Mensagem
por Tirado Alanís » 20 Nov 2023, 16:51
Pra mim é bom o mistério do terceiro pátio, e afinal, não tinha nada pra se fazer lá. Quando era preciso um personagem ir pra outro ambiente, ou um personagem não ver o outro, bastava cruzar do primeiro pro segundo e vice-versa.
A mesma coisa outras casas. Não tinha nada pra fazer nelas, não existiam moradores conhecidos, então pra que entrar?
O pátio acima da casa da Dona Florinda também. Não servia em nada pros que viviam em baixo. Até subir as escadas não faria sentido pra eles.
A casa da Dona Clotilde um dia foi imaginada pelas crianças, até brinca com o fato do interior real nunca ter aparecido, e bastou.
E é isso. O Roberto foi sucinto em fazer todas as histórias se passarem em só quatro ambientes (dois pátios, sala da Florinda e Sala do Madruga). O que apareceu além disso por acaso foi lucro.
O que importava não eram os locais pra encher os olhos, eram os roteiros pra encher a mente. Passear demais sem um texto bom seria inútil. Nisso o Roberto foi gênio. É o formato de Chaves. Brincar com infinitas possibilidades dentro de um espaço limitado.
Tudo foi explorado e rendia um episódio por vez. O tanque, a porta, a janela, a escada, o varal, a fonte, o vaso de planta, o barril, a lâmpada, o piso, a rua, a parede, a televisão, os móveis. Até a fucking caixa de fusíveis. Tudo um dia recebeu o centro das atenções.
Depois os pertences menores. O balão, a moeda, o bolo, o sapato, a garrafa. Era a graça do seriado, personagens confinados em um ambiente congelado no tempo, lidando com um pequeno material do dia a dia que ia escalonando confusões a um nível absurdo.
Se Chaves fosse só isso, sem parque, sem escola, sem cinema, sem Acapulco, já seria grandioso. Pra usar todos os cenários do mundo tem o Chapolin, que é outra proposta, outro formato, e igualmente grandioso.
Dá pra fazer até um estudo sobre isso. Um seriado é complemento do outro. Se foi intencional ou não, é a dobradinha mais incrível.