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Flamengo e Vasco negociam com a prefeitura do Rio de Janeiro a autorização de obras e se seus planos se concretizarem poderão ter estádios separados por poucos quilômetros.
O Flamengo deseja comprar um terreno na altura do viaduto do Gasômetro, em São Cristóvão.
Já o Vasco aguarda avançar na Câmara do Rio de Janeiro um projeto de lei de ampliação da capacidade de São Januário.
O Flamengo não fala abertamente sobre a negociação e jamais apresentou publicamente um projeto de estádio — não se sabe, por exemplo, quanto de capacidade a arena teria — mas busca a ajuda do prefeito Eduardo Paes (PSD) para viabilizar a compra.
O terreno tem 86.592 m² e é de propriedade do fundo de investimento mobiliário do Porto Maravilha, gerido pela Caixa.
A prefeitura comprou parte do terreno da Caixa para a construção do terminal Gentileza, conexão entre ônibus, VLT e BRT, inaugurado em março.
Mas o desejo do Flamengo tem obstáculos. O preço do terreno é um deles, pois o fundo da Caixa pede mais de R$ 2.000 por metro quadrado.
A Caixa afirmou em nota que os ativos do fundo estão disponíveis e que dialoga com o mercado, mas não comentou o interesse do Flamengo.
Outro obstáculo é a contaminação do solo do terreno no Gasômetro com níveis altos de metais pesados.
Em reunião recente com o Eduardo Paes, o Flamengo apresentou a ideia de ceder o potencial construtivo da sede da Gávea, localizada, na verdade, na Lagoa, para reduzir o custo do terreno do Gasômetro.
O deputado federal Pedro Paulo (PSD) se considera um padrinho político da ideia e diz que deseja fazer a "Cidade do Flamengo" na região próxima ao Porto Maravilha.
"Existe uma vocação de entretenimento ali. Poderíamos criar potencial de turismo fazendo uma espécie de distrito do futebol, com um polo de museus. Teríamos um triângulo onde estão também o Maracanã e São Januário", afirmou o deputado federal.
Ex-presidente do Flamengo entre 2013 a 2018, o deputado federal Eduardo Bandeira de Mello (PSB) associa a pressa do clube em adquirir o terreno ao ano eleitoral. Eduardo Bandeira de Mello é oposição ao grupo de Rodolfo Landim no Flamengo. A eleição no clube acontece em dezembro.
"Enquanto estive na presidência do Flamengo chegamos a avaliar este terreno e havia dificuldades. É preciso que haja um estudo sério, estruturado, com transparência. O que eu acho que não faz sentido é fazer algo às pressas para ganhar uma eleição ou forçar a criação de uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol)", afirma o parlamentar.
Em paralelo, Flamengo e Vasco batalham na licitação para concessão do Maracanã. Flamengo e Fluminense, atuais permissionários, apresentaram proposta que concorre com a parceria entre Vasco e a construtora W Torre.
O Vasco também aguarda a aprovação do projeto de lei para reformar São Januário, inaugurado em 1927. O Executivo enviou à Câmara do Rio de Janeiro uma autorização de operação urbana consorciada.
A reforma de São Januário e do entorno são viabilizadas. As intervenções serão acompanhadas por um conselho consultivo formado por dirigentes do Vasco, vereador, representantes da prefeitura e de associações de moradores.
O projeto prevê a ampliação da capacidade de São Januário de 22 mil para 47 mil .
Cadeiras vão ser trocadas, camarotes serão ampliados e as marquises reformadas.
O projeto arquitetônico prevê a preservação da fachada e da tribuna, onde o ex-presidente da República Getúlio Vargas discursou em cinco eventos do dia 1° de maio.
O Vasco deseja ainda a construção de uma ligação de pedestres de São Januário até a estação de BRT Vasco da Gama, na avenida Brasil.
O projeto está com tramitação atrasada na Câmara do Rio de Janeiro. O texto precisa ser analisado por 17 comissões até entrar na pauta de votação, em dois turnos.
O vereador Pedro Duarte (Novo) é a favor da reforma de São Januário, mas pede alterações no texto. Para Pedro Duarte, vereador declaradamente torcedor do Vasco, é preciso mudar o trecho que vincula a liberação do potencial construtivo ao avanço da obra: o Vasco só poderia receber 50% da venda, por exemplo, se tiver com 40% da reforma concluída.
"Se uma empresa quisesse comprar metade do potencial de uma vez para lançar um grande condomínio, o Vasco não poderia fazer a transferência. Isso atrapalharia as obras e o fluxo de caixa do clube. O modelo de governança não pode dificultar o fluxo."