Rubén Aguirre
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Rubén Aguirre Fuentes nasceu em 15 de junho de 1934, em Saltillo, Coah., México. Filho de Rubén Aguirre Flores e de Victoria Aguirre Fuentes, é o mais velho e mais alto dos seis irmãos – tem 1,95m de altura. Estudou em Saltillo até o segundo ano primário e, junto com sua família, foi viver em Torreón, onde estou até o secundário. Em Cd. Juárez, Chih., estudou na Faculdade de Agronomia Hermanos Escobar, formando-se como engenheiro agrônomo. Além de sua carreira universitária, realizou muitas e muito variadas atividades: tinha aulas de canto, de atuação, de esgrima e de piloto de avião particular; praticava touradas, chegou a tourear através de festivais.
Sem dúvida, o que mais lhe agradou foi o teatro, o que o aproximou por obra do destino: Rubén vivia em uma pensão e à filha da dona, que estudava na escola preparatória Teófilo Borunda, haviam dado um papel em uma peça de teatro. Ela o pediu que a ajudasse a imitar o sotaque e a forma de falar dos espanhóis. Depois de ensaiar embaixo de sua supervisão, o fez tão bem que o diretor da obra o pediu que ensaiasse com o resto do elenco; Rubén Aguirre resolveu ir aos ensaios todas as noites e intuitivamente, indicava os atores como mover-se no cenário.
O diretor da mesma, depois de observá-lo e ver seu entusiasmo e as animadas sugestões, finalmente o pediu que se fizesse diretor da peça teatral, a qual ia participar em âmbito nacional em um concurso organizado pela INBA (Instituto Nacional de Belas Artes). Rubén Aguirre aceitou, por amor a arte, e a primeira obra que montou, titulada “La niña de Fuego” (A menina de fogo), ganhou o 2° Lugar.
Depois, o mestre Gómez Fernández o ofereceu a cátedra de Teatro na preparatória, agora sim com um salário, o qual o entusiasmou muito. Devidamente assessorado por experientes e com os livros adequados, ingressou no magistério, mas não como o personagem televisivo no qual se converteria com o tempo, e sim como um professor de verdade. Já como mestre de Teatro, Rubén Aguirre, que nesse tempo tinha 19 anos, montou outras obras como “Entremeses Cervantinos” (Entre meses Cervantinos), “Médico a Palos “(Médico a Paus), “Sirena y Tritón”(Sirena e Tritón) e inclusive a ópera “El Rapto de Zoraida” (O Rapto de Zoraida), a qual foi espectacular: a mestra Ma. Teresa Núñez Aguirre compôs a música; a letra o mestre Gómez Fernández; se conseguiu a Sinfônica do Estado do mestre Raymundo Diéguez, os arranjos os fez o mestre Correa, o Governo do Estado bancou os fundos econômicos para montar a obra e Rubén Aguirre foi o promotor e diretor da mesma, por isso teve que conseguir barítonos, tenores, bailarinas e sopranos. Depois de muitos ensaios, um dos barítonos decidiu sair da obra, por isso tinha que conseguir outro e para não interromper os ensaios, Rubén Aguirre o substituiu já que tinha boa voz e conhecia todas as regras. Finalmente, acabou participando na obra como parte do elenco, além de ser o diretor e esta foi sua primeira atuação formal.
Além do citado anteriormente, foi também locutor profissional, primeiro em XEJ, depois em XEYC e XEWG, todas radiodifusoras em Ciudad Juárez, nas quais criou programas musicais, de concurso, cômicos, de entretenimento e informação. Continuou com seus estudos e com seu trabalho de mestre e diretor de teatro, mas sobretudo lia, lia muito e escutava boa música. Até hoje, lê pelo menos duas horas todos os dias e isto lhe permitiu ter uma cultura mais ampla.
A mãe de Rubén o chamou um dia e o pediu que fosse a Saltillo conhecer seu primeiro sobrinho que acababa de nascer. Rubén o fez e seu cunhado, Roberto Orozco Melo, o levou a uma estação de Saltillo, a XESJ que, desde então, era dirigida por Lic. Jorge Ruiz Schubert e, sem saber Rubén o que estava acontecendo, fez uma prova e o pediram que trabalhasse como locutor.
Depois seu cunhado o explicou que sua mãe o amava e ficaria muito feliz se ele regressasse a Saltillo, para estar perto da família. Rubén decidiu atender a sua mãe e, depois de despedir-se de seus amigos em Cd. Juárez, chegou a Saltillo onde radicou durante algum tempo e alí trabalhou como locutor e como repórter para a estação de rádio XESJ.
Nesta estação, ocorreu uma coisa curiosa: Em uma ocasião convenceu ao gerente que transmitisse uma corrida muito importante que ia acontecer algumas semanas mais tarde, dizendo que tinha os conhecimentos suficientes para ser ele o cronista. Talvez não muito convencido, o licenciado Ruiz Shubert aceitou e conseguiu dois patrocinadores para o evento.
Chegada a data, partiu Rubén com a “equipe técnica” composta somente por don Antonio Escobedo e um ajudante. Na cabine, ficou como locutor de turno José Guadalupe Medina Cepeda. A transmissão iniciar-se-ia uns minutos antes das quatro da tarde desse domingo e o Licenciado Ruiz Shubert, que aos domingos a essa hora só iria ao cinema com sua esposa, decidiu antes passar pela radiodifusora, deixando sua esposa sozinha “só um momentinho” para estar presente na hora da transmissão na praça dos touros. Enquanto esperava o momento, deu instruções a Medina de que se Rubén Aguirre começasse a hesitar ou a mostrar desconhecimento do tema ou se simplesmente sua transmissão começasse a ficar tediosa ou aborrecida, sem mais nem mas, o tirasse do ar e continuasse com a programação habitual.
Chegou o momento da transmissão. Aguirre começava a falar do que acontecia na praça e o licenciado não se mexeu mais na cabine, tomou assento e se pôs a escutar a transmissão.Sua esposa, cansada de esperar sozinha, se abaixou e entrou para ver o que se passava, e se surpreenderam ambos, não só até o término da corrida e sim até chegar Rubén com a equipe técnica à estação, onde foi felicitado pela transmissão da corrida de touros.
Passaram dois ou três anos e o Lic. Ruiz Schubert enviou Rubén a cidade de Monterrey para que fizesse uma prova em uma estação filial, a XEFB, e o aceitaram, por isso foi viver nessa cidade. Nessa estação conheceu grandes locutores como Víctor Alcocer, Héctor Martínez Cavazos, Carlos Saucedo Rubí, Eduardo Errejón Chávez, Mario Valle, Juan Carlos Orgado y Francisco Gómez, entre outros.
Conta Rubén Aguirre que uma vez, fazendo a voz de Zarco, o qual descreviam como um galã de olhos azuis, loiro, alto e de muito bom tipo (personagem de uma rádio-novela de Vate Calderón Navarrete) bateu à porta de sua casa uma menina, que perguntou a esposa de Rubén, Consuelo, se ali vivia Zarco. Ela respondeu que sim, que efetivamente vivia. A menina pediu emprego, sem se importar com salário, condições de trabalho ou outras coisas: ela queria estar perto de Zarco. Ao chegar Rubén Aguirre a sua casa, já de noite, a menina saiu da cozinha para conhecê-lo e, ao vê-lo, simplesmente recolheu suas coisas e se foi: a descrição que o narrador da novela fazia de Zarco, não correspondia a realidade, mais que na estatura.
O mesmo dono da XEFB que era também dos canais dez e três, atualmente canal dois, que nessa época eram muito fortes, começou a chamar pessoal. Rubén Aguirre fez as testes seletivos e entrou como locutor. Um dia, por ausência do animador do programa “Variedades del Mediodía” Rubén o substituiu. Gostou de sair na televisão e começou a fazer anúncios publicitários.
Conta o senhor Aguirre Fuentes que em sua casa não tinha um aparelho de televisão, por isso sua esposa Consuelo ia as lojas e assim podia vê-lo pois ficavam ligados televisores. Já de noite, quando ele chegava a sua casa, ela ficava emocionada como se nunca o tivesse visto.
Em uma ocasião, Rubén disse aos produtores que tinha grande conhecimento em touradas e que podia transmitir como cronista as corridas de touros. O puseram a prova e começou a narrá-las pelo rádio, na XEFB e depois pela televisão; pouco depois, começou com um programa televisivo aos domingos à noite chamado Reseña Taurina no qual convidava toureiros ao programa e, além de entrevistá-los, eles mesmos narravam o que haviam feito na arena na mesma tarde.
Ao terminar a temporada, Rubén Aguirre organizou um programa especial, no qual se outorgavam troféus aos melhores toureiros, a melhor bandarilha, etc. da temporada taurina e, durante o evento, alguém sugeriu que alguma pessoa deveria se encargar de filmar as corridas na Espanha para transmiti-las em Monterrey.
A idéia começou a tomar forma na cabeça de Rubén e, em pouco tempo, ele foi à Espanha filmar as corridas de touros, patrocinado por Tequila Sauza. Iniciou com as temporadas de Valência, um mês de março para culminar em outubro em Zaragoza com as temporadas de Virgen del Pilar. Aquilo foi um acontecimento e êxito enorme: Rubén Aguirre foi o primeiro a trazer para a televisão mexicana as corridas das principais temporadas espanholas, como a de San Isidro en Madrid, as de Sevilla, de Pamplona, de Zaragoza, Granada, Jerez e muitas mais. Em Monterrey, o Ing. Morelos Rodríguez narrava o que seu correspondente Rubén Aguirre o enviava.
Nesses anos tudo era novidade já que não existiam satélites que faziam transmissões. Rubén, depois de filmar as corridas junto com uma vista panorâmica da cidade para localizá-las, filmava também em películas de 16 mm o pôster e enviava os negativos toda a semana por avião, junto com as notas mais importantes de cada corrida. Ainda que em Monterrey as transmissões eram feitas com uma semana de atraso, era um grande acontecimento porque pela primeira vez as pessoas e os apaixonados por touradas, podiam ver os grandes toureiros espanhóis, e os mexicanos que se aventuravam na Península Ibérica para provar sorte, executando sua arte.
Um dos grandes triunfos que Aguirre teve, foi quando filmou a alternativa de Manuel Benítez, o Cordobés, quem havia sido um dos mais destacados e polêmicos toureiros, em toda a história das touradas. Rubén Aguirre, se dedicou a filmar as corridas das principais temporadas espanholas, por três anos consecutivos, até que o toureiro mexicano Manolo Martínez, em 1965, proibiu que entrassem câmeras de televisão nas praças de touros se não o dessem uma participação, o qual, segundo opina Rubén Aguirre, era muito justo porque naquele tempo, Tele Sistema Mexicano entrava nas praças de touros, transmitia a corrida patrocinado por una empresa de cerveja e nem os agradecimentos davam aos toureiros, quem no final das contas, eram os que estavam fazendo seu trabalho, arriscando a vida para executar as touradas. Todos os demais toureiros assumiram a mesma postura e, ao unirem-se, a televisão deixou de transmitir as corridas no México, até uns anos depois em que ficaram de acordo sobre o pagamento aos toureiros pelo conceito de direitos pela transmissão.
Rubén Aguirre voltou a Monterrey para trabalhar no canal seis, que estava começando a surgir, e trabalhou como chefe de locutores e mão direita do gerente do canal. Pouco a pouco, o novo canal começou a competir com o Tele Sistema Mexicano, tanto que Mario Moreno “Cantinflas” os apelidou “Los Bravos del 6” (Os bravos do 6), pelo enorme esforço que fizeram e pelo ibope tão elevado que alcançaram. No final da década de 1960, no entanto, foi contratado pelo Canal 8.
Na televisão, de locutor, passou a apresentador. Fez El Club de los Millonarios e El Club de Shory. Além disso, também era executivo de TV, função de deixou de desempenhar com o tempo, devido às suas muitas atividades na atuação, escrita e direção de programas. Seu primeiro trabalho com Chespirito foi em El Ciudadano Gómez. Aguirre, como executivo do canal 8, analisou o projeto de Roberto Gómez Bolaños para esta série, que então teve um piloto filmado. No dia da gravação ocorre um fato curioso. Uma atriz contratada para o papel de secretária não estava. Rubén perguntou se dava no mesmo que fosse um secretário ou uma secretária no piloto. Chespirito disse que dava igual e então, Rubén assumiu o papel no piloto. Pouco depois, ganhou um papel na série, sendo contraparte do Ciudadano Gómez.
Rubén Aguirre voltou a trabalhar com Chespirito no Sábados de la Fortuna. No quadro Os Supergenios da Mesa Cuadrada, interpretava o intelectual Professor Rubén Aguirre Girafales. Era o embrião do futuro Professor Girafales. No quadro, atuava também com Ramón Valdés e Maria Antonieta de las Nieves, futuros companheiros de série. Com o grande sucesso, o esquete se tornou um programa próprio.
Aguirre deixa por algum tempo os programas de Chespirito, dedicando-se a outras produções na televisão mexicana, como Sube, Pelayo, Sube e Kippycosas, que ele escrevia e dirigia. Por conta da saída de Rubén, Chespirito se vê forçado a criar um novo quadro para seu programa no Canal 8. Sem querer, a ausência de Rubén provocou o nascimento do Chaves, em 1972. O esquete, bem como o Chapolin, conquista o público mexicano e, em 1973, ganham vida própria, a partir da fusão do Canal 8 com o Telesistema Mexicano, no que formaria a Televisa. Rubén Aguirre é então chamado de volta para atuar com Bolaños, onde interpretaria o personagem que lhe deu projeção mundial.
No Chaves, assumiu a faceta do Professor Inocencio Girafales. Um homem de meia-idade, professor na escolinha perto da vila. Muito culto – e também convencido – estava sempre na vizinhança para levar flores e tomar uma xícara de café na casa de Dona Florinda, de quem era enamorado. Às vezes passava por situações complicadas, tomando pauladas, marteladas ou outros golpes das crianças. Na escola, mostrava-se inflexível e tinha que aguentar diariamente as besteiras de seus alunos. Apesar disso, é um homem devotado pela educação. Já no Chapolin, Aguirre fazia personagens diversos, especialmente vilões, como o gigante, Nenê ou Poucas Trancas.
Em 1979, Chapolin chega ao fim como série clássica. Ele então assume o papel de Don Lino em La Chicharra, série que substituiu o Polegar Vermelho. Em 1980, também chegava ao fim o período clássico de Chaves. Começava o Programa Chespirito, onde Aguirre passou a desempenhar vários papéis distintos, desde o Professor Girafales, o amoroso Sargento Refúgio (em Los Caquitos) e o enlouquecido Lucas Tañeda (em Los Chifladitos). Foi um dos poucos atores que permaneceram até o final do Programa Chespirito, em 1995. Um ano antes, dirigiu Maria Antonieta de las Nieves em Aquí Está La Chilindrina.
Com o fim das séries, dedicou-se ao circo, onde já atuava desde a década de 1970. Seu circo esteve no Brasil em meados da década de 1980, circulando por cidades próximas à fronteira com o Paraguai. Com auxílio de uma professora, fez seus shows em português, no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Na década de 2000, enfrentou problemas de saúde decorrentes do uso de corticóides, o que o fez engordar muito. No começo de 2007, sofreu um acidente de carro com sua esposa, que teve parte de uma das pernas amputada. Em 2009 e 2010, surgiram boatos de que estaria em bancarrota e precisando de ajuda financeira para sobreviver, fato que foi refutado. Em 2011, ingressou no mundo virtual, criando contas no Twitter e Facebook, onde interage com seus fãs. No final de 2012, concedeu uma entrevista exclusiva ao Fórum Chaves.
Nos últimos anos, ele viveu em Puerto Vallarta, com sua esposa e alguns de seus filhos e netos.
Rubén Aguirre faleceu em 17 de junho de 2016, aos 82 anos, às 4 horas da manhã de México, após complicações de uma pneumonia. Ele foi enterrado no cemitério de Puerto Vallarta, lugar onde viveu seus últimos dias.
Texto: Antonio Felipe, com informações de Mundo Chespirito