Matérias antigas sobre Chaves e Chapolin

Gol D Roger · Mensagem por **Gol D Roger** » 31 Dez 2013, 14:04

Algumas observações:

- O rapaz da Televisa ali sabe muito bem o que está falando. Primeiro, falou o período correto (1973-1980). Segundo, a conta dele de episódios de Chaves e Chapolin bate com nossa pesquisa das Tele-Guías, com diferença de 1 episódio (311 episódios do Chaves + 288 episódios do Chapolin = 599 episódios).

- Aquelas aberturas que o leitor ali se refere no comentário, acho que não são as aberturas originais (que sim, já foram exibidas pelo SBT lá por 1984, 1985), mas sim as que Gustavo Berriel já havia falado que o SBT exibia com poucos episódios e no final apareciam os letreiros ''Chaves'' em verde e ''Chapolin'' em vermelho (obviamente), no final dos anos 80. Que inclusive parece que tinham uma narração do Marcelo Gastaldi falando que o Chaves era um garoto atrapalhado, etc.

Rondamon · Mensagem por **Rondamon** » 31 Dez 2013, 16:10

Legal que em uma das matérias é citado "Feroz e Maumau".

Furtado · Mensagem por **Furtado** » 31 Dez 2013, 17:08

Aliás, caso alguém queria procurar algo nesse arquivo que o Antonio "achou", aqui está o link: http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=030015

Igorkk33 · Mensagem por **Igorkk33** » 31 Dez 2013, 19:48

Antonio Felipe escreveu:Entrevista com o executivo Augusto Marzagão, que vendeu as novelas e Chaves ao SBT. 23/06/1991. Ele fala de Chaves e Chapolin em alguns trechos:

Só prestem atenção na resposta que ele deu à penúltima pergunta. O cara já previa o que é o formato da Televisão hoje.

Mensagem por **Ramyen** » 31 Dez 2013, 20:07

Atentado a inteligência infantil???

E não sabia desse menino que morreu imitando o ''Chaves'',mas devia ser mais idiota que o Kiko.

Mensagem por **Barbano** » 01 Jan 2014, 09:17

Riddle escreveu:Eu creio fortemente que Chespirito foi dublado, e que o Maga narrou "Chapolin" naquela abertura justamente pq era o quadro daquele programa.

Veio como especial. Tem até no catálogo do Netflix...

Mensagem por **Riddle Snowcraft** » 01 Jan 2014, 10:11

Claro, o Netflix n ia botar uma série com só dois eps. (levando em conta que a Televisa vende os anos 90 "em separado" dos anos 80)

Gol D Roger · Mensagem por **Gol D Roger** » 01 Jan 2014, 12:25

Ela faz o mesmo com os anos 70, tanto em exibir como vender. Basta verem que a Galávision (sendo que ainda exibe) e o Clássico TV exibiram unicamente ''Los supergênios de la mesa cuadrada'' (1970-1971), e não ''Chespirito y la mesa cuadrada'' (1971) e ''Chespirito'' (1971-1973).

Guilherme CH · Mensagem por **Guilherme CH** » 18 Mai 2014, 20:05

Encontrei alguns artigos sobre as séries CH nos jornais El Tiempo (Colômbia) e La Nación (Costa Rica). O acervo digital do Jornal do Brasil nos permite pesquisar por jornais de vários países. Eu traduzi todos, mas quem quiser pode conferir os textos originais.

Esta primeira matéria, de 1981, é sobre a visita do elenco CH à Colômbia, onde participaram da "Caminhada da Solidariedade". Traduzi apenas as partes relacionadas às séries CH.

http://news.google.com/newspapers?nid=1 ... 10,4324710

El Tiempo - 28 de agosto de 1981 / Autor: Marcela Gomez

Domingo em Bogotá - Caminhemos por Solidariedade com Colômbia

Neste domingo, último do mês, Bogotá estará em festa. Crianças, jovens, adultos e idosos usarão seus trajes esportivos e voltarão suas atenções para as ruas de Bogotá. Bandas, coros, artistas, carros alegóricos e uma passeata colorida de balões e flores estarão bem expostos em todo canto da cidade.E é para culminar o que pode se denominar o mês mais alegre do ano, chegará a tão esperada Caminhada da Solidariedade.

Os bogotanos que tiveram sorte com provas realizadas dias atrás, onde participaram de muitos eventos esportivos e recreativos que foram realizados durante este mês e que pedalaram no Dia Nacional da Bicicleta, neste domingo, estão convidados, também, ao grande evento que unirá todos os cidadãos de boa vontade em prol de um só objetivo: a solidariedade por Colômbia.

A primeira dama da Nação, “Chaves” e todo seu elenco – vestidos com os trajes que utilizam em seus famosos programas de televisão – liderarão este enorme desfile que unirá entre dois e três milhões de solidários a partir das nove da manhã. Mais de 163 empresas privadas, canais de televisão e rádio têm se unido e contribuirão, por meio de shows culturais, cômicos, musicais e artísticos, a manter um ambiente de festa durante o percurso que as pessoas seguirão.

Ao longo da rota serão montados 17 postos de informação, onde também se prestarão serviços de primeiros socorros e venda de refrigerantes. Em todos eles venderão camisetas estampadas com o Chaves, Dona Florinda, Chiquinha, Professor Girafales ou qualquer dos artistas que integram o simpático elenco mexicano. Terá um bom alcance e por cada contribuição serão entregues balões com as cores do Distrito, que deixarão o céu de Bogotá colorido.

...

A esposa do ministro de Minas também quer vincular um toque folclórico aos desfiles e, para isso, preparou um grupo de vinte jovens que desfilarão vestidas de Chiquinha.

--

Esta segunda matéria é a repercussão da chegada do elenco à Colômbia. Também apresenta algumas curiosidades, principalmente acerca de Chespirito, além de mencionar os dois únicos países em que as séries CH não eram exibidas naquela época: Brasil e Cuba. Inclusive, vasculhando pelo jornal americano "The Victoria Advocate", do Texas, dá para encontrar programações da Univision, mostrando que Chaves e Chapolin já eram exibidos nos Estados Unidos em 1978.

Não cheguei a traduzir tudo pois, além de algumas palavras que eu não consegui entender, o texto é detalhado até demais.

http://news.google.com/newspapers?nid=1 ... 20,5125772

El Tiempo - 30 de agosto de 1981 / Autor: Martin Ventura

Chaves e seu extraordinário mundo

Se do jato da Avianca que, ontem, às oito da manhã, aterrissou no aeroporto El Dorado tivesse qualquer outro grupo de personagens latino-americanos, incluindo a seleção Argentina ou o zoológico de Méjico, o alvoroço não teria sido o mesmo do que formaram centenas de crianças para saudar Chaves e seu elenco.

Era como se do pátio do aeroporto estivessem desfilando os protagonistas centrais de seus melhores sonhos. Foi tão espontânea a algazarra que nenhum dos seis membros do elenco fez o menor esforço para escoar a multidão, todavia que desde a manhã de sexta-feira não tinham pregado os olhos. Além disso, tiveram uma surpresa, para alguns inesperada: Professor Girafales, com sua estatura infinita, limitou-se a abrir os olhos e ameaçou gritar o clássico “Chanfle!” de seu chefe, mas terminou por resignar-se e sujeitar-se a um muito mexicano “pos, ni modo”, entregando-se para a multidão de pequeninos delirantes. “Girafales” não é nem a sombra do personagem engomado que conhecemos. É o contrário, descontraído em suas posturas e tão descuidado para vestir que parecia que acabara de chegar de algum carnaval.

Dona Florinda – que na ocasião estava em paz e sem xícaras de café a seu eterno pretendente – estava brincando com todo mundo e, pesando a falta de sono, teve alardes para lamentar o congestionamento na sala de passageiros de El Dorado. Florinda não corresponde, em pessoa, a imagem ácida de sua personagem. É dócil e frágil: incapaz de matar uma mosca.

Senhor Barriga, o implacável cobrador do Seu Madruga, a inevitável vítima dos “foi sem querer querendo”, do Chaves, mostrou, ontem, em Bogotá, o contraste mais curioso do grupo: desde que desceu do avião até quando se perdeu pelos elevadores do Hotel Tequendama não deixou de sorrir um instante. O “Senhor Barriga” é bem diferente. É afável, brincalhão, mais jovem do que mostra a televisão e, em síntese, nem um pouco hostil. Veio acompanhado de um irmão menor, que não faltou nada para ser diferente: é igual de “gordo”, de “risonho” e de “amável”.

Outra que logo apareceu da mesma forma foi a sombria “Bruxa do 71”. Fumadora compulsiva, a mais rabugenta do grupo não tem nada de repugnante. É loira, alta e mais jovem do que se imagina. Mas “cria fama e apega-se a dormir”. Uma menina que, por engano, foi parar em seus braços começou a chorar quando a reconheceu. Ela a pegou com cuidado, devolveu a pequenina e sujeitou-se a falar com os adultos em um canto da sala. Todo que a escutaram – dezenas de membros da Solidariedade (Campanha), de funcionários do Palácio, do pessoal da solenidade, de jornalistas e curiosos – ficaram felizes com ela. Tanto que, em último momento, terminou dando autógrafo a todos.

Mas, sem dúvida nenhuma, ontem, em Bogotá, dois personagens confirmaram plenamente sua popularidade: Chiquinha e Chaves.

A MAGIA DA CHIQUINHA

A “Chiquinha”, em cinco minutos, cativou a todos que a cercaram. De uma parte, a mesma figura: baixinha, com rosto pequeno, com dois dentes simpaticamente ausentes no lugar onde a “janela” a mostra desdentada, resultou ser a estrela do elenco entre as mulheres. As crianças ficavam entre a Chiquinha e o Chaves e, para ser sincero, acabaram inclinando-se mais para ela, uma quase senhora que chegou pedindo café e balançando a mão no aeroporto. É de uma cortesia total, como terão oportunidade de comprovar os colombianos que, hoje, estarão ao lado dela durante a caminhada de “Solidariedade”. Apresentou-se às crianças com alegria e espontaneidade. Uma delas pediu um autógrafo, mas não conseguiu com escrita. O pequenino terá a lembrança de ter sido carregado por ela e passeado pela sala de passageiros. O resultado desse ato foi que, em alguns momentos, ninguém desconfiava que era a Chiquinha com um menino. Mas notava-se a distância de como ela era humilde. A baixinha de óculos escreveu para o menino: “Deus queira que seus olhinhos brilhantes não se esqueçam nunca de mim”. Chiquinha, igual aos seus companheiros, deixou marcado para sempre aquele momento, e que ela sempre será bem-vinda à Colômbia.

OS ENCANTOS DO CHAVES

O jornal EL TIEMPO teve o privilégio inesperado com o “Chaves”: a oportunidade de compartilhar com ele a cadeira da van que os levou desde o aeroporto até o Tequendama (hotel). Foi um diálogo sem testemunhas, onde o “Chaves” mostrou-se como é: um tipo simples, cheio de grandeza e dono de um magnetismo estranho. Do magnetismo que irradiam as celebridades que, na aparência e essência, parecem tão correntes como qualquer sensação agradável.

Veio a participar na caminhada “Solidariedade por Colômbia” ao lado de milhares de bogotanos sem ganhar um tostão e milhões no México. Talvez um descaso pelo conjunto de suas atividades artísticas. Há que compreender que um homem que produz para Televisa – o canal de televisão que mais programas faz no mundo – a série que mais dividendos representa: que escreve, interpreta e dirige suas atuações de cinema e televisão e que sua imagem de Chaves, Chespirito, Chapatin e Chifladito (Chaparrón) vende-se em camisetas, chaveiros, bonés e outros tipos de artigos, alguém assim, digo, mas que um homem é uma indústria.

Mas “Chaves” não aceitou o convite dos organizadores da “Solidariedade” porque seja ético participar de obras benéficas em qualquer lugar. Tampouco porque tenha sido uma Primeira Dama a responsável pelo convite. Fez isso por uma razão elemental, que resumiu em cinco palavras: “A campanha vale a pena”. E declarou que continuará a aceitar convites como este.

É a quarta vez que vem à Colômbia. Em uma dessas ocasiões (para gravar um comercial) e esteve menos de 24 horas, e em outra ainda não desfrutava da fama. Estará uma semana aqui e pretende visitar a catedral de Zipaquirá. Serão, então, sete dos sessenta dias que passa fora do México em virtude de suas turnês artísticas. Ainda ficarão pendentes três países: Porto Rico, Bolívia e Paraguai, os únicos países latino-americanos que ainda não pisou. Pisou pessoalmente porque seus programas, exceto Brasil e Cuba, são exibidos no resto da América Latina. Antes do fim do ano projetarão-se no Brasil e iniciarão na Europa com a dublagem de suas séries na Itália.

Roberto Gómez Bolanõs é talvez, fisicamente, o menos parecido na realidade aos personagens do elenco. Ainda que amável, é bastante sério, pouco escandaloso e de menino humilde, com exceção de seu aspecto acanhado e sua estatura pequena, externamente não coincide com as imagens que o país conhece. Em vez disso, coincide por dentro: Chespirito confessa não resistir a tentação de chutar uma bola que cruza o seu caminho, sobe em qualquer escada que encontra... Uma verdadeira criança mora dentro dele.

“É que tenho algo certo comigo, que é sugerido na Bíblia: Os do meu reino serão aqueles que tenham espírito de criança”, diz ele. E, todavia, defende a maturidade, julga que deve ser uma tragédia eliminar todo vestígio de infância. Recorda que não foi um menino tão pobre quanto o Chaves, mas também nunca teve riqueza. “Eu brincava com soldadinhos de chumbo, tive carrinhos e trens, mas nunca tive bicicletas nem brinquedos caros.”

Fez até o segundo ano de engenharia e abandonou a carreira para dedicar-se, faz mais de vinte anos, a escrever. Diz que seu estilo não influencia nenhum escritor, mesmo aquele que se define como um bom leitor. “Leio sobre pratos, Theilhard de Chardin, tiras cômicas, enfim, não estou limitado apenas a uma coisa.”

Devem passar quase quinze anos desde que optou pelo mundo da televisão para que Chespirito conhecesse, no começo da década de setenta, uma autêntica fama. Desde então, faz oito anos, não desfruta de umas boas férias. “Me entrego completamente às férias de duas horas: quando estou muito cansado, suspendo o trabalho e me dedico a um dos meus passatempos: resolver problemas de álgebra ou física. É que a minha passageira experiência universitária em assuntos matemático me deixaram marcado. Positivamente marcado. Tenho disciplina e ordem para trabalhar”, comentava enquanto ainda estávamos na van.

O outro passatempo de “Chaves” é a filatelia. Este hobby fez com que ganhasse de Luis Rodriguez Lamus – diretor executivo de “Solidariedade” – uma coleção completa de selos emitidos na Colômbia desde 1959. Chespirito e seu elenco irão embora de Colômbia com tantos souvenirs como o Rei da Espanha. Entre suas malas levarão, também, simbólicas chaves de Bogotá.

Na verdade é um homem de intensos trabalhos. Ele transmite um pouco de suas características para alguns de seus personagens, isso explica a personalidade que cada um tem, a naturalidade que cativa crianças de quase vinte países.

--

E não é só no Brasil, mas esta terceira matéria mostra que as séries CH também eram vítimas das críticas mais absurdas no exterior.

http://news.google.com/newspapers?nid=1 ... 64,2238478

La Nación - 23 de fevereiro de 1991

"Chaves" não é apto

Faz um tempo se publicou em La Nación um artigo em que uma psicóloga qualificou “Chaves” como um programa que não é apto para crianças. “Creio que a série dá maus exemplos. Não se pode utilizar a pobreza, a falta de educação, o desejo pessoal, a chacota, o engano e as palavras grosseiras como base para o humor infantil. A Oficina da Defensoria deveria fazer um estudo a respeito”. ISABEL BOLAÑOS DE MONTERO.

Furtado · Mensagem por **Furtado** » 26 Fev 2016, 22:46

O jornal mexicano "El Siglo de Torreón' disponibiliza seu acervo na internet. Achei algumas coisas:

Em 04/09/1993, uma notícia sobre os novos programas que Chespirito lançava: