Londrina negocia com a SM Sports o fim da gestão e pode reassumir o futebol; veja os detalhes
Contrato da SM Sports vai até 2025, mas acordo entre as partes pode resultar em uma rescisão
O Londrina caminha para ter mudanças no comando para 2024. A presidência do LEC negocia com a SM Sports, gestora de futebol, a rescisão do contrato, que vale até o fim de 2025. Com isso, o clube voltaria a comandar o futebol em 2024, após 13 anos de gestão.
As duas partes ainda buscam acertar alguns detalhes para essa transição, mas há um sinal positivo para esse cenário. Caso seja confirmado, o Londrina assumiria a montagem do time para o Campeonato Paranaense e a Série C do Brasileiro.
- Entre Londrina e SM, nós estamos conversando, tocando os assuntos sobre o contrato. O Sergio [Malucelli, gestor] tem interesse de encerrar a gestão, o Londrina tem interesse em assumir o futebol - disse o presidente do LEC, Getúlio Castilho, em entrevista ao ge.
Na negociação, uma possibilidade é de os jogadores que estão vinculados com a SM Sports fiquem para 2024. Outro ponto é sobre a utilização do CT da SM Sports, ao menos até o fim do estadual. O Londrina não tem um centro de treinamentos neste momento, contando apenas com o estádio Vitorino Gonçalves Dias (VGD) como possível local para as atividades.
- Caso ocorra essa rescisão, a gente tocar o Paranaense e fazer um contrato de aluguel com o Sergio pelo CT. O Londrina não tem um local para realmente treinar. Caso venha acontecer, o Sergio sinalizou que o CT fica à disposição - explicou Castilho.
Enquanto isso, o Londrina busca definir a situação da SAF para o meio do ano que vem. O clube vai atrás de um parceiro ou investidor.
- Estamos trabalhando a SAF, mas não é simples. O estatuto ficou pronto agora e ainda vai passar pela votação em assembleia. A gente quer fazer uma SAF para, caso tenha a rescisão, a gente consiga trazer um investidor. A SAF não é a solução dos problemas. A gente vê o Coritiba, o Vasco, o Cruzeiro, todos brigando contra o rebaixamento. Os clubes estavam endividados, e a SAF veio para resolver o problema em parte. Tem que saber gerenciar a SAF - comentou o presidente do LEC.
Dívidas e valores da Liga Forte
Outro ponto que está sendo debatido é referente à dívida que a SM Sports tem com o Londrina, por repasses que não foram feitos ao clube nos últimos anos, conforme estipulado em contrato, e outros débitos. Esse valor total gira em torno de R$ 15 milhões
O Londrina já assumiu os salários atrasados dos jogadores que disputaram a Série B. Um mês foi acertado, e outros dois meses que estão em dívida devem ser quitados posteriormente. Esses valores eram de responsabilidade da SM Sports.
Há também o impasse entre Londrina e SM Sports sobre o valor recebido da Liga Forte, da venda de parte dos direitos de transmissão do Brasileirão para os próximos 50 anos. O total que o LEC vai receber é de R$ 33 milhões, com R$ 8,2 milhões já liberados agora.
Tanto o clube quanto a gestão do futebol alegam ter direito de receber esse dinheiro. A SM Sports ganhou recentemente uma liminar na Justiça, que bloqueou 90% do valor até que a situação fosse definida. Os outros 10% já foram recebidos pelo Londrina.
Em campo, o Londrina vai disputar a Série C do Brasileiro em 2024 após amargar o rebaixamento na Série B deste ano. O LEC abriu mão de disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior e não conseguiu vaga na Copa do Brasil, tendo assim apenas o estadual no começo do ano.
- Com o pouco de recurso que a gente tem, com o dinheiro da Liga, o Londrina para o Paranaense e a Série C consegue administrar bem. Temos que administrar o que temos. Vai depender de como vai ser feito para trazer o torcedor, vender patrocínio. Se a gente assumir o futebol, tem que correr atrás, a responsabilidade é maior, não tem como escapar - destacou o presidente do Londrina.
O ge tentou contato com o gestor de futebol do Londrina, Sergio Malucelli, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Gestão do futebol
O Londrina tem a SM Sports como gestora do futebol desde 2011. A parceria iniciou quando o clube estava sob intervenção da Justiça do Trabalho por causa de dívidas trabalhistas e ficou perto até mesmo de encerrar as atividades por isso.
Após o fim do primeiro contrato, em 2020, o Londrina renovou com a SM Sports até 2025, depois de o gestor chegar a sinalizar que deixaria o clube.
A SM Sports assumiu com o Londrina na segunda divisão do Paranaense. Conquistou o título e o acesso já no primeiro ano, em 2011, e depois colocou o time de volta ao cenário nacional em 2013, com a disputa da Série D do Brasileiro.
Em 2014, o LEC voltou a ser campeão paranaense após 22 anos de jejum. No mesmo ano, começou uma sequência de acessos no Brasileiro, primeiro à Série C e depois à Série B. O Tubarão foi ainda campeão da Primeira Liga, em 2017, e voltou a conquistar o estadual em 2021. Por outro lado, nos últimos quatro anos foram dois rebaixamentos à Série C.
Nos últimos anos, a gestão do futebol encontrou dificuldades, começando pelo rebaixamento à Série C, em 2019, e depois com a pandemia, já no ano seguinte. Os resultados em campo, atrasos de salário e o torcedor distante do Estádio do Café acabaram complicando a relação entre Londrina e SM Sports.
No atual contrato, a SM Sports cuida do futebol profissional e das categorias de base. O clube recebe da gestora 10% das receitas, com o time na Série B. Na Série C ou D, esse percentual cai para 5%. Se fosse na Série A, o repasse seria de 12,5%.
Neste período, o Londrina, como clube, aproveitou para sanar a maior parte das dívidas que tinha. Foram cerca de R$ 8 milhões de dívidas trabalhistas quitadas, além de grande parte de outros R$ 10 milhões de dívida federal e outros valores em aberto.
Segundo a presidência do Londrina, as pendências atuais estão em torno de R$ 12 milhões, sendo a grande parte deste valor por causa de uma ação civil pública de 1998, com o clube devendo para o Município de Londrina.
Ofertas para SAF
Em março, Sergio Malucelli apresentou ao Londrina uma proposta de um grupo russo para a compra da SAF, mas as conversas não evoluíram. O valor seria em pouco mais de R$ 100 milhões.
Em outubro, o dirigente encaminhou ao clube outro interesse para aquisição da SAF, desta vez de um grupo dos Estados Unidos. A proposta giraria em torno de 26 milhões de dólares (R$ 130 milhões na cotação atual), com a aquisição do CT da SM Sports inclusa no total.