participam personagens de outros romances, filmes, quadrinhos, entre elas Gulliver, John Carter, Randolph Carter, Auguste Dupin, Sherlock Holmes, o Doutor Moreau, o Agente 007, o Homem de Seis Milhões de Dólares, todos às voltas com Próspero, personagem de Shakespeare, e sua ilha.

Em HQs anteriores, Alan Moore escolheu trabalhar com desenhistas mais próximos dos traços realistas, detalhando, inclusive, que a disposição dos quadrinhos na página fosse constantemente realizada em três linhas e três colunas, em retângulos regulares, buscando, assim, apagar o papel dispersivo das imagens em grades diversas ao longo do texto. Contrariamente, em “As aventuras da Liga Extraordinária”, a maximização do sentido da narrativa manifesta-se no traço repleto de formas e cores de Kevin O’Neill, em que caricaturas são articuladas com traços realistas, em várias grades e enquadramentos, semeando alusões também na expressão plástica por meio de imagens, cenas, referências a outros ilustradores. Em meio a tantas citações, os fãs elaboraram um dicionário das personagens e das imagens disseminadas ao longo da saga, havendo, pelo menos, uma citação por quadrinho.

Escrever sobre Kevin O’Neill está fadado a ser uma tarefa ingrata, embora sempre haja palavras para descrever nossa admiração por seu talento em uma linguagem que, embora com pouco mais de um século de existência, já conta com artistas geniais, tais quais Winsor McKay, George Herriman, Jack Kirby, Guido Crepax, Luiz Gê, Osamu Tezuka; mesmo assim, é impossível descrever apenas com palavras as imagens de Kevin O’Neill e sua genialidade de quadrinista; que a terra lhe seja leve.

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Mensagem por E.R » 01 Dez 2022, 21:04

NOTÍCIAS
https://oglobo.globo.com/rio/bairros/ti ... rica.ghtml

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Com boas atuações que variavam do acanhado campo do Andaraí à opulência do Maracanã, Edu Coimbra chegou à seleção brasileira como jogador e, posteriormente, como técnico.

Maior artilheiro da história do América, com 211 gols marcados, ponta de lança, transformado em meia no fim da carreira, terá sua história contada no livro biográfico "Edu Extraordinário", do jornalista catarinense Sílvio Köhler.

O irmão de Zico é considerado um dos maiores ídolos da história do América.
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Mensagem por Chapolin Gremista » 02 Dez 2022, 01:15

NOTÍCIAS
A DONZELA E O MONSTRO
Uma opinião polêmica sobre Lolita, de Vladimir Nabokov
Um romance sobre tragédia e loucura

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Romance sobre a loucura e a tragédia. Humbert Humbert, um personagem autor, conta em seu diário a história da sua vida amorosa. A trágica morte da mãe, atingida por um raio. E a morte de seu primeiro amor, também na infância.

Depois de tais acontecimentos, o decorrer de sua vida passa como quem dorme e segue passos soltos. Guiado por uma jornada sem propósito, ele estuda, faz ensaios sobre literatura francesa para ingleses e atinge algum reconhecimento. O vazio, contudo, leva sua vida amorosa ao mero flertar com os prazeres de prostitutas. Sem envolvimento sério, ou sentimentos de apego por nenhuma pessoa.

Em um momento da história, há um ponto de inflexão quando conhece uma meretriz de tez juvenil, a qual traz-lhe a vida por alguns instantes. É uma paixão fugaz, mas inicia a sua descoberta sobre as suas preferências amorosas.

A descoberta pela loucura ao amor juvenil o coloca em situações de risco. Esse ainda não era o momento do auge de sua loucura. Dessa forma, ele opta por um casamento medíocre com uma francesa. Esse acaba de forma quase cômica. Uma traição da mulher confessada. A conversa com o amante. E a raiva incontida no meio do coração de um Humbert, mais uma vez, traído pelo amor.

O monstro de Humbert cresce a cada passo trágico de sua vida. E a busca pelo amor das jovens ninfetas passa a ser o seu único prazer. Essa loucura o leva a se internar diversas vezes em sanatórios e, mesmo, viajar para o ártico.

Tudo muda, contudo, quando, em uma viagem para Ramsdale, já estando nos Estados Unidos, ele conhece a jovem Dolores Haze. A chamada Lolita passa a ser objeto exclusivo de seu fascínio. Ele mora alguns meses como hóspede na casa de Charlotte, a mãe viúva de Lolita. Ali, a loucura aumenta como patas de aranha que executam um plano frio pela sua presa, por uma teia de conjecturas obscuras.

A morte da mãe, a estranha adoção, as viagens, o primeiro ato. Um monstro que encarcera a donzela em seu amor maluco. Dessa forma, se passam os próximos dois anos, até o plano e a fuga.

Lolita, donzela impura, cuja inocência a fez perder a infância. Se apaixona pelo próprio tio. Que tira a amada para todo o sempre dos braços de Humbert. A busca contínua e o trabalho de detetive, não são suficientes. Já era tarde. Lolita não pertencia mais ao velho Humbert.

O fim fecha a história como ela se inicia. A morte e a loucura permeiam todo o livro. Uma tragédia que, em 1500, seria tratada como cavalaria, mas em 1950 é um caso devasso de pedofilia e incesto.

Os primeiros capítulos, levaram o livro a não ser aceito pela maioria das editoras. Nabokov, apesar de russo, só conseguiu publicar o seu livro em uma editora de temas pornográficos nos Estados Unidos. Apesar disso, como o próprio autor diz, o livro não é sobre sexo. Alguns anos se passaram para a história ser reconhecida como um clássico da literatura universal. “A única história de amor convincente de nosso século”, segundo Vanity Fair.

https://causaoperaria.org.br/2022/uma-o ... r-nabokov/
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Mensagem por E.R » 04 Dez 2022, 13:27

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Mensagem por E.R » 05 Dez 2022, 22:17

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O ESTADO DE S.PAULO

Na reta final para concluir sua recuperação judicial, que se arrasta desde 2018, a rede de livrarias Saraiva vai tirar uma carta há muito tempo guardada na manga com o objetivo de retomar confiança do mercado. Em um projeto que vem sendo gestado nos últimos meses, a companhia está na reta final para relançar a marca Siciliano, que já foi uma das maiores livrarias do Brasil, adquirida pela Saraiva em 2008.

A decisão de reviver a Siciliano tem a ideia de mostrar que a companhia segue no jogo, sendo capaz de se reinventar e de ter uma subsidiária saudável sob o seu guarda-chuva.

Para levar o plano a cabo, no entanto, será necessário buscar um investidor para a empreitada, uma vez que a Saraiva hoje não tem fôlego financeiro. “A ideia é preservar a independência da nova empresa, já que a Saraiva possui passivos da recuperação judicial. Ou seja: não haverá contaminação”, explica o presidente da Saraiva, Marcos Guedes.

A nova Siciliano deverá funcionar no sistema de franquias. E o plano de negócios está sendo desenhado pelo especialista em franchising Marcelo Cherto. “Serão 8 lojas no primeiro ano, 18 no segundo e 30 no terceiro. A meta é alcançar 80 lojas em cinco anos”, afirma Marcos Guedes, que está aguardando a conclusão do plano de viabilidade para apresentar a ideia a investidores.

Das lojas previstas, a projeção é que 50% sejam novas e a outra parte venha de livrarias independentes que vão migrar para o nome Siciliano. A marca, incluindo seu design, não será a mesma da antiga rede de livrarias. Vai ganhar cara nova e terá semelhanças com o logo da Saraiva.

E a empresa não tem a ambição de entrar na briga por regiões mais concorridas, como a cidade de São Paulo, mas sim de atuar nas chamadas áreas secundárias, como o interior. Em seu auge a Saraiva teve mais de cem livrarias, sendo presença certa nos principais shoppings de São Paulo.

A rede de franquias da Siciliano será, na prática, uma subsidiária não integral da Saraiva. “O crescimento da Saraiva é mais lento, tem um carrego muito grande. Ela será beneficiada com dividendos dessa nova companhia, com diluição de custos administrativos”, afirma o executivo.

Além desses ganhos, Marcos Guedes diz que, mesmo não ajudando a “empresa-mãe” diretamente, a Siciliano coloca novamente a Saraiva no ponto de atenção do mercado. Isso significa ter mais escala na compra de livros e poder de barganha com fornecedores.

Além dessa nova estratégia, a Saraiva voltou, após cinco anos de enxugamento, a abrir uma nova unidade no Shopping Aricanduva, em São Paulo. Marcos Guedes afirmou que as lojas da Saraiva tendem a ser menores e com mais presença de itens de papelaria.

Especialista no setor editorial, Eduardo Villela diz que a estratégia da Saraiva permitirá crescimento em número de lojas, mas com desembolso a cargo do franqueado. O especialista lembra que o sistema de franquias já é usado pela Nobel – o que prova a possível viabilidade dos planos da Saraiva para a Siciliano.

A Saraiva comprou a Siciliano em 2008, mas foi aos poucos abandonando a marca.
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Mensagem por E.R » 08 Dez 2022, 02:47

NOTÍCIAS
https://www.publishnews.com.br/materias ... -no-brasil

A Flip 2022 terminou em novembro de 2022.

Foram 26 eventos entre debates, lançamentos, apresentações artísticas e painéis falando sobre os assuntos mais relevantes do mercado editorial.

O primeiro debate escolhido foi um de grande importância para a indústria do livro. O futuro da Lei Cortez e do preço do livro no Brasil.

A Lei Cortez prevê que no primeiro ano de vida do livro – o livro pode ter um desconto máximo de 10%, medida que ajudaria na bibliodiversidade e ajudaria as livrarias na competição de players como a Amazon.

Falaram sobre como o projeto de lei prevê que todo livro sob edição nacional receba uma precificação única em até um ano do lançamento.

Os debatedores se mostraram otimistas com a possibilidade de que a Lei seja aprovada em breve. Desde julho de 2022, a Lei se encontra pronta para a pauta na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal.

“Para o grande público, a primeira reação ao saber da Lei é a de que seria um controle de preços pelo Estado”, disse Martins Fontes, diretor-executivo da WMF, dono da livraria Martins Fontes Paulista e vice-presidente financeiro da Associação Nacional de Livrarias (ANL). “E aí é um ‘tô fora’. Mas o buraco é muito mais embaixo, a discussão é muito mais profunda. A pergunta de verdade é : queremos mais ou menos livrarias nas cidades ?” Para ele, é mais importante realizar uma comunicação com os parlamentares envolvidos no trâmite da Lei do que um convencimento do público geral.

“É necessário preservar a bibliodiversidade”, afirmou Roberta Machado, diretora de comunicações do SNEL e vice-presidente do Grupo Editorial Record. “Não estamos inventando nada, vários outros países adotaram leis como esta, não fere a livre concorrência. Às vezes a conversa de intervenção estatal gera ruído, mas é só uma pequena parcela do mercado”.
Estão querendo livros mais caros, certamente menos gente vai comprá-los.
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Mensagem por E.R » 13 Dez 2022, 07:30

NOTÍCIAS
O ESTADO DE S.PAULO

Um anúncio de remédio contra cólica criado por Di Cavalcanti em meados de 1918 é apenas um dos achados do livro “Publicidade Brasileira – Os Primeiros 110 anos (1808 – 1918)”, escrito e organizado pelo arquiteto e publicitário Geraldo Alonso Filho.

A obra começa com a chegada da Família Real ao Brasil. “No princípio, tínhamos basicamente anúncios dos fornecedores do império – que usavam o brasão imperial nas propagandas”. Destaque para a história das primeiras agências de publicidade no país.
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Mensagem por E.R » 17 Dez 2022, 19:33

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Morreu hoje aos 85 anos a escritora Nélida Piñon, que já foi presidente da Academia Brasileira de Letras.
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Mensagem por E.R » 18 Dez 2022, 00:09

NOTÍCIAS
https://oglobo.globo.com/blogs/lauro-ja ... nada.ghtml

O romance “Os Trabalhadores do Mar”, do francês Victor Hugo, vai ganhar uma versão repaginada este mês pela Editora Almedina Brasil.

A obra do autor de “Os Miseráveis” foi publicada originalmente em 1866 e traduzida para o português por ninguém menos que Machado de Assis.
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Mensagem por E.R » 22 Dez 2022, 00:57

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https://oglobo.globo.com/cultura/livros ... sobe.ghtml

Realizada no mês passado (e no meio de uma Copa do Mundo), a Black Friday deste ano frustrou o mercado editorial brasileiro.

Entre 8 de novembro e 5 de dezembro de 2022, foram vendidos 5,19 milhões de livros, 8,78% a menos do que no mesmo período de 2021 (5,689 milhões).

O faturamento caiu 1,39% : R$ 213,78 milhões contra R$ 216,8 milhões no ano passado.

Já o preço médio do livro subiu 8,11% e atingiu R$ 41,20.

Os dados são do Painel do Varejo de Livros no Brasil, pesquisa mensal realizada pela Nielsen Book e divulgada, nesta quarta-feira (21), pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).

Do janeiro até o início de dezembro, o faturamento do mercado editorial cresceu 7,56% (R$ 2,27 bilhões contra R$ 2,11 bilhões no ano passado). O aumento da venda de livros foi mais modesto : 2,64% (52,84 milhões de exemplares comercializados contra 51,48 milhões em 2021).

Presidente do SNEL, Dante Cid acredita que o ano terminará em "empate técnico". "Torna-se clara a desaceleração que vem ocorrendo ao longo de 2022, em vista da redução do poder de compra das famílias e da pressão dos preços dos insumos na cadeia produtiva. O único alento é que o ano-base de comparação foi excelente, o que suaviza a sensação deste 'empate técnico' entre a variação do faturamento e a inflação do período", disse, em nota. 
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Mensagem por E.R » 25 Dez 2022, 07:40

NOTÍCIAS
https://oglobo.globo.com/blogs/ancelmo- ... afia.ghtml

A editora Record vai lançar a autobiografia da Mônica, que inspirou a personagem do pai dela, Mauricio de Sousa, em 1963.

O livro é sobre a trajetória dela como empresária e sobre a personagem, que faz 60 anos no ano que vem.
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Mensagem por E.R » 06 Jan 2023, 04:58

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https://oglobo.globo.com/economia/negoc ... lego.ghtml

O setor de livrarias se recuperou no Brasil. Dados da Associação Nacional de Livrarias (ANL) apontam que, entre abril de 2021 e novembro de 2022, surgiram cem novas livrarias no país.

Hoje, há cerca de 2.700 livrarias no Brasil.

Para fazer frente aos preços competitivos do e-commerce, os livreiros menores recorrem a lançamentos, clubes de leitura, debates, criação de conteúdo digital, curadoria e oferta de espaços acolhedores.

O editor e diretor institucional da ANL, Bernardo Gurbanov, o setor falou sobre o assunto :

— É fruto de uma crise que houve em 2018, com os problemas que as redes Saraiva e Cultura tiveram.  A livraria é vista como um espaço de encontro, de promoção de eventos.

Até 7 de novembro de 2022, o saldo de vendas no ano era de 47,65 milhões de livros, alta de 4% em relação ao mesmo período de 2021, que já havia sido melhor do que 2020. 

O faturamento totalizou R$ 2,06 bilhões, avanço de 8,59% na base anual, segundo dados do 11º Painel do Varejo de Livros no Brasil em 2022, levantamento da Nielsen Book do Brasil para o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel).

Uma das redes que conseguiu crescer, apesar das dificuldades do mercado, foi a Livraria Leitura. Fundada em 1967 em Belo Horizonte, a rede saltou de 67 lojas há três anos para 99 lojas ao final de 2022. Em 2023, prevê abrir mais cinco unidades.

Uma das estratégias da Leitura é a descentralização, tanto territorial, com lojas fora do eixo Rio-São Paulo, quanto de administração. A empresa convida gerentes que se destacam para abrir, como sócios, novas unidades, de preferência onde há pouca concorrência. Esses sócios têm ampla liberdade para moldar a livraria ao gosto da clientela da região.

— Esse gerente tem um mínimo de 10% e máximo de 49% de participação. A maior parte do controle acionário fica na família. A Leitura era uma empresa que não tinha dívidas e, com os próprios sócios trabalhando, conseguiu crescer mesmo em momentos ruins de mercado — afirma o presidente da Livraria Leitura e da ANL, Marcus Teles.

Depois de crescer em Brasília e nas regiões Norte e Nordeste, a rede Leitura decidiu aproveitar oportunidades no Rio de Janeiro e São Paulo, com foco em lojas de tamanho intermediário, entre 300 e 500 metros quadrados.

Outra que vem crescendo é a Livraria da Vila. Já conhecida do público paulistano, a Vila saltou de 10 para 18 lojas nos últimos três anos, incluindo uma unidade em Brasília.

O presidente da Livraria da Vila, Samuel Seibel, falou sobre o assunto.

— Tivemos de aprender a trabalhar de outra maneira, fora do espaço físico, com as vendas on-line e atendendo o cliente por WhatsApp — conta Samuel Seibel.

Tanto a Leitura como a Vila aproveitaram o espaço deixado por grandes redes, como Saraiva e Cultura. 

No Centro do Rio de Janeiro, por exemplo, uma antiga Saraiva Megastore é hoje uma unidade da Leitura.

Em recuperação judicial desde 2018, a Saraiva fez uma reestruturação em 2021 a fim de estabilizar seu caixa. Das 73 lojas existentes em 2020, ficaram 33 lojas em 2022.

De acordo com o CEO da Saraiva, Marcos Guedes, a empresa tem buscado capital para melhorar seu sortimento de livros. Além da redução no número de lojas, a rede hoje ocupa espaços menores, de 200 a 300 metros quadrados, e fora dos shoppings e do eixo Rio-São Paulo.

A Saraiva também vai relançar a marca Siciliano, que comprou em 2008. A nova empresa será e funcionará com sistema de franquias. A expectativa é ter 80 lojas nos primeiros anos, entre espaços novos e conversões.

— Essa nova companhia tem o objetivo de trazer para a ponta, para as pequenas cidades, tecnologia e capacidade de acervo, além de um contrato direto com a editora, não através das distribuidoras. Uma livraria menor em uma cidade pequena às vezes não sabe o que foi lançado e não tem acesso direto às editoras. Ela não sabe que editora atende melhor a região dela — diz Marcos Guedes.

Ele explica que a saída da recuperação judicial ainda depende de processos pendentes na Justiça, mas que pode ocorrer em meados deste ano :

— A loja vende bem, mas a capacidade financeira da Saraiva limita o aumento do acervo. Estamos buscando um investidor, uma linha de crédito para melhorar a situação financeira de curto prazo.
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