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O ESTADO DE S.PAULO
Raquetes, uma bola e muita concentração são elementos característicos do tênis, esporte que ganha novamente destaque e desperta interesse dos brasileiros depois de anos do sucesso dos tenistas Gustavo Kuerten e Maria Esther Bueno.
Pode-se dizer que a responsável pelo feito é a tenista Bia Haddad, de 27 anos, que chegou à semifinal do torneio de Roland Garros, algo que não acontecia desde 1966, e entrou no top 10 do ranking feminino.
O tênis é uma modalidade que cresce no Brasil : o país tem pelo menos 2,2 milhões de praticantes do esporte, segundo a Federação Internacional de Tênis – número que tende a aumentar após as vitórias de Bia Haddad em Paris.
O estudo mais recente do Ibope aponta que os fãs de tênis, declaradamente interessados ou altamente interessados pela modalidade, alcançam 43% da população conectada, ou mais de 51 milhões de pessoas no Brasil.
A publicação ainda mostra que o torneio de Roland Garros é o preferido dos brasileiros, interesse atribuído, segundo a pesquisa, ao sucesso de Gustavo Kuerten, tricampeão da competição. Ele ganhou nos anos de 1997, 2000 e 2001.
Para a Confederação Brasileira de Tênis (CBT), a modalidade “vem crescendo de forma exponencial no país” e a alta pode ser vista no dia a dia, com o surgimento frequente de quadras do esporte em clubes, academias e locais públicos, como na orla de Aracaju (Sergipe), no Aterro do Flamengo, no Rio, Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, Universidade de São Paulo (USP) e no Parque do Ibirapuera, na capital.
“Mesmo antes deste feito gigantesco da Bia Haddad, os indicadores relativos ao tênis no Brasil já nos mostravam uma realidade na qual existe uma grande participação e acompanhamento do público brasileiro. Ou seja, pessoas que acompanham e consomem tênis sem necessariamente praticarem. Considerando o último feito da Bia em Roland Garros, acredito que numa próxima pesquisa os números serão ainda maiores”, diz o presidente da CBT, Rafael Westrupp.
A semifinal de Roland Garros, por exemplo, em que Bia Haddad enfrentou a polonesa Iga Swiatek, foi a maior audiência de um jogo feminino de tênis de todos os tempos na TV por assinatura no Brasil. Mais de 1,4 milhão de pessoas passaram pelo canal SporTV 3. Também se tornou a maior audiência de uma partida de tênis no canal ESPN 2 no Target Total da Pay TV (desde a nova medição pelo Ibope em 2014), superando o duelo transmitido entre Roger Federer e Rafael Nadal, em 2017, na final do Australian Open. Os números mostram que o esporte gera interesse nos telespectadores brasileiros.
“A cultura do Brasil é a cultura do futebol. O tênis ainda está crescendo. Com a Bia Haddad agora fazendo história pelas vitórias e conquistas, ela está dando um ‘boom’ numa modalidade que tinha o Guga como referência. Ela é um exemplo para muitas meninas e mulheres”, opina o professor André Luis Ribeiro.
Há projetos sociais que incentivam a prática do tênis em todo o país. O Rede Tênis Brasil é responsável pelo Massificação, iniciado em 2014 com o intuito de apresentar o esporte a alunos das escolas públicas. Atua em 11 Estados e no Distrito Federal e inseriu 60 mil crianças e jovens no tênis de forma gratuita. “O custo de praticar tênis é alto e deve seguir assim. Sem iniciativas como essa, continuaria sendo para muito poucos. Queremos quebrar esse paradigma e dar oportunidade para cada vez mais crianças conhecê-lo”, diz Marcelo Motta, diretor do projeto.