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A US Soccer, a federação americana de futebol, convidou as 10 seleções sul-americanas para um novo torneio junto com seleções da Concacaf em 2020.
É mais uma proposta de união de seleções da Concacaf e Conmebol depois da Copa América Centenário em 2016, realizada nos Estados Unidos e que foi um sucesso financeiro para organizadores e seleções.
A realização seria paralela à Eurocopa, em julho e julho do próximo ano.
É mais um passo rumo à aproximação entre seleções da Concacaf e Conmebol, que já tiveram tantas vezes participações em torneios uns dos outros, seja por clubes, seja por seleções.
Um dos pontos mais importantes da proposta inclui um pacote de US$ 200 milhões em garantias para os times convidados e suas confederações. O convite foi feito em carta enviada pelo presidente da US Soccer, Carlos Cordeiro, às seleções sul-americanas, segundo informou o New York Times.
Esse é só um novo passo em direção a algo que já tem acontecido. No último ano, dirigentes de futebol de várias seleções das Américas discutem a criação de um torneio a cada quatro anos com times da Concacaf e Conmebol.
Sem acordo, a US Soccer, decidida a criar uma competição que preencheria o calendário e com uma tentadora proposta financeira com nove dígitos, tomou a frente para fazer acontecer o torneio.
Na carta enviada aos dirigentes sul-americanos, Carlos Cordeiro diz que a US Soccer garante o novo evento e cada seleção, além das confederações, milhões de dólares em pagamentos por jogos, viagens subsidiadas e bônus para cada ponto conquistado. Cada seleção receberia US$ 4 milhões para participar do torneio; mais US$ 225 mil por ponto conquistado; e mais US$ 5 milhões para quem for o campeão.
O formato do torneio seria similar à Copa América Centenário 2016, embora o nome, segundo o New York Times, deve ser diferente. O torneio foi considerado um sucesso financeiro e esportivo e, por isso, as conversas para repetir a ideia acontecem cada vez mais. O papel da US Soccer será fundamental para a realização do torneio, assim como o consentimento da Concacaf, confederação de futebol da região, já que o torneio seria no seu território, os Estados Unidos.
Como esperado, a Concacaf divulgou nota sobre o assunto e mostrando apoio à ideia. “Nós vemos esta oportunidade de forma positiva e não tem a intenção de substituir qualquer futura edição da Copa Ouro e complementa nossa visão ara continuar oferecendo oportunidade para nossos membros de jogar futebol competitivo no mais alto nível”, diz o comunicado.
Um rascunho da carta que o New York Times teve acesso diz que a ideia não é substituir a Copa América e a Copa Ouro, que continuariam sendo disputadas normalmente. A Copa Ouro é disputada em anos ímpares, a cada dois anos. Em 2019, o torneio terá jogos nos Estados Unidos, Costa Rica e ao menos mais um país do Caribe.
A Conmebol quer transferir a Copa América para anos pares, sendo paralela à Eurocopa. Por isso, ainda não se sabe qual será a reação dos sul-americanos a essa ideia.
Há uma ideia engarrafada de unir mais Concacaf e Conmebol em torneios de seleções, como esse proposto, mas vai além disso. Dirigentes das duas confederações veem com bons olhos a participação de clubes da América do Norte na Libertadores, por exemplo, como o México jogou por vários anos.
Ainda estamos em um ponto bastante inicial, mas está em um caminho para que as duas confederações se unam cada vez mais. O que impede que isso aconteça ? Disputa de poder. Os dirigentes da Conmebol acreditam que esse torneio de seleções organizado pelos americanos pode dar muito poder à Concacaf. Essa é uma disputa muito pesada de poder, mas uma união das duas confederações faria sentido. Uma Confederação das Américas de Futebol poderia existir, acima de ambas, com Conmebol e Concacaf como confederações regionais – assim como a Ásia, por exemplo, possui confederações regionais, como a do Oriente Médio, do Sudoeste da Ásia e por aí vai.
O problema político para unir Conmebol e Concacaf é também financeiro : como ficariam repasses da Fifa se as duas confederações se unem para competições de clubes e seleções ? Seria uma questão a ser discutida. O que pode fazer com que isso aconteça é justamente o lado financeiro. A proposta muito atraente dos americanos para um torneio em 2020 é mais um passo para um trabalho conjunto das duas confederações.
Se Conmebol e Concacaf perceberem que podem render mais, financeiramente, juntas do que separadas, isso provavelmente amenizará os problemas políticos para tornar a união possível. A Copa América Centenário de 2016 foi a semente. Em 2020, vemos mais um passo. Daí em diante, as coisas podem andar mais. Pode ser interessante em vários aspectos, tanto esportivo, quanto financeiramente para os dois lados. Tecnicamente, a Concacaf ganharia muito com a presença da Conmebol. Esta, por sua vez, teria possibilidades maiores de calendário e tornar mais atraente os seus torneios.
Em 2026, a Copa do Mundo, que será nos Estados Unidos (além de Canadá e México também, com menos jogos) terá 48 seleções. Isso praticamente torna as Eliminatórias Sul-Americana inúteis, já que se diz que o continente deve ter entre seis e sete vagas para a Copa (provavelmente seis diretas e uma disputa em repescagem). Isso torna as eliminatórias pouco atraentes como torneio e, portanto, para a TV também. Compartilhar com a Concacaf daria possibilidades como a Europa faz, já que com um grande número de seleções, seria possível fazer grupos, com repescagens internas por vagas.
Vemos como cada vez mais a Conmebol faz com que o futebol se torne mais asséptico, cheio de proibições, como, aliás, acontece em São Paulo e em tantos outros lugares do Brasil com proibições, jogos com torcida única e etc.
Nos Estados Unidos, a final da MLS teve clima sul-americano, mesmo sendo em Atlanta, de uma forma como não vimos, por exemplo, na Libertadores – que, por sinal, foi disputada em Madri. A preocupação com a característica sul-americana ser preservada é absolutamente legítima, mas certamente a Conmebol não é quem irá defender isso.
Seria interessante para o futebol que Conmebol e Concacaf se unissem, criando uma confederação acima delas. Há benefícios para ambos os lados, com muitas discussões a serem feitas, mas tem muito para ser benéfico. Há benefícios claros que poderiam ser interessantes em vários aspectos, especialmente os esportivos, mas também financeiros. Que os dirigentes sentem e conversem.