O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - CONCLUÍDO

Discuta aqui tudo relacionado aos trabalhos de Chespirito, como Chaves, Chapolin, Chaves em Desenho e Programa Chespirito. Discuta aqui também o trabalho de outros atores, como as séries do Kiko.
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O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - CONCLUÍDO

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:34

O DIÁRIO DO SEU MADRUGA
Sobre o livro: de autoria de Antonio Felipe, O Diário do Seu Madruga começou como fanfic e depois tornou-se um livro. Seu início ocorreu em meados de 2007, tendo alguns períodos de hiato, até a sua conclusão em julho de 2010. O livro traz uma abordagem ficcional sobre a vida do Seu Madruga, contando sua história através dos anos, começando em 1963, até sua morte, em 1988. Ao longo dos capítulos, são feitos flashbacks contando o passado do personagem.

O livro baseia-se nas histórias de Chespirito, adapta termos para o português, mas em todo, é de ideia exclusiva do autor. Nenhum dos fatos imaginados pelo autor tem respaldo na história das séries, apenas cria um ambiente para que a trama se desenvolva.

Leia a obra completa em pdf: https://issuu.com/antoniofelipep/docs/o ... eu-madruga

Compra a versão impressa: https://www.clubedeautores.com.br/book/ ... eu_Madruga

Ou leia este tópico, de acordo com a publicação à época:

-----------------------------------

A Terceira Luta

Os tempos andam difíceis. Ainda não consegui me recuperar do baque. 7º assalto. Eu ia muito bem. Tentei um cruzado de direita, mas ele acabou desviando e ele então me pegou desprevenido. Foi tudo numa fração de segundo. Entre ver sua mão direita, com aquela luva vermelha e amarelo e acordar na enfermaria do ginásio, foi tudo escuridão. Não me lembro de nada. Só sei que perdi, pelo que contou Pablo, meu técnico e Juan Hernández, o dono do ginásio. Já é a 3ª luta seguida que perco. E cada vez mais vejo no rosto dos empresários que assistem às lutas no Ginásio Del Chaco, o semblante de riso, de ojeriza, por minha atuação.
Eu fico dizendo para mim:
"Ramón, você precisa se controlar. Preste atenção nos braços dele. Não lhe dê as costas, nem por um centésimo de segundo". Mas, na hora H, tudo isso some. É 1963. Continuo saindo do meu apartamento, indo para o ginásio, treinando, fazendo um bico aqui e acolá e nada muda do lugar. Continuo estacionado. Ainda não sei o que meu deu na cabeça de ter largado aquele emprego, para tentar a carreira como pugilista. Minha avozinha sempre me alertou. "Não tente essa carreira, menino. Bater nos outros não adianta. Se quiser vencer na vida, bata na preguiça, no medo, mas não nos outros. É absurdo querer obter dinheiro ás custas da violência"
Creio que ela tinha razão.
Hoje irei ver o senhor Gastón de la Rivera. Ele me falou, depois dessa luta, que com um treinamento melhor em equipamentos melhores, talvez eu possa ir aos EEUU para algumas lutas. Estou otimista. Maribel também gostou da idéia. Quem sabe em terras estadunidenses eu não consiga um futuro melhor?
O que sei agora é que já estou atrasado...e ainda nem passei as minhas gravatas.
• Jornalista
• No meio CH desde 2003
• Um dos fundadores do Fórum Chaves. Administrador desde 2010
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:35

De Las Vegas à Gran Arena

O senhor Gastón de La Rivera é o tipo de pessoa que parece feita para fazer películas de horror. Gordo, um pouco baixo, cabelo grisalho, barba por fazer, rosto enrugado, olheiras carregadas nos olhos, uma bocarra com dentes desgastados pelos anos...ele é empresário de boxe há 20 anos, me disse quando nos encontramos pela primeira vez. Meu segundo encontro aconteceu hoje. Fui ao Ginásio, onde o encontrei parado, em frente ao ringue. Gastón disse-me que poderia cuidar de mim, tornar-me um grande boxeador. Acha que minha fisionomia, apesar de não aparentar força, pode ser melhorada com um longo treinamento.
Gostei da proposta dele. Passaria 5 semanas em longo treinamento e depois iria para os Estados Unidos, disputar algumas lutas. Começo essa jornada de treinos amanhã. Espero obter uma melhor compleição física e atingir meu ápice de força, na medida do possível.


(2 semanas depois)

Estou um caco. Nunca treinei tão pesado na minha vida. Soca daqui, bate dali, litros de suor escapando por seus poros, dores nos braços...o sacrifício é grande. Maribel está preocupada, mas me dá muito apoio. Agradeço todos os dias a Deus por ter encontrado esta mulher. Quem dera Luna tivesse sido assim. Maribel está há 2 anos vivendo comigo. É uma bela jovem, no auge de seus 30 anos. Descende dos indígenas da Baja Califórnia. Tem uma bela pele morena, cabelos escuros e cacheados, olhos castanhos e amendoados e transparece uma alegria inacreditável. Ela trabalha no armazém de Don Ortega. Ela é quem me dá mais motivos para seguir neste sacrifício sobre-humano...quero sempre vê-la sorrindo.

(mais 3 semanas)

Hoje, enfim, neste 23º dia de março, encerrei o treinamento. Pensei que morreria de estafa. Mas não. Consegui agüentar até o fim. Viajarei hoje para a cidade de Las Vegas. Me parece uma cidade muito bonita. Rivera me garantiu: se eu for feliz nestas lutas, ele me dará grandes oportunidades. “É sua chance de ouro”, disse-me. Retornarei para o México tão logo as lutas acabarem. Estou confiante. Maribel me desejou sorte, muita sorte.

(e duas semanas depois...)

Já são tantos anos...tantos anos...décadas, quase dois quartos de século, que estou aqui, dando tudo de mim todos os dias. Minha vida nunca foi fácil. É ruim para um ser humano ter tão pouco tempo de estudo. Pior ainda é não aproveitar as oportunidades quando elas acontecem. Bem que vovó me alertou. O boxe não é para mim. Não tenho palavras para descrever o que aconteceu na cidade de Las Vegas. Cheguei lá, me encantei com a beleza da região, pensei no quanto Maribel e vovó adorariam aquela cidade. Talvez estes devaneios sobre elas, minha vida, mais a apreensão por estar numa cidade tão diferente tenham me deixado daquela forma. Foram 5 lutas. Na primeira, senti muito nervosismo, mas consegui derrotar meu oponente. Era um homem loiro, alto e muito musculoso. Só deus para me dizer de onde vieram forças para nocautear tamanho brutamontes. Gastón ficou animado. Mas os outros 4 lutadores eram bem mais fortes...na segunda luta, perdi no 3º assalto. Na próxima, caí pelos pontos. Na seguinte, derrota no 8º assalto. E na última...eu joguei a toalha. Apanhei muito. Quando notei o sangue escorrendo de minhas narinas, de meus lábios...pedi para dar fim àquele massacre.

Minha sorte é que Gastón havia me dado a passagem de volta para Cidade do México tão logo chegamos no aeroporto. O homem estava irado comigo. Disse que iria me matar. Estou apreensivo. Mas sei apenas que não quero mais essa vida.

Hoje, à frente da Gran Arena, por onde passava, pensando na vida, vi um cartaz.
“Se Solicita Toreros”. Quem sabe não seja a hora de relembrar os tempos de juventude?
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:36

O Rei da Muleta e a Noite Mágica

Entre meus 15 e 18 anos, passei bons períodos na fazenda de meu tio Herrera. Adorava aquele lugar. Eu ia para lá geralmente no verão, onde ajudava meu tio com seus afazeres e com isto, ganhava alguns trocados. Era uma área entre alguns morros, localizado algumas dezenas de quilômetros de Cidade do México. Seu tamanho era até um pouco além do horizonte. Haviam lá pomares, plantação de milho, animais, um grande celeiro onde meu tio adorava ficar para trabalhar, e uma bonita casa vermelha. Lembro ainda da imagem de tia Guadalupe, sentada em sua cadeira de balanço, fazendo tricô. Quando eu chegava, ela vinha correndo – em sentido figurado, pois já tinha certa idade – ao meu encontro. Adorava seus bolos. De noite, ela contava histórias da região e me alertava sobre La Llorona.
Foi lá onde aprendi a lidar com touros.

Haviam muitas cabeças de gado. Quando eu não tinha o que fazer, pegava um pedaço de pano vermelho e ia para o campo, provocar aqueles animais. Meu tio me repreendia, mas ao mesmo tempo elogiava-me por minha destreza e agilidade diante dos touros. Disse ele que poderia ser um grande toureiro. Mas mamãe achava aquilo loucura e me proibiu.
E hoje, quem diria, estou em frente à Gran Arena, pensando em minha juventude, nas palavras de mamãe e tentando me convencer a entrar. É uma profissão mais perigosa que o boxe, sim. Mas o que vou fazer?


(...)

É interessante ver esta roupa de toureiro. Já estive na Arena algumas vezes e sempre fiquei encantado com o trabalho dos matadores, sua coragem, sua garra e sua lida com os animais. Eis o pano vermelho. Preso a uma muleta amarela, o grande pano escarlate será minha arma. Irei desafiar o touro. Espero ser frutífero nesta batalha.
É até engraçado pensar como fui admitido para tourear na Gran Arena. Apresentei-me ao dono do local, Elisandro.Ele me olhou da cabeça aos pés e perguntou:
“Você já lidou com touros antes?”. Assenti. Depois, ele me perguntou se sabia do perigo que iria passar, se estava ciente de que a responsabilidade seria minha...dei minha confirmação sempre. E acabei contratado. Começarei no domingo.

(e no domingo...)

Um filme passa por sua cabeça nos momentos que antecedem a entrada na Arena. Suas pernas balançam. O intestino reclama. Os olhos viram. As mãos tremem. O suor escorre. Mas não há escapatória.
Entrei e fiquei de frente com o touro. A Arena estava lotada, mas isso passa batido na hora. O touro é seu único objetivo, seu único pensamento, seu único medo. E ele adentra o palco da batalha. Bonito animal, deve pesar mais de 700 quilos, pêlo brilhante e um olhar macabro. Meus olhos vão de encontro aos dele. E eu começo o show. Agito o pano, balanço meu corpo à sua frente. Primeira investida do bicho, quase que ele me acerta. O público vai ao delírio. Movimento-me por toda a arena. Ele tenta me pegar, mas é inútil. Sou mais forte, tenho certeza. Não vou deixar o medo me vencer como no boxe.

E então, é chegada a hora. A espada está em minhas mãos e o touro, deitado na areia quente. Todos pedem por sua morte. E é isso que faço. Atravesso-lhe com minha espada. O sangue jorra de seu abdome. É inútil agora, digo-lhe. Eu venci.


(5 semanas depois)

Hoje, venci o ruminante pela 14ª vez em poucas semanas. A minha espada aniquilou mais um. E já estou sendo chamado por todos de “O Rei da Muleta”. Engraçado. Para quem pensou em fazer fama nos Estados Unidos esmurrando homens, só precisei de algum tempo matando bovinos para alcançar a glória e o dinheiro.

Nesta noite, eu e Maribel iremos jantar em um dos mais refinados restaurantes da cidade. É uma maneira singela de agradecer a todo o apoio que ela me deu nesses últimos tempos. Esta vai ser uma linda noite.


(na manhã seguinte)

Mágica.

É a palavra que tenho para descrever esta noite. Depois de um delicioso jantar, onde a refeição e o ambiente luxuoso foram meros coadjuvantes para a beleza de Maribel. Ela estava esplendorosa.
Depois de jantarmos, fomos para casa. Lá, tivemos uma noite linda. Pude sentir como nunca a sua pele macia, seu perfume, a textura de seus lábios...amamos-nos lentamente. Fiz-lhe juras de amor. Desde que nos casamos, talvez eu nunca tenha sentido tanta paixão por ela. Nem mesmo Luna eu amei tanto. Somos dois quebra-cabeças de uma peça só. Juntos, somos uma figura completa.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:37

4º capítulo - O Fruto

Ser toureiro é algo estafante e muito perigoso. Além de ter que se desvencilhar rapidamente do touro, você precisa dar passos de forma ritmada e agitar o pano vermelho para atrair o animal. Aliás, nem sei de onde surgiu esta lenda de que a cor vermelha atrai dos touros. Elisandro me disse que na verdade, os bichos são instigados pelo balançar do pano e não pela sua cor, uma vez que eles enxergam as cores muito mal. Pra mim não importa se é vermelho, azul ou amarelo, mas sim fazer o meu trabalho e vencer o touro.

Preciso ir logo para casa. Maribel disse que tinha algo importante para dizer.


(no dia seguinte...)

O que eu ouvi ontem ainda não entrou na minha cabeça. Foi um choque, um misto de felicidade, tristeza e sei lá mais o quê que se passou. Só sei que é uma sensação quase que indescritível. É a realização de um sonho. Ainda está latente em minha cabeça o nosso diálogo...

- Boa noite, amor
- Oi, Ramón
- Pois bem, me diga logo, o que há de tão importante?
- Bem...você se lembra que nos últimos dias eu tenho passado um pouco mal e você me recomendou que eu fosse ao médico?
- Sim
- Pois bem, eu fui ontem falar com o Dr. Zurita, relatei que eu estava com enjôos, tontura...
- Adiante
- E ele então perguntou se minhas regras estavam atrasadas e...
- Na...na...não, não me diga que...
- Eu disse sim e ele fez um teste então...
- Diga!
- Ele disse que estou grávida!
- Eu não acredito!
- Nem eu!
- Bel, nós vamos ter um filho!
- Sim!

Palavras não descrevem aquele momento, que todo homem gostaria de ouvir da mulher que ama...é incrível, serei pai! Maribel carrega em seu ventre o fruto de nosso amor! Isso é fantástico!

Tomara que seja um menino.

Tenho vontade de gritar para todo o mundo: SEREI PAI! MINHA ESPOSA ESPERA UM FILHO MEU! É alegria demais.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:37

5º CAPÍTULO: A Casa Nova

O apartamento onde eu e Maribel vivemos é um local pequeno, eu diria, com uma sala, cozinha, quarto e banheiro. Já estamos com muito pouco espaço para nós mesmo, imagine para um bebê, com berço, brinquedos, armário e tantas outras coisas! Teremos que nos mudar com brevidade. Ontem, logo depois que a levei ao médico para o pré-natal, comecei a vasculhar os anúncios de casas ou apartamentos. Necessitamos de uma moradia mais ampla. Aliás, falando no pré-natal, o dr. Zurita disse que vai tudo bem com Maribel e o bebê.

(logo depois...)

Achei no jornal um interessante anúncio: “Aluga-se apartamento em vizinhança familiar, com 2 cômodos, cozinha, sala, a preço camarada”. Iremos hoje ver esse apartamento.

(mais tarde...)

Não poderia ter sido melhor. Esse apartamento, na verdade, é a casa de nossos sonhos. Uma vila tranqüila na Calle Santiago, com muitos apartamentos, onde residem geralmente pessoas de mais idade e casais sem filhos. O local, de número 14, é um bonito local, com sala ampla, cozinha, banheiro, um quarto espaçoso e outro um pouco menor. Está vago há algum tempo. Maribel já pensou em tudo, até na cor das paredes do quarto do bebê. Ao lado, mora uma senhora muito simpática, Clotilde. O zelador do local, Zenon, disse-me que praticamente não há distúrbios naquele local.

É uma vila bem grande, aliás. No primeiro pátio, são 3 casas, fora as 2 em um piso superior. No outro pátio, há uma fonte e vários apartamentos. E existe um outro pátio ainda, onde mora o zelador, sozinho. O preço do aluguel de fato é camarada. E as instalações são boas. Há uma escola próximo, uma venda na esquina...

Nos mudaremos semana que vem.

Mal posso esperar pela mudança.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:38

6º CAPÍTULO: A Mudança

Uma vida nova. É isso que posso esperar daqui pra frente, nesta bonita vizinhança. Maribel e eu nos mudamos esta manhã. Os carregadores colocaram nossas coisas no caminhão e logo mais, chegamos à vila. Agora, apenas temos que organizar tudo e nos habituar a esta nova situação. Já gostei muito daqui. A nossa vizinha do lado, Clotilde, nos trouxe um bolo. A Dona Rosa, do outro pátio, trouxe algumas tortillas. E confraternizamos esta nova morada. Maribel está tremendamente feliz. E eu também.

(no outro dia)

Meu Deus...ontem à noite, Maribel me deu um grande susto. Ela acordou ofegante, com dor de cabeça e na barriga. A levei rápido ao hospital. Mas felizmente, tudo correu bem. O médico me disse que ela teve apenas uma alta da pressão e que isso é comum na gravidez. Mas me alertou também que é preciso controlar essa pressão, pois pode causar problemas mais tarde. Fomos para casa, onde estou, cuidando dela. Não sei o que faria se algo de mal acontecesse a ela.

E a noite nem terminou por ali...por volta das 5 da manhã, ela acordou com um grande desejo de comer amendoim. E como não quero que meu filho nasça com cara de amendoim, fui correndo procurar o dito cujo. Demorou, mas consegui. E ela enfim dormiu tranqüila.

Espero poder conhecer ainda hoje o casal do número 44, que pelo que Clotilde me disse, são pessoas maravilhosas.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:38

7º CAPÍTULO: O Casal do 44

Estou com medo. Maribel teve desejo de comer pão doce, justo quando eu estava na arena. E ela, sem poder sair de casa, por estar repousando - ordem médica - ficou apenas na vontade. Será que meu filho nascerá com cara de pão?

Fora isso, o dia de hoje foi bem interessante. Quando voltei da arena, eu e Bel fomos à casa 44, para conhecer nossos vizinhos. É uma casinha bonita, mas pequena, com 2 cômodos, uma sala-cozinha e banheiro, pelo que pude notar. Lá, moram a senhora Florinda Corcuero Vidialpango, com seu marido, Frederico Bardón Matalascayano, que é marinheiro. Eles têm um filho, Frederico Bardón, já com 2 meses.

Eles foram muito gentis conosco. Nos ofereceram café (aliás, nunca tomei um cafezinho tão bom), um bolo e biscoitos. Conversamos bastante sobre tudo. Frederico me disse que passa boa parte do ano em alto-mar, geralmente de 3 a 4 meses e que ele e Florinda se encontram nesse meio-tempo. Frederico comanda um navio, que leva turistas pela costa mexicana. Diz temer as tempestades, que certa vez, quase afundaram sua embarcação.

Já Maribel se deu muito bem com Florinda. As duas trocaram conversas empolgantes sobre a gravidez.

O menino, Frederico, é um bonito bebê, que se destaca por suas bochechinhas grandes e ruborizadas.

Eles moram ali há mais de 1 ano. Disseram não ter queixas do lugar e que é sempre bom novos vizinhos, principalmente com crianças. Florinda adora crianças.

E eu mal vejo a hora de Maribel dar a luz...faltam apenas 4 meses. Tudo há de dar certo.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:39

8º CAPÍTULO: A Grande Hora

Estou pasmo. O que ouvi hoje é algo inacreditável...o zelador da vila, Zenon, contou-me que tem um filho, de 1 ano. Ele trabalhava na casa de uma executiva de grande empresa mexicana. Ela acabou tendo relações com Zenon e acabou engravidando. Então, a mulher o demitiu e não disse que estava embaraçada. O menino nasceu e apenas há 3 dias, Zenon soube da existência dele. A executiva veio à vila, trazendo o garoto, dizendo que iria viajar para trabalhar nos Estados Unidos e não teria tempo de cuidar dele. O zelador terá agora que criar o filho sozinho. Ele está desolado e ao mesmo tempo feliz. Diz não acreditar como pode existir alguém tão vil, tão egoísta. Eu também não acredito nisso. Pobre homem.

(2 meses para o nascimento...)

Quase que morro na arena ontem. Estava enfrentando o touro. Saí de seu caminho, mas ele acabou por me atingir nas pernas. Caí, e ele veio para cima de mim, bufando. Por muito, muito pouco, seus quase 800 quilos não me acertam. Consegui rolar para o lado, levantei-me e, com a muleta, o matei. A multidão foi ao delírio, mas foi algo terrível o que passei. Imagine, serei pai! Como poderia morrer e deixar meu filho para Maribel criar, sozinha?
O senhor Elisandro, muito solícito, me deu licença por algumas semanas, para que possa acompanhar o parto em casa e não correr riscos.


(5 semanas para o nascimento...)

Ramón e Maribel estão em sua casa. Ele, lê o jornal. Ela, prepara o almoço.
Um prato cai. Pedaços se espalham pelo chão. E Bel dá um grito. Ramón corre em seu socorro. Ela está ofegante, suando, com a mão esquerda, apalpa seu abdome e com a outra, tateia sua testa.
- Querida, o que houve?
- Não sei, começou de repente...estou muito tonta, e minha barriga dói muito..AAAAAAAAIII
Ela segue gritando.
- Devem ser as contrações, diz ela.
- Mas como, Bel, se ainda falta mais de um mês pro bebê nascer?
- Não sei, não sei, mas acho que vai nascer.
- Vou ligar pro Dr. Zurita.
- Não, por favor, não. Me leva pro hospital, acho que não vai dar tempo. Aiii, meu Deus, me ajude!
Ramón troca rapidamente de roupa, pega Maribel pelo braço, coloca-o sobre seus ombros e a leva até a porta. Apaga as luzes da casa. Depois, eles saem à rua. Ramón chama um táxi.
- Rápido, rápido, toca pro hospital, meu filho vai nascer!
O táxi chega rápido ao hospital. Ele paga com uma nota alta e nem se lembra de pedir o troco. Ambos adentram a emergência do local e Ramón grita:
- Por favor, um médico, minha mulher vai parir!
Logo, surgem 2 enfermeiros, um deles pergunta:
- O que há?
- Minha mulher vai dar à luz!
- Com quanto tempo de gravidez ela está?
- 8 meses.
- E o que ela sente?
- Está mal, tonta, suando, com muitas contrações.
O enfermeiro pega o pulso dela. E constata que seus batimentos estão acelerados. Ele pede um aparelho para medir pressão. Ele então afere a pressão arterial. E se espanta.
- Meu deus, essa mulher está uma pressão altíssima. RÁPIDO, LIBEREM UM BLOCO CIRÚRGICO, PRECISAMOS TIRAR ESSE BEBÊ, SENÃO AMBOS MORRERÃO!
- Oh, meu Deus!, diz Ramón
Ela desmaia.
Uma maca chega. Outros enfermeiros vêm acudi-la. Ela é levada a um bloco cirúrgico.
Ramón está apreensivo. Ele ajoelha-se e sussurra:
- Deus, por favor, proteja Bel e meu filho, não tire-os de mim...
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:39

9º CAPÍTULO: Apenas uma Pergunta: Por quê?

Os enfermeiros correm com a maca em direção ao bloco cirúrgico do Hospital Santiago. Um médico chega logo e, correndo, pergunta a um dos enfermeiros sobre Maribel:
- O que há aqui?
- Esta mulher está com quadro de eclampsia, pressão arterial 20 por 16, chegou apresentando falta de ar moderada, dor de cabeça e agora desmaiou.
- Certo, vamos tirar esse bebê o quanto antes. Estabilizem-na com Hidantal intravenoso para evitar convulsões e apliquem também Hidralazina, para diminuir a pressão. Ela chegou acompanhada?
- Pelo marido.
- Ok.
Faltando alguns metros para a porta do bloco, Maribel acorda.
- Meu bebê, como...meu...oh, o que...o que aconteceu?
- Calma, você vai ficar bem, diz o médico.
- E meu marido?
- Está lá fora.
- Pra onde estão me...levando?
Nisso, eles entram no bloco cirúrgico, já preparado para o parto.
- Vamos ter que tirar seu bebê. Sua pressão está muito alta e ambos podem morrer.
- MORRER?, ela grita.
- Sim, mas não se preocupe, vai tudo terminar bem.

No saguão do hospital, Ramón está ajoelhado em frente a uma imagem da Virgem de Guadalupe. Ele sussurra ave-marias e pai-nossos. Ele aperta tanto os próprios dedos que parece querer quebrá-los.

- Anestesia!, Exige o obstetra Francisco.
- O que vão fazer?, pergunta Maribel.
- Vamos fazer uma anestesia peri-dural para a cesariana. Induzir o parto por vias naturais seria muito arriscado.
Ele anestesia em certo da coluna lombar. Então, ele penetra a longa agulha, que vai até a medula espinhal e aplica a anestesia definitiva.
- Como se sente?
- Estou muito cansada.
- Vai tudo ficar bem.
No total, 6 pessoas estão no bloco cirúrgico: o obstetra, um outro médico e mais 4 enfermeiros. Francisco então começa a seccionar o ventre de Maribel. Ele abre um corte que vai dos pelos púbicos até o umbigo. Algum sangue escorre. Ele chega à aponevrose. Afasta esta e depois, desloca os intestinos até chegar ao útero. Maribel sente-se desconfortável. Ele então abre o útero e chega na placenta. Francisco vê o bebê. Apesar de não estar com os devidos 9 meses de vida, já está bem desenvolvido. O obstetra retira o bebê, corta seu cordão umbilical e o passa para uma enfermeira, que o lava.
Maribel, ao ver o bebê, chora compulsivamente.
- Meu filho, meu filho...
- Não é um filho, senhora. É uma linda menina, diz uma outra enfermeira.
- Uma menina? Oh, Deus, obrigado...
Francisco retira a placenta e então começa a fechar o corte. Maribel começa a passar mal.
- Droga, o que está havendo?, pergunta o obstetra.
- Ela está começando a ter convulsões.
Espasmos começam a ocorrer no corpo de Maribel, impossibilitando que Francisco feche adequadamente o corte no colo de Bel.
- Apliquem Hidantal e Hidalazina!
- Mas já não foi aplicado isso antes?
- Pelo jeito não foi o bastante.
- Rápido, vamos, ela vai morrer!
Os enfermeiros se apressam em injetar os remédios. Francisco tenta fechar o corte. Ela desmaia outra vez.
- Pulso muito fraco, respiração irregular!, grita um dos enfermeitos.
- Vamos mulher, reaja, não morra agora...
- SEM PULSO!
- Tentem a ressuscitação, rápido!
O obstetra apóia suas mãos sobre o peito de Maribel e faz toda a força possível. Mas parece inútil.
- Sem respiração também!
- Vamos, vamos, vamos...
O obstetra prossegue por quase 1 minuto. Os demais apenas olham.
- Francisco, pare, agora é inútil...
- Não, não, ela não vai morrer.
- ELA JÁ ESTÁ MORTA!, grita o médico.
Ele enfim pára. Todos olham o corpo inerte daquela bela moça, com traços indígenas. Um choro quebra o silêncio na sala. É a menina que despertou. Uma enfermeira comenta:
- Como vamos contar isso ao marido dela?

Ramón continua ajoelhado. Sua ave-maria é interrompida justo na parte de “rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte...”. É o obstetra Francisco, acompanhado do médico Lucio.
- Como está minha mulher? E meu filho? Digam, por favor!
- Sua filha nasceu. É uma linda menininha, diz Lucio.
- É uma menina? Vocês têm certeza?
- Sim, complementa Francisco.
- E Maribel?
- Ela chegou apresentando um quadro de eclampsia, com altíssima pressão. Tivemos que fazer uma cesariana para evitar a morte do bebê. Entretanto, quando estávamos fechando o corte, ela apresentou um quadro de convulsões e..., fala Francisco, até ser interrompido por Ramón.
- Convulsões? Meu Deus, eu quero vê-la, como ela está?
- Fizemos o que podíamos, mas..., diz Lucio
- Não, não, não, não, não me diga que...
- Eu sinto muito.
Lucio e Francisco disseram sempre, depois daquele dia, que nunca tinham ouvido um grito de dor tão desesperado. Urrando inúmeros porquês, Ramón destruiu uma janela, chorando de raiva e ao mesmo tempo de dor, até ser contido pelos funcionários. Ele desmaiou.

Ramón acorda.
Ele grita:
- POR QUÊ, MEU DEUS, POR QUÊ?
Seu desespero é interrompido, quando três pessoas adentram o quarto. Uma delas carrega um bebê nos braços. Ramón vê a cena e chora sem parar.
- Filhinha...filhinha...você não merecia isso, não merecia...
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:40

10º CAPÍTULO: Sem Sentido

Não sei muito bem o que dizer. Já se passaram dois dias desde a tragédia e ainda não assimilei tudo isso. Ainda não acredito que Deus tirou Maribel de mim. Minha vida caiu por terra. Estou me sentindo muito mal. Sinto-me culpado por isso. E o pior de tudo é ter que suportar os insultos de Cahétmoc, a mãe de Maribel, que diz que eu sou o maior responsável por isso. Aquela velha ridícula nunca foi favorável a nosso relacionamento. Dizia que apenas um homem afortunado iria fazer Bel ser feliz. E eu sinto que ela foi feliz. Mas sinto também que ela não teve a melhor das chances ao meu lado.

Fiquei internado por algumas horas no Hospital Santiago. Tive uma profunda crise nervosa, quebrei uma janela, tudo isso pelo sofrimento que passei. É como se uma faca atravessasse meu peito, como se uma bala perfurasse meu coração. Em um momento, parecia que o mundo não existia mais. Meu cérebro entrou em parafuso.

Ontem, ocorreu o velório de Bel. Na verdade, foram dois velórios. A família dela preferiu fazer um ritual em sua homenagem, coisa dos indígenas. Mas eu fiz prevalecer minha vontade, e ela foi sepultada no Cemitério Madre de Dios. Eu, Frederico e dois amigos carregamos o caixão. Florinda, Clotilde, Rosa, Zenon, Elisandro, todos estavam ali, exceto minha avozinha, que ficou em casa cuidando da minha filha. Eu chorei compulsivamente durante todo o processo.

E ainda choro agora.

Mas é um choro silencioso. Um pranto interior. Já não há lágrimas vertendo de meus olhos. Minha mente está em completo desarranjo. Não sei mais no que pensar, no que fazer.

A única coisa na qual pensei até o momento foi o nome de minha filha. Até pensei em Maribel, mas seria doloroso demais. Preferi homenagear o médico que, ao menos, salvou minha filha. Francisca é seu nome. E não é que ela nasceu com uma carinha de pão? Parece “chilindrinas”, por seu rostinho frágil salpicado com algumas sardas.

Graças a Deus, minha avozinha está ajudando muito. Ela se dispôs a vir para cá, me ajudar com os cuidados para com o bebê. Eu não tenho a menor prática com crianças...


(1 semana depois...)

Os últimos dias foram lastimáveis para minha pessoa. Não entendo como pude me rebaixar a tanto. Já são 4 dias seguidos que desabo na bebida. Justo eu, que tão raro coloco algo de teor alcoólico na boca...estou, vamos dizer, afogando o sofrimento. Bebi muita cerveja, tequila, até whisky. E voltei bêbado para casa.

Ontem, foi a pior das noites. Depois de horas a fio no bar, voltei completamente embriagado para a vila. Comecei a gritar, chorar, chutar as coisas. Logo, Florinda e Frederico vieram me acudir. Frederico me colocou debaixo da água fria e chamou minha avó para me levar até em casa.

E ela me bateu.

Me bateu sim. Levei alguns tapas e nem movi sequer um fio de cabelo para revidar, mesmo bêbado. Eu sabia que merecia aquilo. Torrei tanto dinheiro nesses últimos dias, só na bebida...

Não posso continuar assim. Francisca não merece um pai desses.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:40

11º CAPÍTULO: Ajuda Necessária

A bebida segue vencendo a luta. No boxe, geralmente depois de alguns assaltos apanhando, ou você joga a toalha ou você cai. Entretanto, eu já caí várias e várias vezes, mas sempre me levantei. E segui bebendo. Já se fazem 10 dias desde que perdi Bel. E desde então, sigo afogando as mágoas. É terrível. Justo eu, que nunca fui de beber assim...

Felizmente, estou contando com muito apoio para tentar me livrar dessa dor. Frederico me tirou do bar ontem. Eu já estava ficando bêbado, já era o terceiro copo de cerveja. Mas ele me tirou dali. Frederico é um grande homem.
Para cuidar de Francisca, não estou só. Minha avó está sendo uma ajuda importante. As donas Clotilde e Florinda também estão auxiliando bastante. Ensinaram-me a trocar fraldas, a dar banho no bebê, dar leite, acudir quando ela fica com cólicas...três mulheres fantásticas, com certeza. Sabem, cuidar de uma criança não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Basta ter cuidado e prestar atenção ao que elas me ensinam. E no final, tudo dá certo.

Entretanto, se tem uma coisa que eu não gosto é que as pessoas tenham dó de mim. Ouvi a Florinda dizendo ao marido que sentia pena de mim. Eu então disse que não precisava da pena dos outros. Só eu sabia o que era perder o amor de sua vida.


(no outro dia...)

Dias movimentados nessa vila. Hoje de manhã, Zenon ficou gritando em sua casa. Não sei por quê e sinceramente, prefiro nem saber...Elisandro disse que precisa falar comigo com urgência.

E o Frederico irá partir. Hoje mesmo ele irá embarcar no navio que comanda, para um cruzeiro de três semanas. Irei ficar sem uma grande companhia pelos próximos dias.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:41

12º CAPÍTULO: Tristeza sem Fim

É impressionante como o mundo dá voltas. Em questão de um segundo, tudo pode mudar. E por apenas alguns números, Zenon, o zelador aqui da vila, ficou milionário. Por isso tantos berros que ouvi ontem. Ele apostou na loteria em alguns números e acabou levando a bolada sozinho.
E agora, ele já está tratando de se mudar para uma casa mais ampla e já quer comprar a vila! Vejam só! Só espero que ele não queira aumentar o aluguel...


(mais tarde...)

Arrasado. É isso que posso dizer sobre meu estado de espírito. Depois de tanto sofrimento, ainda levei mais uma pancada hoje. Elisandro, o dono da Gran Arena, me chamou até lá para conversar. Ele disse que entendia minha situação, todo o problema pelo qual eu estou passando, mas falou que não pode ter um toureiro bêbado. Foi bem claro. Só me restou engolir em seco e receber o meu pagamento. De resto...

Eu juro por Deus que nunca mais coloco bebida alguma na boca. Não posso mais perder as coisas que tenho em razão do álcool.


(1 semana depois...)

Até que foi bom ter feito tantos bicos nesses anos de vida. Assim, posso fazer quase que qualquer serviço. Arranjei uma vaga de mestre-de-obras na construção de um prédio próximo à vila. O salário pode não ser lá essas coisas, mas dá para o gasto.
Só estou ressabiado com uma coisa: Florinda saiu apressada de sua casa, hoje. Não sei para onde foi, mas parecia que era um problema sério.


(no outro dia...)

Não dá pra acreditar. É tristeza atrás de tristeza. Por quê tudo isso? Essa vila nunca esteve tão negra como hoje. O diálogo com Dona Clotilde não me sai da cabeça.

- Ramón, Ramón!
- Diga, dona Clotilde!
- Você não sabe do que aconteceu!
- Não, não sei.
- Não lhe contaram?
- Não.
- Não lhe disseram?
- Não, por favor, diga o que foi, que já estou angustiado!
- Bem...eu vi a Florinda chegando à vila em prantos e...bem, decidi perguntar-lhe o que aconteceu.
- Prossiga.
- Ela me disse que o navio de Frederico afundou.
- Como?
- Pois é, parece que o navio que ele comandava saiu do porto faz quase 1 semana e logo depois, em alto-mar, houve uma rachadura no casco, e começou a fazer água...daí afundou.
- E ele morreu?
- Pois então, foram até o local do acidente, resgataram os corpos...e ele estava lá. Morto. Ele e mais umas cento e tantas pessoas...
- Meu Deus...não, não, isso não pode estar acontecendo...droga, já perdi Maribel há 2 semanas, perdi a sanidade por causa da bebida, perdi meu emprego, e agora perdi um amigo! O QUE MAIS FALTA ACONTECER? EU TEREI QUE PERDER A FRANCISCA TAMBÉM?
- Acalme-se, Ram...
- Calma, como pode pedir que eu tenha calma? É dor demais pra um ser humano!

O enterro dele será amanhã. Não esperava ter que carregar dois caixões em tão pouco tempo. Onde isso tudo vai parar?
E para completar, o Zenon apareceu hoje, dizendo que comprou a vila e que vai reforma-la, mas que isso vai implicar em aumento dos aluguéis e justo o 14 será um dos mais caros, pelo que ele disse. Será que até minha casa eu vou perder?

Só espero que estes tapas na cara sejam os últimos que levarei nesses tempos. Nenhuma pessoa, em sã consciência, agüenta tantas dores.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:42

13º CAPÍTULO: O 72º Apartamento

Dor. É uma coisa que nos corrói, que nos alucina, que nos derruba. E eu acho que nunca senti tanta dor assim na minha vida. Primeiro, perdi Maribel. Depois, foi-se minha carreira de toureiro. Perdi a minha sanidade, através da bebida. Agora, perdi um grande amigo, Frederico. E até meu apartamento vou perder. Terei que sair do 14, para ir morar em outro local, mais barato, talvez até mesmo aqui na vila. Acho que nem quando mamãe faleceu eu fiquei tão mal.

O ano era 1952. Eu recém havia completado 29 anos. Trabalhava como mestre-de-obras e vivia numa casa modesta, ao lado da residência de minha mãe. À época, eu não tinha conhecido ainda Luna. Certo dia, estava em casa, lendo o jornal, quando ouvi um grito. Era ela. Corri até sua casa, e a encontrei, desmaiada. Levei-a até um hospital, mas era tarde demais. Um infarto fulminante a matou. Ela já tinha 64 anos, fumava...
Lembro que chorei, chorei, chorei, como um bebê. Fiquei longos minutos ao seu lado, pegando em sua mão. Eu a amava mais do que tudo. Era o meu porto seguro. Já tinha perdido meu pai quando tinha 17 anos. Sua morte não me abalou tanto, pois nosso relacionamento era difícil. Mas mamãe era outra coisa. Sofri demais.
Hoje, conto apenas com minha avozinha, mãe de meu pai, que me trata como a seu filho.


(2 dias depois...)

Mais uma mudança em tão pouco tempo. Ainda bem que não precisei me deslocar muito. Só alguns poucos metros entre o 14 e o 72. Sim, o apartamento 72, onde irei morar agora. É um local pequeno, com uma sala, apenas 1 quarto, cozinha e o banheiro. Vou dormir na sala, e o quarto ficará com Francisca.
É mais em conta, pode ser um espaço pequeno, mas é o que cabe em minhas despesas no momento. Como Zenon aumentou o valor dos aluguéis, não houve outra solução. Agora, minha avó irá para sua casa e ficarei sozinho com minha filha. Já me sinto seguro para cuidar sozinho dela.
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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:42

14º CAPÍTULO: Uma Visita Inesperada

Ser pai e mãe ao mesmo tempo é uma tarefa complicada. Dar comida, dar banho, trocar fraldas, ninar o bebê...isso tudo, sem uma mãe por perto, torna as coisas mais difíceis. Sorte que a Dona Clotilde se dispôs a cuidar de minha filha enquanto estou no trabalho. Senão, a situação ficaria mais difícil ainda.

E a Florinda, que coisa, se mudou para o 14. Diz que precisa de mais espaço para cuidar de Frederico. Um homem esteve hoje aqui para informa-la de que irá receber uma pensão da empresa em que seu marido trabalhou...


(no dia seguinte)

Ramón está sentado ao sofá, lendo o jornal, quando ouve alguém bater à porta.
- Já vou, já vou...
Ele abre a porta e fica espantado com o que vê. Não acredita na figura que está parada a sua frente, que logo se aproxima dele, lhe dá um beijo na bochecha e trata de adentrar a pequena casa dele.
É Luna.
- Mas, mas...como você me encontrou?
- Tenho meus métodos.
- Sim, mas...como?
- Como se não soubesse de sua carreira de toureiro. Fui a várias touradas e adorei suas apresentações. Você fica lindo com a indumentária de toureiro. Soube na Arena da tragédia que lhe aconteceu...aquela moça, sua mulher, eu fui informada de que ela tinha morrido. Eu falei com o dono da arena e pedi seu endereço. E aqui estou.
- E o que veio fazer?
- Conversar.
- Depois de tanto tempo?
- E qual o problema?
- Quando você saiu de casa, pensei que não voltaria nunca mais, pela forma com que falou comigo aquela vez.
- Ora...isso são águas passadas...
- Nada disso. Vivemos quase 4 anos juntos, foi muito mais do que um amor de criancinhas. Tivemos um sério relacionamento, você foi fria comigo quando me deixou e agora vem me procurar, toda arrependida, me fazendo elogios?
- Todos mudam um dia.
- Está bem, quer conversar sobre exatamente o quê?
- Bem...eu fiquei sabendo que você é agora viúvo e com uma criança pra criar...
- E?
Luna se aproxima dele, passa a mão em seu rosto e diz:
- Acho que ainda é tempo de recomeçar.
- Recomeçar?
- Sim. Vai me dizer que não precisa de uma pessoa, uma figura maternal para esta criança?
- É isso que você quer? Voltar comigo e ser mãe da filha de Maribel?
- Maribel, ora...que os mortos descansem em paz...você sabe que eu posso lhe ajudar, e muito.
- Chega, chega, ponha-se para fora de minha casa!
- Mas, Ramón...
- BASTA! Ninguém vai afrontar a memória de Maribel em minha casa! Rua!
- Você é um idiota mesmo...trocar uma boa vida ao meu lado pela solidão...é verdade, eu fiz bem em te deixar...
- SAIA DAQUI, AGORA!

(logo depois...)

Inferno de vida...é duro, ter que suportar tanto sofrimento e ainda ouvir as asneiras da Luna...mulher idiota. Acha que só por que tem uma posição social melhor, vai poder dar melhor vida para minha filha...

Conheci Luna em 1955. Ela era secretária da construtora que estava erguendo um prédio onde eu trabalhava como mestre-de-obras. Via ela muitas vezes. E logo nos afeiçoamos. Acabei me apaixonando por ela e fomos morar juntos. Passamos 4 anos sob o mesmo teto, até que me deixou. Motivo? Incerto...ela sempre foi uma pessoa fútil, mas até que nos dávamos bem. Enquanto eu seguia na mesma posição, ela crescia dentro da construtora. Até dei graças a Deus por ficar livre de sua companhia. Não suportava tantas reclamações nos últimos meses de convivência.

Depois de tantas incertezas, acho que nunca mais me apaixonarei outra vez.
• Jornalista
• No meio CH desde 2003
• Um dos fundadores do Fórum Chaves. Administrador desde 2010
• Autor do livro "O Diário do Seu Madruga"
• Eleito pelos usuários como o melhor moderador em 2011, 2012, 2013 e 2014


Realizações no meio CH:
• Apoio na realização da etapa brasileira de América Celebra a Chespirito, em 2012
• Produção de entrevistas com Roberto Gómez Fernández, Ana de la Macorra e Ricardo de Pascual
• Entrevistei Rubén Aguirre, Edgar Vivar, Maria Antonieta de las Nieves e Carlos Villagrán
• Viabilizei a entrega da camiseta do Fórum Chaves para Chespirito
• Cobertura jornalística e de redes sociais de praticamente todos os grandes eventos e notícias CH desde 2010
• Um dos idealizadores do "Sigam-me os Bons", campanha social do Fórum e Fã-Clube
• Um dos idealizadores do Bloco Sigam-me os Bons, primeiro bloco temático CH de carnaval em São Paulo
• Apoio e participação nas turnês do Senhor Barriga, Kiko e Paty no Brasil
• Desmentido de todos os boatos envolvendo CH nos últimos anos
• Autor do furo sobre o Chaves no Multishow
• Coordenei o Projeto CH Legendado, que tornou acessível em português os inéditos de Chaves e Chapolin
• Prestei consultoria para a realização de "Chaves - Um Tributo Musical"

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Re: O DIÁRIO DO SEU MADRUGA - obra ficcional

Mensagem por Antonio Felipe » 29 Abr 2009, 12:43

15º CAPÍTULO: O Primeiro Ano

Hoje, completam-se exatos 30 dias desde que Maribel se foi e deixou comigo esta criança adorável. Nada tem sido fácil, mas tampouco difícil, creio. Esta noite haverá uma missa de 30 dias para Bel. Vamos seguindo a vida...

(passam-se alguns meses...)

É incrível como Dona Florinda mudou, da água para o vinho, nestes meses. Da morte de Frederico até aqui, são quase 6 meses, e parece que ela encarou o baque muito bem. Outro dia, quando recebeu o cheque da pensão, seus olhos brilharam. Ao que tudo indica, é um dinheiro considerável. Tanto é que sua casa vive cheia de pessoas diferentes...ontem, estiveram aqui uns tais de Pires Cavalcanti. Um casal e seu filho de 2 anos. Gente da alta, pelo visto.
Falando nisso, hoje será a festinha de aniversário do menino, Frederico. Consegui juntar uns trocos e comprei uma roupinha de marinheiro para o pequeno bochechudinho. Acho que lhe cairá bem.
E por falar em criança, a Chiquinha está chorando. Pois é, Chiquinha...achei que chamá-la sempre de Francisca ficaria estranho. E como ela parece um pãozinho salpicado com açúcar...
Só me irrita o fato de minha avó estar sempre chegando atrasada para cuidar da menina.


(3 meses mais...)

Apesar dos problemas, até que o fim-de-ano aqui na vila foi bom. Todos da vila se reuniram no pátio para um grande jantar de natal. A Florinda inventou de fazer um tal “frango a fru-fru”. Cada uma...
Ao final da festa, todos nos presenteamos.

No ano-novo, mais uma festa. Tomamos até champanhe à meia-noite! E que 1965 seja um maravilhoso ano, bem diferente do terrível 1964...


(Abril de 1965)

Ontem, foi um dia de sentimentos opostos. Resolvi não comemorar ontem o aniversário da Chiquinha, para poder prestar tributos a Maribel. Ocorreu a missa de 1 ano de sua morte, fui até o hospital, onde agradeci mais uma vez o empenho dos médicos em tentar salvar minha mulher.
E hoje, enfim, comemoramos o primeiro aninho de minha filha. Com ajuda de vovó, fiz uma bonita festa em minha humilde casa, com um bonito bolo, docinhos...Florinda levou seu filho, e trouxe um vestidinho muito bonito para Francisca, em vermelho e verde. A Clotilde deu um cachorrinho de pelúcia. E Zenon, uma boneca de pano. Deu pra sentir que ela adorou a festa.

Por enquanto, tudo vai bem. O ano começou de ótima maneira.
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