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Peritos da Polícia Federal encontraram fortes indícios de que uma série de gambiarras no circuito elétrico provocou o incêndio que atingiu o Museu Nacional há oito meses e o mantém a portas fechadas desde então.
A "mais plausível causa primária" do fogo foi identificada : o ar-condicionado C, um dos três aparelhos que resfriavam o auditório no térreo, entrou em pane na noite de 2 de setembro de 2018, logo abaixo da sala que guardava o fóssil de 13 metros de comprimento do Maxakalisaurus topai, um dinossauro que habitou a América do Sul há 80 milhões de anos.
Laudo apresentado nesta quinta-feira (4), na Superintendência da PF no Rio de Janeiro, para jornalistas, aponta sinais de que as instalações elétricas não seguiam "recomendações do fabricante" em ao menos dois momentos, segundo o perito criminal Marco Antônio Zatta.
1) Cada um dos três aparelhos de ar condicionado no auditório deveria ter um disjuntor próprio. O que se constatou : "Em vez de ligar direto num quadro principal, foi feita uma ligação em paralelo. Deveria ter um disjuntor para cada ar. Era um mesmo para os três".
A PF já havia recebido esse relato, a evidência foi encontrada, afirmou o perito. "Obviamente não é algo normal. Não estava seguindo a recomendação do fabricante."
O aparelho que entrou em curto era o único energizado na hora. "Não quer dizer que estava ligado, e sim em stand by, esperando comando do controle remoto."
2) Também não havia aterramento elétrico ali. Segundo o perito, isso pode ter colaborado para que uma pane tenha se maximizado. É como "a história do terceiro pino na tomada, tem sentido de estar ali", exemplificou. "Em caso de falha na corrente, escoa pelo aterramento."
O perito apontou também a falta de equipamentos que poderiam ter debelado as labaredas mais rapidamente. O fogo durou cerca de seis horas.
Até havia extintores dentro da sala onde o fogo começou, todos no prazo de validade, e um hidrante próximo dali, mas o time da PF não localizou, por exemplo, sprinklers (chuveiros automáticos para abafar o fogo, geralmente instalados no teto), alarme de incêndio em pleno funcionamento e porta corta-fogo.
A equipe da PF não encontrou hidrantes com mangueira nas paredes nem alarmes funcionando. Um extintor "nunca faria frente para combater um incêndio daqueles", disse. Sem contar que, sem porta corta-fogo, "a propagação [do fogo] foi facilitada".
Também não acharam, baseando-se em fotos anteriores ao fogaréu, placas em vários aposentos que sinalizassem o que fazer em caso de incêndio, como para qual saída de emergência ir. Se o museu estivesse aberto, a tragédia poderia ser ainda maior.
Os peritos também descartaram a hipótese de que um balão ou uma descarga atmosférica tenham provocado as chamas que engoliram milhares dos mais de 20 milhões de itens ali guardados.