
Um ano. Já faz tanto tempo – ao mesmo tempo parece pouco – que você partiu. Lembro bem daquele dia, 20 de abril, manhã de um sábado de céu azul, com o sol raiando lá fora. E de repente, o céu se torna cinza. Como se em um segundo, tudo se transformasse. Primeiro, a incredulidade. Aquele momento em que você fica sem saber o que dizer, tentando raciocinar, colocar as ideias no lugar. E então, passa um filme pela sua cabeça. O que passou até aquele dia... E tentar imaginar como serão os dias seguintes de tua ausência.
Para mim, seria um dia de imensa alegria. O Kiko estava em Porto Alegre e faria dois shows naquele sábado. E eis que esse dia fosse o dia em que você partisse. Quero até crer que talvez fosse bom mesmo ter acontecido em um dia assim. Em que tantos fãs estivessem juntos, celebrando o show de um ator de Chaves em alguma cidade do Brasil, depois de tanto tempo. Para que isso tivesse acontecido, você teve uma participação. Você ajudou de forma grandiosa para a transformação desse nosso meio CH, das grandes conquistas que os fãs de Chaves tiveram em todos esses anos.
Como esquecer os seus vários sites. Seus vídeos. E mais do que tudo: a sua famosa e tão importante Lista de Episódios CH. Jamais um site trouxe uma lista tão completa sobre Chaves, Chapolin, Chespirito... Fruto de um trabalho que você perseguia com vigor, com paixão. Com amor.
Amor esse que estava em seu sangue. Sim, você tinha uma personalidade forte, principalmente em nome das séries CH. É verdade que incomoda muita gente se você vai fundo no que faz... Incomoda o seu caminho diferente, incomoda um ser humano singular. Mas quem te conhecia, encontrava em você amor. Não esqueço daquele dia de julho de 2011. Um dia antes do Festival SBT 30 Anos sobre Chaves, chegou uma mensagem pessoal no Fórum. Você estava me convidando para entrar no tão famoso chat. Foi algo que eu não esperava nunca. E que agradeço imensamente por ter acontecido. Ao longo desses quase dois anos de chat, pude te conhecer mais e conhecer melhor tantos outros, que tinha apenas de vista no meio CH. Rolavam muitas discussões às vezes, sim. Mas se havia uma marca naquele chat, era amor. Amor traduzido na mais pura amizade, de pessoas distantes geograficamente, mas que todos os dias se encontravam pelo MSN para conversar sobre tudo e sobre nossas paixões: CH.
Paixão essa que estava em você de forma indelével. E que te moveu ao longo desses mais de dez anos de meio CH para transformar tudo em favor dos fãs. Seu amor por CH era imenso. Você se devotava de maneira admirável às séries. Não à toa, realizou algo como a Lista CH, que é um feito que só poderia acontecer por obra de alguém que realmente amasse as séries. Como diria nosso amigo Ricardo, há que completar a Lista. E estamos tentando desde que você partiu. E vamos continuar. Enquanto o sol estiver no céu e o deserto tiver areia, enquanto as ondas quebrarem no oceano e encontrarem a terra, enquanto houver um vento as estrelas e o arco-íris, até as montanhas desmoronarem dentro da planície, nós continuaremos tentando.
Esse amor deve ser um exemplo para todos nós que amamos Chaves – e para todos que amam alguma coisa. Ou que simplesmente amam. Para mim, tem sido uma inspiração, desde muito antes de você partir. Desde aquele dia de abril, minha convicção se reforçou. É preciso amar o que se faz. Afinal, só através do amor um homem pode se encontrar com a perfeição dos sábios. Uma ambição maior, mais do que pode supor o império da razão e toda vã filosofia.
Por muito tempo depois daquele dia, senti um enorme vazio. Nunca antes tinha perdido um amigo próximo. Eu sabia que isso poderia acontecer, quando você foi internado. Mas nunca admiti que pudesse ocorrer. Eu tinha sempre a torcida e o desejo de que você voltasse para seguir conversando todos os dias conosco. E então, quando aconteceu, eu não sabia o que fazer. Foram dias difíceis, tempos tristes. Porém hoje, sinto orgulho de ter te conhecido. Sinto-me feliz com a oportunidade e a honra de ter sido seu amigo. Sinto-me admirado por ter testemunhado a sua singela obra em nosso plano terreno. E sinto uma pequena ponta de inveja, sabe? Afinal, você está aí com o Seu Madruga, com a Dona Clotilde, com o Jaiminho, com o Godinez... Eles continuam a nos fazer rir. E você continua a nos inspirar.
Enquanto escrevo essas linhas, relembro de tudo o que passou. Por dentro meu coração está se partindo. Minha maquiagem pode estar escorrendo. Mas meu sorriso permanece... Porque você existiu. E estará sempre vivo conosco. E afinal, o show deve continuar. E vamos seguir o show que você apresentou aqui, com sua obra. Sempre inspirados pelo seu amor, pela sua dedicação, pela batida do seu coração.
Obrigado por tudo. E continue a nos guiar, onde quer que esteja, meu amigo Thomas Henrique.