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Entrevista com Mauricio de Sousa.
Quem é o seu leitor ?
Mauricio de Sousa - Tenho quatro faixas :
a criança que está aprendendo a ler, a que já está se maravilhando com as letrinhas, os garotos na faixa da “Turma da Mônica Jovem” e o adulto que leu a revista na infância e compra para os filhos. Todos têm de ser tratados com o mesmo respeito e entusiasmo, já que produzimos uma revista a cada dois dias. E depois disso vem a tecnologia, vamos para todas as plataformas que existem por aí. Mas vem aí uma época em que nós vamos entrar na educação e em livros. Livro de papel ! Veio o iPad, iPod, “iPud”... Tudo bem, mas eu quero o papelzão mesmo, aquele que você cheira a tinta, que leva para qualquer lugar e não precisa de eletricidade na hora que quiser ler.
De quem foi a ideia de levar a turma à adolescência ?
Mauricio de Sousa - Foi minha. Briguei com o pessoal do meu estúdio anos e anos. Ninguém acreditava, e não havia quem quisesse fazer. Eu dizia: “Não sou louco, vi o que aconteceu e o que deixou de acontecer no mercado.” O número zero da “Turma da Mônica Jovem” ficou rodando no estúdio por quatro ou cinco anos. Lançamos um “semimangá”, o mangá caboclo, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Agora
estamos nos preparando para lançar o Chico (Bento) moço. Vai mexer muito com ecologia.
A infância está passando rápido demais ?
Mauricio de Sousa - Não, ela não está ficando mais curta, e sim se condensando.
A criança está aprendendo mais rápido. Então, é lógico, tem que pular para outro estágio. Mas eles não perdem nada. Talvez cheguem imaturos à adolescência, mas a informação que eles têm hoje é muito maior.
A imagem romântica da infância está morrendo ?
Mauricio de Sousa - Não, a criançada gosta de brincar do mesmo jeito, com as mesmas coisas, só que agora ela tem um arsenal maior e mais tecnológico. Eles gostam das mesmas coisas, de carinho, cuidado, atenção, liberdade. E querem voar sozinhos desde sempre.
O sr. é muito presente no Twitter. É fã das redes sociais ?
Mauricio de Sousa - Primeiro entrei no Orkut, fiz um monte de amizades e fizemos encontros orkutianos. Aí veio o
Twitter. Tem de ser uma leitura dinâmica, como nos quadrinhos. Em cinco minutos, dou cinco ou dez respostas, às vezes monossilábicas. Senão vira chat, diálogo. Também jogo umas fotos ou alguma história do Horácio. Além disso, a rede social
me diz onde não chegou o gibi ou o que aconteceu com alguma assinatura. O pessoal merece esse respeito.
Por que o Parque da Mônica, em São Paulo, foi fechado ?
Mauricio de Sousa -
O contrato acabou e o shopping (Eldorado) queria o espaço.
O sr. ficou chateado ?
Mauricio de Sousa - Não vou ficar chorando sobre leite derramado. Fechei e acabou a história. Agora
estou preparando um novo parque, também em São Paulo. Temos outro em Angola, um espaço em Portugal e alguns menores espalhados pelo Brasil.
A aposentadoria é uma opção para o sr. ?
Mauricio de Sousa - Vamos dizer que eu vou trocar de atividade na organização. Estou treinando o pessoal para isso, delegando. O nosso processo, a nossa arquitetura, permite que eu largue algumas coisas. E aí vou inventando outras. É isso que eu pretendo fazer.