Mensagem
por Gustavo Berriel » 12 Jul 2009, 07:35
Episódio 4
"Quico e Seu Madruga"
A partir de agora, não chamo mais de capítulos e sim de episódios os títulos da série Chespecial.
E este episódio 4 é dedicado a dois dos atores de maior talento em Chaves & Chapolin, na minha opinião: Ramón Valdés (Seu Madruga), que para mim é o melhor ator das séries CH, e Carlos Villagrán, o Quico. Eles se destacaram demais e isso trouxe consequências...
Carlos Villagrán Eslava, também conhecido por "Pirolo", deixou o elenco de Chespirito em 1978, no auge do sucesso dos programas Chaves e Chapolin. E isso, é claro, foi prato cheio pra mídia sensacionalista, que começou a espalhar vários boatos sobre as circunstâncias em que se deu a saída de "Quico". O mais aburdo deles, por acaso o mais difundido de todos e no qual muitas pessoas acreditam até hoje, foi dizer que ele saiu porque brigou com Chespirito por causa da atriz Florinda Meza, a Dona Florinda. Os fofoqueiros de plantão adoram dizer que Carlos Villagrán e Florinda Meza já foram casados, o que não é verdade. O único casamento real é o de Chespirito com Florinda. Dizer que "o Chaves roubou a Dona Florinda do Quico" foi a notícia de que muitos jornalistas sem ética precisaram para ganhar dinheiro fácil. O próprio Villagrán jamais confirmou essa fantasiosa história de triângulo amoroso. Se ele já teve ou não qualquer coisa com Florinda, no passado, é algo extremamente pessoal, que não tem a ver com seu trabalho nas séries de Chespirito.
Houve, de fato, uma insatisfação muito grande, não só de Chespirito, mas de todo o elenco com Carlos Villagrán por ele ter saído para ganhar dinheiro sozinho como "Kiko". "Chaves" era como uma família e a saída de um membro representava, portanto, algo muito grave.
Meses após a saída de Villagrán, o elenco de Chespirito foi novamente desfalcado de maneira irreparável: Ramón Valdés, o Seu Madruga, tão querido pelos fãs e pelos próprios atores, também deixou a Televisa e foi atuar junto com Villagrán nos programas "Kiko", gravados na Venezuela.
Carlos Villagrán foi tentar a carreira solo com seu próprio programa, "Kiko". Para poder representar o personagem legalmente, Villagrán registrou o personagem com K, Kiko, para ficar diferente do Quico idealizado e criado por Roberto Gómez Bolaños. Isso certamente piorou o clima entre os dois atores, que deixaram de se falar.
Ramón, por sua vez, jamais brigou com nenhum integrante do elenco, muito menos com seu grande amigo Chespirito. Tanto que houve uma época, nos anos 80, em que Ramón retornou ao elenco de Chespirito para gravar participações especiais. Ramón Valdés sempre foi muito querido por seus companheiros de trabalho, que se lembram dele com muita saudade e carinho: Seu Madruga nos deixou em 1988.
É justo dizer que a ausência de Ramón Valdés e de Carlos Villagrán no elenco de Chespirito comprometeram a vida dos programas Chaves e Chapolin. Ao lado de Chespirito eles são, sinceramente, os melhores comediantes, os mais marcantes. Sem Quico e Seu Madruga, a vila do Chaves fica vazia e sem graça. A energia de antes desaparece na falta dos dois. Chespirito logo percebeu isso e tratou de fugir da vila, criando novas histórias locadas em outros cenários: o parque, a casa do Sr. Barriga e, claro, o restaurante da Dona Florinda, para onde o núcleo da história foi desviado por muitos episódios. Chespirito jamais pensou em substituir Quico ou Seu Madruga, mas criou novos personagens para dar uma força. Um deles foi Jaiminho, o carteiro, interpretado por Raúl Padilla. E pra Chiquinha não morar sozinha, sua "biscavó" entrou na história: Dona Neves, interpretada pela própria María Antonieta de las Nieves.
Mas a perda de força do programa foi visível e, ainda em 1979, terminaram as gravações dos programas Chaves e Chapolin. Isso não significou, no entanto, o fim dos personagens. Graças ao seu brilhante texto, que é o fator principal para o sucesso de um programa de TV, Chespirito continuou vestindo o Chaves e o Chapolin, mas dessa vez em quadros menores, dentro do novo "programa Chespirito", que foi ao ar em 1980. A criatividade infinita de Bolaños permitiu que ele se dedicasse a novas obras e personagens completamente novos. Nasceram os quadros de "Los Caquitos", com a volta dos bandidos Chômpiras e Botijão, interpretado pelo Edgar Vivar, o Sr. Barriga - e com a melhor atuação de Florinda Meza, a engraçadíssima Chimoltrúfia. E "Los Chifladitos", com a maior dupla humorística de todos os tempos: O Alto e o Baixo, ou melhor, Chaparron e Lucas Pirado, interpretado pelo Rubén Aguirre, o professor Girafales. O Doutor Chapatin, que foi o primeiro personagem CH interpretado por Chespirito, também ganhou um quadro só pra ele. E foram produzidos muitos outros quadros especiais e esquetes com um elenco de primeira, que ainda contou com Moises Suárez e Anabel Gutiérrez.
Isso é tudo, pessoal! E até o próximo episódio, que já vai entrar de vez no que mais nos interessa: a história de CH no Brasil!