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Artistas de Pouso Alegre (MG) estão inconformados.
Quase seis meses depois da reinauguração, o Teatro Municipal continua fechado.
O local foi reaberto ao público em dezembro de 2016 após uma reforma, mas foi fechado dias depois por problemas na estrutura.
Uma chuva revelou irregularidades na obra.
Grupos artísticos da cidade pedem uma solução para o problema, que parece não ter data.
“A gente tem que fazer apresentações fora, em Extrema, em Santa Rita, no shopping, faculdade, um teatro assim que não comporte tanta gente, como a gente gostaria de fazer uma apresentação grandiosa, e a gente não consegue fazer”, reclama Gisele Guimarães de Rosa, que trabalha em uma escola de ballet na cidade.
Mel Vieira e o Ivan Felipe são professores de dança. A escola deles não acha vaga fácil em Pouso Alegre para as apresentações e nem com a estrutura do teatro. “Nós temos comprometimento com nosso público, porque os projetos sociais que eles esperam o ano todo pra poder apresentar”, completa Ivan, ressaltando a impossibilidade de se apresentar.
A obra de reforma e revitalização do teatro foi anunciada no ano passado. A verba, que veio em sua maior parte do estado, foi de R$ 950 mil. O teatro foi reinaugurado pela administração passada no dia 29 de dezembro, mas já no dia 3 de janeiro, depois de uma chuva, foi novamente fechado.
Este ano a prefeitura fez uma vistoria pelo teatro e constatou vários problemas técnicos e de segurança, que impossibilitam que ele seja liberado para espetáculos. “Constatamos irregularidades quanto à conclusão definitiva do projeto em si, alguns detalhes que não ficaram muito claros”, explica o engenheiro de Obras da prefeitura, Renato Soares Ramos.
A lista de problemas é extensa : a cortina automática do palco não funciona mais.
Os fios elétricos do motor foram cortados e emendados. O piso está empenando e os alçapões não se encaixam com o piso. O piano foi retirado da sala de música por conta de goteiras. Há ainda infiltrações na parede e mofo.
Na cabine, falta isolamento acústico e ainda terminar o piso.
A escada de acesso ao forro foi colocada no meio do caminho e os assentos ficaram um atrás da outro, em linha reta, o que, segundo o diretor, diminui a visibilidade do público.
“Várias coisas foram feitas que não tem como usar, não tem como aproveitar, [porque] foram feitas tecnicamente erradas”, explica o diretor do teatro, Marcelo Rodrigues.
Algumas melhorias foram feitas, como a colocação de ar condicionado, uma nova mesa de som e iluminação. Outras estariam em desacordo com a licitação : a passarela do forro, por exemplo, teria ficado com 1,2 metro de largura, 30 centímetros a menos do previsto. Já o carpete teria um terço da espessura licitada.
O engenheiro de Obras da Prefeitura de Pouso Alegre disse ainda que o mais preocupante no Teatro Municipal é a falta do auto de vistoria do Corpo de Bombeiros. Segundo ele, o prédio, como está, poderia colocar em risco a segurança das pessoas.
“Há uma deficiência muito grande nas sinalizações de saída, rotas de emergência, eu não vi em momento nenhum no projeto, não há um laudo do próprio Corpo de Bombeiros. Diante disso que eu recomendo ainda continuar em fase de análise para poder então, depois desses procedimentos serem feitos, a gente tentar fechar esse processo e abrir uma nova licitação, se for o caso.”
A superintendente de Cultura do município, Regina Maria Franco Andere de Brito, afirma que está tentando resolver o problema com a empresa que assumiu a obra.
“Está sendo feita uma negociação com a construtora, porque eu acho que tem que ser resolvido o mais rápido possível. Porque a cidade perde, a falta do teatro faz falta não só pela parte cultural, mas pra cidade inteira. Nós estamos perdendo grandes espetáculos, é um prejuízo muito grande.”
O teatro, que tem capacidade para 360 pessoas, é patrimônio público tombado há 18 anos.
Quem já se apresentou ali, espera pela volta dos tempos de glória. “No Centro da cidade, é a casa que abriga os artistas. Então é o local de trabalho para que as pessoas possam ver danças e cantar”, finaliza a atriz Leda Modesto.
A EPTV Sul de Minas tentou contato com o ex-prefeito Agnaldo Perugini (PT) sobre as irregularidades da obra, mas ele não foi encontrado.