Enganar é uma arte americana
EUA ignoram cessar-fogo e bombardeiam talibãs no Afeganistão
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EUA ignoram cessar-fogo e bombardeiam talibãs no Afeganistão
Os EUA não respeitam ninguém e agem como se fossem naturalmente os senhores do mundo. Forçaram um acordo com o Talibã e quatro dias depois os atacaram.
O Afeganistão tem uma longa história de dominação e resistência. Atualmente tem fronteira com a Turquia, o Uzbequistão, Turcomenistão, Irã e China. Registra-se que por volta do ano por volta de 500 a.C, foi conquistado por Dario I da Babilônia, e em 329 aC por Alexandre, o Grande, entre outros.
Já foi parte de um grande império, junto com o que hoje é o Irã e a Índia, conquistado por Mahmud de Ghazni, no século 11 d.C., e até mesmo Genghis Khan teria assumido o território no século 13 d.C, mas somente no século XVIII o território reconhecido atualmente foi, de fato, unificado em um único país.*
No século 19, a Inglaterra, com a desculpa de proteger seu império indiano da Rússia, procurou anexar o Afeganistão, o que levou a uma série de guerras entre britânicos e afegãos (1838-42, 1878-80, 1919-21).
Assim, em 1921, os ingleses, que já estavam sitiados após a Primeira Guerra Mundial, são derrotados e o Afeganistão, finalmente, se torna uma nação independente.
Entre as décadas de 1950 e 1970, após derrubada da monarquia, o Afeganistão se aproxima da União Soviética e tem forte influência do comunismo. No entanto, em 1978, há uma rebelião de líderes islâmicos contra as mudanças introduzidas pela constituição de 1975-77, que concedia direitos às mulheres e apontava para a modernização do estado amplamente social.
Em 1979, o embaixador americano Adolph Dubs é morto e os EUA cancelam toda a ‘assistência’ ao Afeganistão. Nesse ponto, há uma intensa luta pelo poder entre Nur Mohammad Taraki, um dos membros fundadores do Partido Comunista Afegão, e o vice-primeiro ministro Hafizullah Amin. Taraki será morto em 14 de setembro em um confronto com apoiadores de Amin.
A União Soviética invade o país em 24 de dezembro e, em 27 de dezembro, Amin e muitos de seus seguidores são executados. O vice-primeiro ministro Babrak Karmal se torna primeiro ministro, mas se forma uma enorme oposição a ele e aos soviéticos, o que vai gerar manifestações públicas violentas.
No início de 1980, os rebeldes Mujahadeen** se uniram contra invasores soviéticos e o Exército Afegão apoiado pela URSS.
A partir de então, muitos afegãos fogem para a Turquia e o Irã. Em 1984, Osama Bin Laden, vindo a Arábia Saudita, chega ao país para se unir aos anti-soviéticos e posteriormente receberá apoio armada dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e China via Paquistão.
Após uma década de confrontos, em 1995, a milícia islâmica recém-formada, Talibã, chega ao poder com promessas de paz. A maioria dos afegãos, exaustos por anos de seca, fome e guerra, aprovam o Talibã por defender os valores islâmicos tradicionais.
Agora quem se opõem ao governo afegão, dominado pelo Talibã, são os Estados Unidos que se colocam como inimigos do estado e o pressiona fortemente.
Em 1998, depois dos atentados a duas embaixadas americanas na África pela Al Qaeda, o presidente Clinton ordena ataques aos campos de treinamento de Bin Laden no Afeganistão.
Em 2000, os norte-americanos exigem a extradição de Bin Laden, o que é ignorado pelo Talibã. Em 2001, após o ataque da Al Quaeda aos EUA (Torres Gêmeas e Pentagono), com a recusa do Afeganistão em entregar Osama Bin Laden, os EUA e a Inglaterra lançam um pesado ataque ao país.
O Talibã é forçado a se refugiar e um governo interino, com apoio dos EUA, é assumido por Hamid Karzai. O governo interino que deveria durar 6 meses, vai se estender até 2004.
No entanto, os talibãs e a Al-quaeda continuam atuando no país e os conflitos jamais cessaram, tornando o pais um dos mais violentos do mundo. Com essa desculpa, a OTAN assume o controle de Cabul e implementou uma guerra continuada, sob comando dos Estados Unidos, que vão durar, oficialmente, até 2014, data em que as tropas estrangeiras deveriam ter deixado o país.
No entanto, os embates com os talibãs se mantiveram e, somente em 29 de fevereiro deste ano, os Estados Unidos e o Talibã teriam assinado um acordo, pondo fim aos conflitos e a saída das tropas norte-americanas e da OTAN, em até 14 meses.
Passados 4 dias, com a desculpa de executar um ataque defensivo, os EUA executaram um bombardeio em Nahr-e Saraj, em Helmand, contra supostos combatentes talibãs, acusados de atacarem as forças de segurança afegãs.
OU seja, faz mais de duas décadas que os norte-americanos e seus aliados europeus atacam o Afeganistão e com a conivência internacional colocaram tropas dentro de seu território. Quando finalmente se chega a um acordo para a saída de tropas estrangeiras, os norte-americanos fazem como sempre fizeram, inventam um conflito, uma conspiração inexistente, para descumprir acordos.
O Afeganistão não é o único caso, mas é um bom exemplo. Os americanos fazem acordos para outros cumprirem, eles não precisam cumprir e geralmente não cumprem ou encontram modos de justificar o descumprimento.
O que importa é manter sua posição de força e seu domínio, que seja à custa do uso de armas e da morte de civis.
NOTAS:
* É importante ressaltar que somente em 1870, após ser conquistado por árabes, o Islã se enraizou no país.
**Posteriormente constituiram a Unidade Islâmica do Mujahidin do Afeganistão (Aliança Mujahidin dos Sete Partidos ou Sete de Peshawar), entre 1981 ou 1985, entre os sete partidos afegãos mujahidin que lutavam contra os soviéticos – na época eram os que davam sustentação à República Democrática do Afeganistão (Guerra Afegã-Soviética).
O Afeganistão tem uma longa história de dominação e resistência. Atualmente tem fronteira com a Turquia, o Uzbequistão, Turcomenistão, Irã e China. Registra-se que por volta do ano por volta de 500 a.C, foi conquistado por Dario I da Babilônia, e em 329 aC por Alexandre, o Grande, entre outros.
Já foi parte de um grande império, junto com o que hoje é o Irã e a Índia, conquistado por Mahmud de Ghazni, no século 11 d.C., e até mesmo Genghis Khan teria assumido o território no século 13 d.C, mas somente no século XVIII o território reconhecido atualmente foi, de fato, unificado em um único país.*
No século 19, a Inglaterra, com a desculpa de proteger seu império indiano da Rússia, procurou anexar o Afeganistão, o que levou a uma série de guerras entre britânicos e afegãos (1838-42, 1878-80, 1919-21).
Assim, em 1921, os ingleses, que já estavam sitiados após a Primeira Guerra Mundial, são derrotados e o Afeganistão, finalmente, se torna uma nação independente.
Entre as décadas de 1950 e 1970, após derrubada da monarquia, o Afeganistão se aproxima da União Soviética e tem forte influência do comunismo. No entanto, em 1978, há uma rebelião de líderes islâmicos contra as mudanças introduzidas pela constituição de 1975-77, que concedia direitos às mulheres e apontava para a modernização do estado amplamente social.
Em 1979, o embaixador americano Adolph Dubs é morto e os EUA cancelam toda a ‘assistência’ ao Afeganistão. Nesse ponto, há uma intensa luta pelo poder entre Nur Mohammad Taraki, um dos membros fundadores do Partido Comunista Afegão, e o vice-primeiro ministro Hafizullah Amin. Taraki será morto em 14 de setembro em um confronto com apoiadores de Amin.
A União Soviética invade o país em 24 de dezembro e, em 27 de dezembro, Amin e muitos de seus seguidores são executados. O vice-primeiro ministro Babrak Karmal se torna primeiro ministro, mas se forma uma enorme oposição a ele e aos soviéticos, o que vai gerar manifestações públicas violentas.
No início de 1980, os rebeldes Mujahadeen** se uniram contra invasores soviéticos e o Exército Afegão apoiado pela URSS.
A partir de então, muitos afegãos fogem para a Turquia e o Irã. Em 1984, Osama Bin Laden, vindo a Arábia Saudita, chega ao país para se unir aos anti-soviéticos e posteriormente receberá apoio armada dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e China via Paquistão.
Após uma década de confrontos, em 1995, a milícia islâmica recém-formada, Talibã, chega ao poder com promessas de paz. A maioria dos afegãos, exaustos por anos de seca, fome e guerra, aprovam o Talibã por defender os valores islâmicos tradicionais.
Agora quem se opõem ao governo afegão, dominado pelo Talibã, são os Estados Unidos que se colocam como inimigos do estado e o pressiona fortemente.
Em 1998, depois dos atentados a duas embaixadas americanas na África pela Al Qaeda, o presidente Clinton ordena ataques aos campos de treinamento de Bin Laden no Afeganistão.
Em 2000, os norte-americanos exigem a extradição de Bin Laden, o que é ignorado pelo Talibã. Em 2001, após o ataque da Al Quaeda aos EUA (Torres Gêmeas e Pentagono), com a recusa do Afeganistão em entregar Osama Bin Laden, os EUA e a Inglaterra lançam um pesado ataque ao país.
O Talibã é forçado a se refugiar e um governo interino, com apoio dos EUA, é assumido por Hamid Karzai. O governo interino que deveria durar 6 meses, vai se estender até 2004.
No entanto, os talibãs e a Al-quaeda continuam atuando no país e os conflitos jamais cessaram, tornando o pais um dos mais violentos do mundo. Com essa desculpa, a OTAN assume o controle de Cabul e implementou uma guerra continuada, sob comando dos Estados Unidos, que vão durar, oficialmente, até 2014, data em que as tropas estrangeiras deveriam ter deixado o país.
No entanto, os embates com os talibãs se mantiveram e, somente em 29 de fevereiro deste ano, os Estados Unidos e o Talibã teriam assinado um acordo, pondo fim aos conflitos e a saída das tropas norte-americanas e da OTAN, em até 14 meses.
Passados 4 dias, com a desculpa de executar um ataque defensivo, os EUA executaram um bombardeio em Nahr-e Saraj, em Helmand, contra supostos combatentes talibãs, acusados de atacarem as forças de segurança afegãs.
OU seja, faz mais de duas décadas que os norte-americanos e seus aliados europeus atacam o Afeganistão e com a conivência internacional colocaram tropas dentro de seu território. Quando finalmente se chega a um acordo para a saída de tropas estrangeiras, os norte-americanos fazem como sempre fizeram, inventam um conflito, uma conspiração inexistente, para descumprir acordos.
O Afeganistão não é o único caso, mas é um bom exemplo. Os americanos fazem acordos para outros cumprirem, eles não precisam cumprir e geralmente não cumprem ou encontram modos de justificar o descumprimento.
O que importa é manter sua posição de força e seu domínio, que seja à custa do uso de armas e da morte de civis.
NOTAS:
* É importante ressaltar que somente em 1870, após ser conquistado por árabes, o Islã se enraizou no país.
**Posteriormente constituiram a Unidade Islâmica do Mujahidin do Afeganistão (Aliança Mujahidin dos Sete Partidos ou Sete de Peshawar), entre 1981 ou 1985, entre os sete partidos afegãos mujahidin que lutavam contra os soviéticos – na época eram os que davam sustentação à República Democrática do Afeganistão (Guerra Afegã-Soviética).