Memória CH: Chespirito critica Big Brother e fala de seu livro de poemas (2003)
Em uma matéria distribuída pela Notimex e publicada no jornal El Siglo de Torreón, do México, em outubro de 2003, Roberto Gómez Bolaños criticou o programa Big Brother VIP, então exibido no país, além dos programas humorísticos. Chespirito falou também sobre seu livro … Y También Poemas, lançado naquele ano no México. Confira a matéria traduzida:
Big Brother lhe parece “horrível”
O comediante criticou os programas atuais de humor após considerar que abusam do sexual
NOTIMEX
SAN JOSÉ, PORTO RICO – O comediante mexicano Roberto Gómez Bolaños, Chespirito, afirmou que o programa Big Brother VIP carece de atrativos e tem aspectos “horríveis”, e criticou os programas de humor da atualidade, ao considerá-los vulgares.
“Eu vi pedacinhos (do reality show mexicano) e não encontro nenhum atrativo. Não só isso, mas que há coisas que me parecem ‘horríveis’ e é o que as pessoas menos protestam”, apontou o ator em entrevista ao jornal costarriquenho Al Día.
“A forma como eliminam alguém por meio de uma votação como uns ‘juízes’ e esse rancor com que expressam que se vá um companheiro é criminoso. Criticam-lhes pela linguagem ou pela nudez como se não tivesse em outros programas também”, acrescentou.
“Parece-me aborrecedor ver uns jovens encostados só dizendo besteiras. Eu prefiro os documentários, que é o grande aporte da televisão”, manifestou Chespirito.
Sobre os atuais programas de humor, apontou que “há uma total inclinação e um abuso do sexual. A linguagem não me horroriza ainda que seja pobre, o pior é o conteúdo e como utilizam as piadas que no fundo são agressões machistas com jogos de palavras”. “Isso é mais fácil que buscar uma trama engenhosa. Hoje se usa a liberdade de expressão para ofender às pessoas em sua condição racial, econômica ou religiosa. Não gosto disso tudo e me oponho”, deu ênfase o ator mexicano.
Ao ser consultado sobre se existe algum programa que siga pelo caminho dos seus, Gómez Bolaños sinalizou que admira Javier López “Chabelo”, já que “por demais é quase impossível encontrar um que não fale de sexo ou política”.
Sobre seus projetos, detalhou que está em conversações com a editorial Alfaguara para editar o livro “Y También Poemas” e revelou que seu filho negocia com os estúdios Walt Disney para converter seus personagens em desenhos animados, especialmente o Chapolin Colorado.
A respeito da coletânea de poemas, explicou que sua temática é diversa, com escárnio, crítica, romance, comentários pessoais humorísticos ou trágicos e que não pensou em publicá-lo, mas foi convencido por sua esposa, a atriz Florinda Meza.
“Não pensei em dar a conhecer [os poemas] porque todas as editoras coincidiam que a poesia não se vende, mas os da editora não disseram que este é um trabalho diferente e não sabiam que eu os havia escrito”, comentou o multifacetado artista.
Gómez Bolaños confessou não entender por que seus programas são transmitidos até agora, “mas agradeço infinitamente. Não creio ter os méritos para tudo isso. Minha contribuição foi a honestidade e trabalhar muito, mas não é suficiente para o que aconteceu”.
“É curioso que se repitam os capítulos, o que eu não gosto, porque sei que há programas melhores que os que passam, mas aí continuam no ar. As crianças me saúdam quando me vêem como se eu fosse aquele do programa, pese que já não sou o mesmo”, comentou.
Revelou que seu favorito era Ramón Valdés, que fazia o papel de “Seu Madruga”, assim como o personagem da “Chimoltrúfia”, interpretado por Florinda Meza, com quem leva 25 anos de casamento que se sustenta na afinidade que têm em “muitos aspectos”.
Ao ser consultado sobre se o Chaves de hoje seria igual ao de antigamente, respondeu que “nunca me perguntaram isso. Diria que em algumas coisas sim e em outras não”.
“De todos os modos, não poderia fazer muita variação, pelo conceito que tem. Quiçá lhe acrescentaria um telefone celular como surpresa, ainda que hoje em dia não o é, e quiçá teria outras coisas que se usam na atualidade”, acrescentou.
Dá autógrafos
O ator Roberto Gómez Bolaños assegurou que seu livro “Y Tambiém Poemas”, em sua terceira edição, significou “muito porque eu fazia os poemas para mim, sem a menor ideia de que se publicariam algum dia e porque além disso, a poesia não tem muito apelo”.
Emocionado de poder conviver e dar seu autógrafo à coletânea ao seu público, em uma livraria ao sul da Cidade do México, Gómez Bolaños disse que a pessoa que movimentou tudo foi sua mulher, Florinda Meza, que “agilizou tudo, mas nunca imaginei que fosse tão rápido”.
O comediante que deleitou a muitas gerações com seus personagens como “Chaves” e “Chapolin”, entre outros, disse que compartilha estes poemas com seu público sem querer querendo.
“O que pretendo nestes poemas é dizer algo, haverá alguém que não gostará e outros que se encantarão, mas é questão de gosto, porque além disso estão escritos com rima e métrica, que quase ninguém faz”, destacou.
Durante a sessão de autógrafos de seus livros, crianças, adolescentes e adultos felicitaram e agradeceram a Gómez Bolaños por seu legado humorístico no programa “Chaves”, já que cresceram com ele e se divertem com as confusões de CHaves, Kiko, Seu Madruga, Chiquinha, Senhor Barriga e Professor Girafales, que atualmente é retransmitido no Canal 5.
COM MUITO TRABALHO
Foi tanta a insistência que terminaram por convencê-lo. Roberto Gómez Bolaños disse que sim realizará uma autobiografia, “sim estou nisso, estou a escrevendo, convenceram-me depois de muito tempo porque considerava quee uma autobiografia não era muito interessante, já que não sou consumidor de drogas, não estive na prisão e nem sou infiel, então a quem vai interessar”.
. Roberto Gómez acrescentou que depois de muita insistência, o fará, “haverá coisas que divertem porque tive a oportunidade de ter intercâmbios com muita gente de todas as partes do mundo, e isso pode despertar a curiosidade das pessoas”.
. Adiantou que é mais provável que saia ao mercado o livro de futebol, “é mais curto, não pode ir em um só livro, por isso eu terei que acompanhar com outros ensaios que estou nisso, e assim será mais fácil que saia primeiro”.
. Promove o livro “Y También Poemas”, editado por Punto de Lectura, cuja primeira tiragem saiu com oito mil exemplares, e a qual tem um preço de 65 pesos nas livrarias.
. A obra contém poemas como “Versos Antiguos”, “La Risa”, “Hugo Sánchez, El Torero”, “Mi Mejor Amigo”, “Ensueño” e “Los Pequeños Callejeros”, entre muitos outros.
. Acrescentou que segue usando a rima para dar mais força a muitas coisas, “porém creio que fui sincero, não tratei de agradar a ninguém, talvez a mim, é o que pretendi, e censurar o que não gosto”.
. O ator indicou que não voltou à televisão porque seus programas anteriores ainda são reprisados e “não quero incomodar o público” e disse que regressar seria algo distinto, “me ofereceram ser cronista esportivo, mas prefiro escrever”.
Publicado no jornal El Siglo de Torréon, em 26 de outubro de 2003.
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Texto e pesquisa: Antonio Felipe