O GLOBO
Quem passa pelo número 176 da
Avenida Vieira Souto, em Ipanema, ainda vê a mistura de estilos arquitetônicos do imóvel, construído no começo do século XX. Mas, atrás das portas da
Casa de Cultura Laura Alvim, encontra-se um ambiente totalmente diferente.
Após um ano fechado para reformas, o espaço foi reaberto esta semana com decoração mais clean — muitas paredes brancas, diferentemente dos ambientes escuros do passado — e áreas revitalizadas.
Os dois teatros e os três cinemas foram modernizados e, no segundo andar, agora há um grande salão para eventos, de frente para o mar. A partir do mês que vem, será servido ali um bufê de café da manhã, mas somente nos fins de semana.
A obra e a instalação de equipamentos, que custaram R$ 4,3 milhões, foram pagas pela Omega, fabricante suíça de relógios, que, em troca, usou o prédio durante a Olimpíada.
Com a reordenação dos ambientes, a casa, ligada à Secretaria estadual de Cultura/Funarj, ganhou salas multiúso, galeria de arte, área gastronômica e um estúdio de gravação, que será aberto ao público gratuitamente.
O projeto de reforma é do arquiteto João Calafate, da Fábrica Arquitetura, que também assinou o do Centro Cultural João Nogueira, no Méier.
Construído em 1913 pelo médico Álvaro Alvim, o imóvel de Ipanema foi doado ao governo estadual por uma de suas filhas, Laura Alvim, que, apaixonada por teatro, sonhava ver no endereço um espaço público dedicado à cultura.
— A obra começou pelos fundos, nos teatros. Foi a primeira grande reforma em 30 anos. Antes, faziam a manutenção ou adaptações no prédio, conforme a necessidade. Laura Alvim realizou alterações na época em que morou aqui, mas, depois da doação, nunca ninguém parou para fazer tudo que era preciso. Agora, a revitalização foi total, com instalação de
equipamentos de última geração — diz a diretora do espaço, Renata Monteiro.
A casa, que tradicionalmente abrigava mais espetáculos de artes cênicas, ressurge com uma programação diversificada, com shows, palestras, workshops e cursos.
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Laura Alvim era apaixonada por teatro e a casa sempre foi conhecida como local das artes cênicas. Mas um centro cultural tem que abrigar todas as artes — afirma Renata, recordando que a antiga proprietária construiu os teatros do imóvel. — No principal, ficou a parede de pedra que ela mandou fazer.
Na reforma, também foi preservada a escada de madeira da casa da frente, além dos belíssimos vitrais e do piso de madeira dos dois últimos andares. Na parte de trás, o chafariz foi reativado. O equipamento ornamenta a sala de convivência, que dá acesso aos cinemas e teatros. O bistrô da casa já recebe clientes, sob administração do próprio centro cultural. No próximo mês, haverá uma licitação para uma empresa assumir o serviço.
Na galeria de artes, o público pode conferir uma exposição do fotógrafo Júlio Bittencourt, com imagens do Piscinão de Ramos.
As salas de cinema serão abertas hoje.
Já o Teatro Laura Alvim será inaugurado em 6 de outubro com a peça “Paixão, segundo Adélia Prado”, com Elisa Lucinda.