https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2 ... eiro.shtml
O jornalista Paulo Vinícius Coelho, o PVC, colunista da Folha e comentarista da FOX Sports, acaba de lançar o seu nono livro, "Escola Brasileira de Futebol".
Sua estreia no mercado editorial aconteceu em 2003, com "Jornalismo Esportivo".
O novo livro é o mais ambicioso. Como escreve no prefácio, ele "se propõe a contar como o futebol brasileiro aprendeu a ser forte, como definiu seu estilo e como encantou o mundo".
Ele reúne diversas histórias do esporte, mas não é esse seu propósito central. Para ele, os livros sobre futebol no país se dedicam muito aos "o quês". PVC vai atrás dos "porquês".
Entre abril de 1969 e março de 1970, João Saldanha comandou a seleção. Em 11 partidas, o time marcou 32 gols. Por que, então, foi Zagallo, e não João Saldanha, o técnico do Brasil tricampeão mundial ?
Se a seleção de 1982, de Telê Santana, era tão brilhante, por que caiu diante da Itália ?
O livro também se encarrega de desfazer mitos ou colocá-los sob nova perspectiva.
PVC enaltece a Holanda de 1974, mas discorda de que o time tenha representado uma grande evolução tática em relação ao Brasil de 1970.
"As alegações de que o time [holandês] rodava o campo todo e de que ninguém mantinha posição fixa são desmentidas pelas imagens."
Ainda no terreno dos mitos, é comum dividir o futebol brasileiro em antes e depois de 1982. A partir da derrota no estádio Sarrià, o jogo praticado por aqui teria se tornado mais defensivo.
"Mentira", escreve. "Se fosse assim, o Brasil não teria jogado feio as Copas de 1974 e 1978".
Não são exatamente os melhores, mas aqueles que sabiam muito bem como interferir nos jogos para mudar o ritmo.
A tríade começa com Tim (1916-1984), do Fluminense nos anos 1960.
O segundo é Ênio Andrade (1928-1997), tricampeão brasileiro - Inter (1979), Grêmio (1981) e Coritiba (1985).
O terceiro é Vanderlei Luxemburgo, que comandou grandes times e a seleção. O que terá acontecido a Luxemburgo, hoje sem time ?
"O maior risco de quem trabalha com futebol é se desapaixonar. Ele acabou se envolvendo em outras áreas, como a transferência de jogadores, e pode ter se desviado da questão central".
Embora as opiniões do autor estejam bem fundamentadas, resultantes de quase três décadas de jornalismo esportivo e do interesse obsessivo pelo tema, ele não tem a pretensão de que "Escola Brasileira de Futebol" seja uma "obra definitiva" no assunto. PVC quer abrir o debate. Que venham, portanto, novos livros sobre os "porquês" do futebol brasileiro.