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Quase sete meses após a primeira previsão de inauguração, o estádio do Pacaembu – agora chamado de Mercado Livre Arena Pacaembu – continua sem uma data para seu primeiro jogo oficial.
Adiamentos e problemas ao longo das obras explicam o atraso para que o estádio volte a receber público oficialmente.
Mesmo assim, existe a possibilidade de ele ser reinaugurado e receber jogos ainda em 2024.
Nesta semana, por exemplo, foi detectada uma rachadura em um dos pilares da torre de iluminação do estádio. Trata-se de uma acomodação natural do solo, sem trazer danos estruturais às obras e ao Pacaembu. Em nota, a Concessionária Allegra Pacaembu afirmou que tal rachadura não traz nenhum dano estrutural ao complexo do Pacaembu.
“A Concessionária Allegra Pacaembu informa que foi constatado um recalque diferencial no piso da rua Itápolis. Embora esse recalque seja mais visível na base de uma das torres de iluminação do estádio, as análises geotécnicas não indicaram, até o momento, qualquer alteração das estruturas pertencentes ao Complexo do Pacaembu”, disse a concessionária.
Ocorreu uma análise geotécnica para garantir que a rachadura não preocupa a continuidade das obras e integridade do estádio. Não foi detectada uma causa específica para essa acomodação. Isto pode ocorrer devido a uma série de fatores, como pressão, tensão ou mudança de volume – e ocasiona os danos na pilastra da torre de iluminação.
Esta torre está localizada na rua Itápolis, onde fica a arquibancada leste no novo estádio.
Em função das obras, tanto da arena quando da Linha 6 laranja do metrô de São Paulo, ela chegou a ser fechada. Depois da análise de especialistas, o pilar com a rachadura foi protegido por tapumes e placas.
Essas obras do metrô já foram, inclusive, motivo de conflito recente entre a Concessionária Allegra Pacaembu, responsável pelas reformas no estádio, e a Linha Uni, encarregada pelas obras do transporte público.
Não há confirmação de que este novo problema tenha relação com quaisquer uma das obras. Há mais de um ano, os engenheiros do Pacaembu não estão mais realizando escavações no solo – fato que poderia explicar as rachaduras.
Ainda que não tenha uma hipótese definida, a reportagem do Estadão apurou que a Concessionária Allegra Pacaembu analisa a possibilidade de notificar a Linha Uni. O fato de serem fraturas ‘semelhantes’ sinaliza de que há a possibilidade de que elas sejam causadas pelas obras no metrô.
Em junho, a intervenção da estação FAAP/Pacaembu, da Linha 6 - Laranja estaria afetando diretamente as arquibancadas do Pacaembu, o que ocasionaria riscos.
A Linha Uni negou as acusações à época. Ainda foram detectadas trincas em pilares do Museu do Futebol e vitrais da FAAP quebrados, próximo aos locais da obra.
Na época, a Concessionária Allegra Pacaembu afirmou que alertou a Linha Uni sobre as preocupações, que respondeu com “uma série de ilações e afirmações falaciosas sobre o andamento das obras de reforma, modernização e restauro do Pacaembu”.
A Linha Uni, por sua vez, alegou que “não havia qualquer relação entre as obras da Linha 6-Laranja de metrô e os alegados problemas estruturais do estádio” do Pacaembu.
Em junho, a Concessionária Allegra Pacaembu previa que o estádio, o centro de tênis e a piscina olímpica seriam entregues para a prefeitura. Ela realizou vistorias para checar os últimos detalhes e permitir que o local recebesse eventos – o mais esperado sendo a primeira partida oficial no estádio.
Tanto a Concessionária Allegra Pacaembu, quanto prefeitura, trabalham com a possibilidade de reinaugurar o estádio ainda neste ano. Após análise, o órgão devolveu à concessionária o parecer, com mais de 200 páginas sobre a análise das obras – e o que ainda precisa ser feito para a liberação do Complexo de fato e a entrega do termo de aceitação da reforma, no qual considera que a Allegra cumpriu com suas obrigações em relação ao que estava proposto nas obrigações do termo de concessão.
“O que eu posso garantir é que esse contrato, e qualquer outro contrato da prefeitura, vai seguir rigorosamente o que está previsto nos contratos, inclusive nesse caso em especial teve junto ao TCM uma reunião para ter uma discussão sobre o tema”, afirmou Ricardo Nunes, ao Estadão. “Se existe alguma questão de rachadura, nossos engenheiros vão fazer o laudo, eles vão ser responsabilizados sobre isso”.
Pelo que a reportagem apurou, o planejamento é entregar, nesta fase de correções e complementos ao relatório técnico, as piscinas, quadras de tênis e estádio. Hotel e ginásio, previstos no projeto inicial, devem ter suas obras finalizadas somente após a reinauguração, já que não são obrigatórios para a liberação do espaço.
Santos e São Paulo sinalizaram e assinaram junto com a concessionária a intenção de mandar partidas no estádio assim que ele for reaberto.
Marcelo Teixeira, presidente do Santos, garantiu o desejo de que o Pacaembu seja a segunda casa do Santos, assim que ele estiver disponível para receber partidas oficialmente.
“Ainda não tem prazo para o Pacaembu. Ficou claro isso. Já há o número de jogos, independentemente de outros clubes (interessados). O Santos quer que o Pacaembu seja uma segunda casa e talvez a primeira se já tiver o início da obra da Vila Belmiro, afirmou o mandatário.
“Sobre os supostos ‘atrasos’ da reforma, a Concessionária ressalta que, até a etapa atual, foram cumpridos todos os prazos da cláusula de entrega de obras obrigatórias, conforme previstos no Contrato de Concessão. Neste momento, transcorre-se o prazo previsto de 90 dias para implementação das correções apontadas pelos técnicos da SEME”, diz a Concessionária Allegra Pacaembu, em nota.
Com expectativas, tanto da Concessionária Allegra Pacaembu quanto do prefeito Ricardo Nunes, que concorre à reeleição para a prefeitura de São Paulo, o estádio pode ser reaberto ainda este ano com uma partida oficial. São Paulo e Cruzeiro têm interesse no Pacaembu em função dos empréstimos de suas casas para shows, enquanto o Santos quer se aproximar da torcida na capital do Estado – em especial caso as obras da Vila Belmiro comecem em um futuro próximo.
Não existe, no entanto, a definição de qual seria o clube que ‘estrearia’ o Pacaembu, já que para isso seria necessário uma negociação, sobre qual jogo os mandantes cederiam para atuar na arena. Sem um prazo definido para reabertura, não há como cravar qual seria este jogo.