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O mundo esportivo levou um "chacoalhão" ontem com o anúncio de uma série de demissões no canal ESPN Brasil.
Entre os demitidos, como o UOL Esporte publicou, estão do vice-presidente de jornalismo, gerentes, diretores, editores, apresentadores, comentaristas e colunistas "históricos" da casa.
Em nota oficial, o canal disse que passa por "um processo de transformação e adaptação para atender aos fãs, acionistas e clientes".
Embora cruel, a mudança é legítima e outros canais - inclusive abertos, como a Globo - também estão fazendo reformulações e enxugamentos nos seus quadros.
A diferença é que a ESPN está nos últimos anos no "olho" de uma série de furacões contínuos que assolam a economia, o esporte na TV e a TV por assinatura como um todo. Nesse ponto tem sido um dos canais mais afetados.
Comecemos pelo conteúdo e sua distribuição: a ESPN Brasil não é um canal incluído em pacotes básicos, como SporTV e FoxSports.
Ao optar, lááá atrás, pela "elitização", ao não se movimentar com os novos tempos, o canal acabou atropelado pela realidade, pela concorrência mais esperta e por uma "explosão" de novos canais esportivos.
No mês passado, por exemplo, na Grande São Paulo - principal mercado publicitário e maior público do país - a ESPN Brasil deu o ibope-traço de 0,06 ponto. Convenhamos, isso equivale a zero de audiência. Zero público.
Apenas para comparação, o canal deu menos que o SporTV3 (0,09), SporTV2 (0,14), Fox Sports (0,18) e, obviamente, SporTV (0,32).
Um outro problema já vinha acometendo a emissora há anos e estava bem visível : a crise econômica e a perda de conteúdo.
Conforme esta coluna informou no ano passado, ao deixar seu conteúdo estagnar, ao perder os direitos de exibir a Copa do Mundo da Rússia, ao sofrer forte concorrência de outros canais esportivos, ao não se mexer, a ESPN Brasil perdeu mais de 1 milhão de assinantes nos últimos tempos.
Parte desses assinantes, é verdade, foi embora da TV por assinatura como um todo. Mas, uma boa parcela desistiu apenas do canal.
Dá para entender essa gente : por que continuar pagando uma "taxa extra" todo mês na fatura para ter um canal que nem sequer vai exibir a Copa ? Ou que passa o dia todo exibindo versões de um mesmo programa ("Bate Bola") ?
A verdade é que nos últimos anos a ESPN Brasil começou a sofrer forte concorrência e a perder relevância junto ao fanático telespectador dos esportes.
Como disse um especialista de TV ouvido ontem pela coluna sob anonimato, "a ESPN virou uma grande mesa redonda mal-humorada e antiga".
É muito doloroso ver tanta gente competente, querida do público, com currículos impecáveis, sendo descartada dessa forma.
Mas, a verdade é que, como o ditado diz, pessoas jurídicas não têm sentimentos, só resultados contábeis.
A Disney, "dona" da ESPN, fez uma opção por um novo modelo de TV, e certamente o objetivo é tornar o canal mais competitivo e sintonizado com os novos tempos midiáticos e de crise econômica.
Também propriedade da Disney, a Fox Sports terá de ser vendida nos próximos meses. A direção lá em cima está se preparando e mirando no futuro.
Assim como na Globo, a próxima geração de funcionários da emissora certamente chegará com salários bem menores.
É tudo uma decisão estratégica, embora também seja algo frio e calculista para quem vê de fora.