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O ESTADO DE S.PAULO
O fechamento das fábricas da Volkswagen e da General Motors a partir de hoje e do corte de mais um turno de trabalho na Hyundai, dão o tom de um segundo semestre preocupante para a indústria automobilística brasileira, que segue com dificuldades em conseguir semicondutores para os veículos.
O setor deve perder a chance de recuperar mercado no período em que tradicionalmente se vendem mais carros, na segunda metade do ano, e que vai coincidir com a retomada mais consistente da economia, melhora do Produto Interno Bruto (PIB) e mais pessoas vacinadas.
“É difícil afirmar, no momento, se vamos conseguir atender à demanda no segundo semestre”, admite o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes.
Luiz Carlos Moraes e outros executivos da cadeia preveem que o equilíbrio entre oferta e demanda se dará ao longo de 2022.
Hoje, a espera por modelos como as picapes Strada e Toro, da Fiat, pode passar de três meses.
“Se tudo der certo, o segundo semestre de fato será bom para a economia brasileira, o que deve aumentar a confiança do consumidor, reduzir o desemprego e melhorar a renda da população, mas não vai ter carro para entregar por falta de semicondutores”, avalia Ricardo Bacellar, da consultoria KPMG do Brasil. “Isso vai ser um problemão para a indústria.”
Por causa da escassez de itens eletrônicos, em sistemas de segurança, aceleração, freios e iluminação, entre outros, a indústria global de veículos deve deixar de produzir entre 2,5 milhões e 4 milhões de veículos este ano.
No Brasil, seguindo porcentuais globais, a perda pode passar de 120 mil veículos. Se confirmada, a produção será de 2,4 milhões de veículos, ante 2,52 milhões previstos.
Estudo recém-concluído pela KPMG indica que, globalmente, a indústria automobilística terá prejuízo de US$ 100 bilhões neste ano por causa das paradas de produção.
O valor equivale a 80% da perda total de US$ 125 bilhões projetada para os principais setores que usam chips nos produtos.
“A demanda por semicondutores já vinha crescendo porque os automóveis estão cada vez mais tecnológicos, mas o setor é muito dependente de poucos fornecedores”.
Segundo as empresas, a eletrônica embarcada representa 40% dos custos de produção de um veículo hoje, o dobro de 20 anos atrás.
A projeção é de chegar a 50% em uma década. Um carro elétrico, por exemplo, usa o dobro de semicondutores do que um a combustão. O veículo totalmente autônomo usará de oito a dez vezes mais.