De empresa familiar criada a partir de um pequeno açougue na cidade de Anápolis (GO), a JBS, donas de marcas como Friboi e Seara, se tornou a maior processadora de carnes do mundo e a maior empresa privada em faturamento no Brasil, só perdendo para a Petrobras.
As revelações dos irmãos Joesley Batista e Wesley Batista em delação premiada trouxeram denúncias contra o presidente Michel Temer e criou pânico nos mercados financeiros.
Os empresários viram seu negócio se expandir nos últimos anos com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O faturamento do frigorífico saltou de R$ 4 bilhões em 2006 para R$ 170 bilhões em 2016.
Os donos da JBS também têm negócios em outros setores, reunidos na holding J&F Investimentos.
A J&F Investimentos se anuncia como o "maior grupo econômico privado do país", empregando mais de 260 mil pessoas em mais de 30 países.
Os dois irmãos se dividem na operação do grupo. Joesley é o presidente da holding e Wesley comanda o JBS.
A história da JBS começou em 1953 com o açougue A Mineira, fundado por José Batista Sobrinho (cujas iniciais formam a sigla JBS), pai de Wesley e Joesley Batista, os atuais donos do conglomerado.
A empresa adotou o nome Friboi quando passou a atuar com frigoríficos e cresceu comprando outras unidades na década de 90.
As primeiras exportações de carne in natura vieram somente em 1997.
O grande salto se deu a partir de 2007, quando a empresa decidiu abrir o seu capital, mudou o nome de Friboi para JBS e deu início a um processo de internacionalização com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A JBS foi uma das beneficiadas pela chamada política de campeões nacionais do BNDES, que tinha como premissa financiar a internacionalização de grupos brasileiros.
Além de financiar o grupo, o BNDES comprou uma participação na JBS por meio da BNDESpar – braço do banco estatal que compra participações em empresas.
A operação que é investigada pelo Tribunal de Contas da União. Hoje o BNDES é dono de 21% da JBS.
A JBS comprou o frigorífico brasileiro Bertin e a Seara, passando a ser também a maior produtora global de carne de aves.
Em 2014, a JBS se tornou a segunda maior empresa do setor de alimentos do mundo, ficando atrás apenas da Nestlé, totalizando um faturamento de cerca de R$ 120 bilhões, com um aumento de 30% nas venda.
Em 2016, a receita líquida da JBS somou R$ 170,38 bilhões, alta de 4,6% ante o registrado no ano anterior, ficando à frente da Vale (R$ 94,6 bi), Ultrapar (R$ 77,3 bi) e Ambev (R$ 45,6 bi), segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica.
Com o crescimento acelerado dos negócios, os donos da JBS em 2012 um holding para atuar em outras áreas de negócios, a J&F Investimentos. A última grande aquisição foi anunciada em 2015, ao comprar da Camargo Corrêa o controle da Alpargatas, dona de marcas como Havaianas e Osklen por R$ 2,66 bilhões.
Veja os outros negócios da JBS :
Vigor (produtos lácteos)
Flora (produtos de higiene e limpeza)
Eldorado Brasil (celulose)
Banco Original (instituição financeira)
Âmbar (Energia)
Alpargatas (calçados e vestuário)
Oklahoma e Floresta Agropecuária (setor de agronegócios)
Canal Rural (emissora de televisão)
A aproximação dos Batista com o mundo político sempre foi forte. Nas eleições de 2014, o grupo também chamou a atenção ao contribuir com mais de R$ 300 milhões, se tornando uma das maiores doadoras de campanha do país.
A partir de 2016, o grupo passou entrar na mira também de operações da Polícia Federal.
Em 2016, o grupo chegou a trocar temporariamente a presidência depois que a Justiça impediu Wesley e Josley Batista de exercer cargos executivos, como consequência da operação Greenfield, que investiga aportes de fundos de pensão na Eldorado, empresa de celulose do grupo.
Outro abalo foi a operação Carne Fraca, que derrubou o valor das ações da empresa e obrigou também o adiamento do plano de lançamento de um IPO nos EUA da subsidiária JBS Foods International, inicialmente previsto para o 1° semestre.
No último dia 12, a PF deflagrou a Operação Bullish, que investiga fraudes e irregularidades em aportes concedidos pelo BNDES à JBS. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em 1,2 bilhão
O BNDES decidiu abrir no dia 16 de maio uma comissão de apuração interna para avaliar todas as operações realizadas pelo banco com a JBS.
Em teleconferência para analistas no último dia 16, Wesley Batista afirmou que ainda vê o segundo semestre como uma janela para a realização do IPO, mas ressaltou que o negócio ocorrerá quando a avaliação da subsidiária pelos investidores não for afetada por assuntos como as operações da PF.
De acordo com Batista, a Carne Fraca teve um impacto relevante não apenas do ponto de vista de volumes processados, mas também de custos (custo maior de abate, comunicação e publicidade) e preços, o que afetou a margem do primeiro trimestre.
A JBS fechou o primeiro trimestre de 2017 com lucro líquido de R$ 422,3 milhões, revertendo resultado negativo de R$ 2,64 bilhões apurado um ano antes.