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Depois de mais de dois anos com projetos internos conflitantes, no esforço para erguer um concorrente à altura da Netflix, o Grupo Globo decidiu criar uma "joint venture" entre a Rede Globo e a programadora Globosat, a maior do país, com canais como Multishow, Universal e SporTV.
A nova empresa será comandada por João Mesquita, hoje presidente da rede de canais de filmes para TV paga Telecine - esta também uma "joint venture", entre a Globosat e quatro dos maiores estúdios americanos, MGM, Paramount, 20th Century Fox e Universal.
João Mesquita continua na Rede Telecine até fevereiro, preparando a própria substituição, junto aos estúdios.
Além da determinação de reunir Globo e Globosat e do nome do executivo, o novo projeto de vídeo por demanda tem poucas definições.
Não se sabe, por exemplo, o que será da Globo Play, que acaba de completar dois anos - e era, até então, a principal aposta do grupo para o entretenimento pago via internet, inclusive adiantando a exibição de séries da TV.
Também fica em suspenso o lançamento, que chegou a ser anunciado pela Globosat em agosto, de um Telecine Play com assinatura só pela internet, desvinculada da TV paga. Seria o primeiro passo da programadora no enfrentamento da Netflix.
O novo serviço deve ser lançado até o final do ano que vem, oferecendo séries e filmes produzidos pela Globo e pela Globosat e também por eventuais fornecedores, como os estúdios do Telecine.
Num segundo momento, a nova empresa ofereceria outro produto, uma espécie de TV paga pela internet, com preço menor que o das assinaturas das operadoras. Eventualmente, poderia incluir transmissões esportivas dos canais Première, também parte da Globosat.
O serviço de TV paga pela internet, com menos canais e custo baixo, é um formato que vem atraindo grandes grupos de mídia e tecnologia nos EUA, sobretudo neste ano, com marcas como YouTube TV e PlayStation Vue. Mas enfrentaria limitações regulatórias no Brasil.
A movimentação do Grupo Globo responde ao avanço recente da Netflix em programação nacional.
Para a advogada e consultora Rosana Alcântara, diretora até fevereiro da Ancine, agência que regula a indústria audiovisual, as novas apostas de Globo e Netflix refletem o "momento de movimentação no debate sobre vídeo por demanda".
De um lado, o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, concentra esforços na adoção, por serviços como Netflix, do imposto já cobrado da TV paga (Condecine).
Porém, Sérgio Sá Leitão acredita que a regulação excessiva poderia constranger o desenvolvimento do setor no Brasil.
De outro lado, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) apresentou há duas semanas um projeto de lei que estabelece não só contribuição e cotas mas esboça um marco regulatório para os "provedores de conteúdo audiovisual por demanda (CAvD)".
Paulo Teixeira foi um dos autores da Lei da TV Paga, de 2011.