PERSONAGENS:
Ramón Valdez, como Seu Madruga.
Roberto Gómez Bolaños (Chespirito), como Chaves.
Maria Antonieta de las Nieves, como Chiquinha.
Florinda Meza, como Dona Florinda.
Angelinez Fernandez, como Dona Clotilde (a Bruxa do 71).
Carlos Villagrán, como Quico.
e Edgar Vivar, como o Senhor Barriga.
Possível ano para o episódio: 1977.
Título: "O Tiro Que Saiu Pela Culatra".
Ramón Valdez, como Seu Madruga.
Roberto Gómez Bolaños (Chespirito), como Chaves.
Maria Antonieta de las Nieves, como Chiquinha.
Florinda Meza, como Dona Florinda.
Angelinez Fernandez, como Dona Clotilde (a Bruxa do 71).
Carlos Villagrán, como Quico.
e Edgar Vivar, como o Senhor Barriga.
Possível ano para o episódio: 1977.
Título: "O Tiro Que Saiu Pela Culatra".
Seu Madruga está sentado no sofá, tentando, com extrema dificuldade, ler um jornal, sem se dar conta de que ele está de cabeça para baixo (RISOS). Chiquinha sai de seu quarto carregando uma caixa.
CHIQUINHA - Papai, eu posso ir lá na casa da Pópis?
SEU MADRUGA - Fazer o quê, filha?
CHIQUINHA - E que hoje eu fiquei de mostrar a minha coleção de papéis de carta!
Chiquinha abre a caixa, despejando os papeis em cima da mesa.
CHIQUINHA - Eu tenho uns tão bonitos! Olha esse aqui, com uns ursinhos desenhados. Esse verde tão lindo! O meu preferido é esse aqui, tem um casal de namorados se abraçando debaixo de um guarda-chuva, e umas gotinhas douradas caindo em cima deles...
Chiquinha percebe que seu pai não está mais prestando atenção, recolhe tudo e vai saindo.
SEU MADRUGA - Ei, ei, ei! Aonde você pensa que vai?
CHIQUINHA - Eu já disse, na casa da Pópis!
SEU MADRUGA - Mas eu não te deixo sair!
CHIQUINHA - E por que não?
SEU MADRUGA - Por que eu mandei você ir lavar a louça do almoço, e agora que fui ver o guarda-pratos, ele está completamente vazio!
CHIQUINHA - Ah, mas eu já lavei!
SEU MADRUGA - E então?
CHIQUINHA - Ora, deixei enxugando!
Ela abre a janela e pode-se ver vários pratos, talheres e panelas pendurados no varal do pátio. (RISOS) Seu Madruga fica boquiaberto, se levanta e vai correndo tentar recolher tudo.
SEU MADRUGA - Mas é incrível! É incrível! Parece que eu estou em um manicômio! Você não sabe que nós temos um pano de prato em casa, menina?
CHIQUINHA - Mas é claro que sim!
SEU MADRUGA - Então por que pendurou a louça no varal?
CHIQUINHA - Bom... O senhor se lembra que também me mandou passar pano no chão? (RISOS)
Seu madruga para, espantado.
SEU MADRUGA - Eu não acedito que você passou o pano de prato no chão, Chiquinha!
CHIQUINHA - Mas é claro que não, eu usei para lustrar os móveis! (RISOS)
SEU MADRUGA - E para limpar o chão?
CHIQUINHA - Aquela sua toalha já estava tão velha, eu pensei que... (RISOS)
Seu Madruga se zanga, e ao levantar o braço para tentar bater na Chiquinha, deixa cair alguns pratos no chão, que se quebram. (RISOS) Chiquinha aproveita para se esconder no banheiro, enquanto ele fica abaixado, juntando os cacos. Chaves vem chegando da rua, e o vê.
CHAVES - Tão grande e ainda faz arte? (RISOS)
Seu Madruga se levanta, bravo, mas deixa passar.
SEU MADRUGA (olhando para o chão) - A sorte é que eles se partiram em cacos grandes. Com um pouco de jeito, ainda dá pra colar... Chaves, venha cá!
CHAVES - Sim?
SEU MADRUGA - Está vendo esses pratos aqui (e aponta para os cacos no chão)? Quero que os deixe iguais a estes (e aponta para os que ainda estão no varal)! Enquanto isso, eu vou ali resolver um probleminha muito especial...
Seu Madruga volta para casa, e entra no quarto da Chiquinha.
SEU MADRUGA - CHIQUINHA!!!
CHIQUINHA (voz debaixo da cama) - Não está! (RISOS)
SEU MADRUGA (ameaçando tirar o cinto) - Vamos ver se não está...
CHIQUINHA (saindo alvoroçada debaixo da cama) - Não, papaizinho, não! Não, não, papaizinho...
SEU MADRUGA - Muito bem! Agora escute aqui, fruto do meu pecado (RISOS), quero que você explique direitinho que ideia foi essa de pôr a louça no varal.
CHIQUINHA - Mas eu já lhe disse, nós não temos panos o suficiente aqui em casa! Por isso que eu tive que usar o de prato para lustrar os móveis, e a toalha para passar no chão!
SEU MADRUGA - Certo... E aposto que nem pretendia me contar o que fez com a toalha, não?
CHIQUINHA - Bem... Bom...
SEU MADRUGA - Já pensou, se eu usasse aquela imundície? Graças a Deus hoje não é sábado, mas quando for, como é que eu vou tomar banho? (RISOS)
CHIQUINHA - Se o senhor quiser, eu posso cortar um pedaço da cortina, e... (RISOS)
SEU MADRUGA (tirando o cinto de vez) - Você vai ver o pedaço da cortina!
Nesse momento, ouve-se um barulho de coisas quebrando.
SEU MADRUGA (saindo do quarto e olhando pela janela) - O que foi isso?
Chaves está parado, e todos os pratos estão quebrados aos pés dele. Seu Madruga sai de casa abismado.
SEU MADRUGA - Mas o que você fez, seu animal?
CHAVES - O que o senhor mandou, deixei todos os pratos iguais! (RISOS)
SEU MADRUGA - Mas que ótimo... Agora eu vou fazer o mesmo com a sua cabeça, e vamos ver se você gosta! (RISOS)
Seu Madruga levanta o boné do Chaves, e lhe dá o clássico cascudo. O menino vai se esconder no barril, chorando. Madruga se vira para entrar em casa, e percebe Chiquinha fugindo pelo corredor que liga os pátios.
SEU MADRUGA (correndo atrás dela) - Chiquinha, volte aqui, Chiquinha! Chiquinha!!!
Dona Florinda chega da rua, caregando uma cesta. Quico vem atrás dela.
DONA FLORINDA (parando no meio dos cacos) - Mas o que é isso? Quem fez essa sujeira?
CHAVES (voz de dentro do barril) - Foi o Seu Madruga!
Seu Madruga vem voltando do corredor, com o cinto na mão.
SEU MADRUGA (olhando para trás) - Vamos ver se assim aprende a ser gente!
DONA FLORINDA (se aproximando dele, com as mãos na cintura) - Muito bonito!
SEU MADRUGA - Ah, vizinha, são seus olhos...
PAFF! (RISOS)
Com o tapa, Seu Madruga se vira, e acaba acertando com o cinto, sem querer, o Quico, que estava perto.
QUICO - Mamãe!!!
DONA FLORINDA - Ah, atacando meu filho, não é? E á traição!
SEU MADRUGA - Á traição?
DONA FLORINDA - Pela retaguarda!
RE-PAFF! (RISOS)
Novamente, com o tapa, Seu Madruga se vira, e acerta Quico com o cinto de novo.
DONA FLORINDA - Outra vez?
SEU MADRUGA (tentando fazer um carinho no garoto) - Mas eu aposto que não doeu nada, é couro sintético! (RISOS)
DONA FLORINDA (tomando o cinto das mãos dele) - Ah, é? Pois vamos ver se dói ou não!
Dona Florinda corre atrás do Seu Madruga, pelo corredor. Há então, uma transição de cena.
Seu Madruga está novamente no sofá de sua casa, tentando ler o jornal, que continua de cabeça para baixo. Chiquinha chega com mesma caixa nas mãos.
CHIQUINHA - Papai, agora eu posso ir na casa da Pópis?
Seu Madruga abaixa o jornal, e pode-se ver sua cara com um olho roxo. (RISOS)
SEU MADRUGA - Não!
CHIQUINHA - E por que não?
SEU MADRUGA - Por que é muito longe!
CHIQUINHA - Mas são só duas quadras, pai! Além do mais, a casa dela é de esquina!
SEU MADRUGA - Continua sendo longe. Você é uma criança, e desacompanhada ainda por cima!
CHIQUINHA - Mas a distância de lá pra cá é a mesma, e a Pópis sempre vem aqui brincar comigo!
SEU MADRUGA - Por que os pais dela não devem saber do perigo que é uma criança andar sozinha! Saiba que a cada dez minutos, uma criança é atropelada na cidade.
CHIQUINHA - Então quer dizer que daqui a alguns dias, só vão restar os adultos por aqui? (RISOS)
SEU MADRUGA - Não é possível! Não é possível! São cidades dierentes, minha filha, no mundo todo!
CHIQUINHA - Ah... Mas eu não acredito!
SEU MADRUGA - Pois pode acreditar. Deu aqui, no jornal.
CHIQUINHA - Mas esse jornal está de cabeça para baixo, pai! (RISOS)
SEU MADRUGA (finalmente se tocando e virando o jornal) - Ah, sim! Mas é que... É que... Nós devemos ver as notícias por todos os ângulos, não? (RISOS)
CHIQUINHA - Que seja. Mas o senhor me manda ir lá na venda, que é até mais longe! E manda o Chaves também.
SEU MADRUGA - Mas esse é um caso muito diferente. São necessidades!
CHIQUINHA - Como naquele dia em que eu fui comprar pilhas, para o senhor poder assistir o jogo de futebol pelo rádio? (RISOS)
SEU MADRUGA - Olha, Chiquinha, eu vou lhe dizer uma coisa, e preste muita atenção, por que só vai ser uma vez: aconteça o que acontecer, nunca me desminta, entendeu?
CHIQUINHA - Sim, papi!
SEU MADRUGA - Muito bem! Por que assim como você fez agora, só entre nós dois, poderia fazer com uma pessoa de fora. E com que cara eu ia ficar?
CHIQUINHA - Com o de sempre, com cara de pau! (RISOS)
SEU MADRUGA - Nada, nada, papaizinho, eu vou ficar no meu quarto!
Chiquinha volta para o quarto, e Seu Madruga, finalmente, lê o jornal. Em dado momento, ele se espanta. Chaves bate na porta.
CHAVES (do lado de fora) - Posso entrar?
SEU MADRUGA (com o jornal) - Não!
CHAVES - Não?
SEU MADRUGA - Sim?
Chaves entra.
SEU MADRUGA - Não!
Chaves sai.
SEU MADRUGA - Sim?
Chaves entra.
SEU MADRUGA - Não!
CHAVES - Ora, não seja palhaço! (RISOS)
SEU MADRUGA (se levantando bravo) - O QUÊ?
CHAVES - Ora, é que o senhor estava aí dizendo "não, sim, não, sim"...
SEU MADRUGA - É que eu estava lendo uma coisa que... (olha de novo o jornal) Não!
CHAVES - Olha aí, já vai começar outra vez! (RISOS)
SEU MADRUGA - Chaves, me faz um favor? Vai lá no quarto e me traz um travesseiro, sim?
Chaves dá de ombros e entra no quarto. Volta com o travesseiro, acompanhado da Chiquinha.
SEU MADRUGA - Ótimo, agora deixe ele aí no chão!
CHAVES (pondo o travesseiro no chão) - Assim?
SEU MADRUGA - Não, mas um pouquinho para lá.
CHAVES (afastando o travesseiro) - Assim?
SEU MADRUGA - Perfeito! Agora, com licença!
Dizendo isso, ele cai desmaiado, extasiado, com o jornal nas mãos, em cima do travesseiro. (RISOS)
CHIQUINHA - Papai, eu posso ir lá na casa da Pópis?
SEU MADRUGA - Fazer o quê, filha?
CHIQUINHA - E que hoje eu fiquei de mostrar a minha coleção de papéis de carta!
Chiquinha abre a caixa, despejando os papeis em cima da mesa.
CHIQUINHA - Eu tenho uns tão bonitos! Olha esse aqui, com uns ursinhos desenhados. Esse verde tão lindo! O meu preferido é esse aqui, tem um casal de namorados se abraçando debaixo de um guarda-chuva, e umas gotinhas douradas caindo em cima deles...
Chiquinha percebe que seu pai não está mais prestando atenção, recolhe tudo e vai saindo.
SEU MADRUGA - Ei, ei, ei! Aonde você pensa que vai?
CHIQUINHA - Eu já disse, na casa da Pópis!
SEU MADRUGA - Mas eu não te deixo sair!
CHIQUINHA - E por que não?
SEU MADRUGA - Por que eu mandei você ir lavar a louça do almoço, e agora que fui ver o guarda-pratos, ele está completamente vazio!
CHIQUINHA - Ah, mas eu já lavei!
SEU MADRUGA - E então?
CHIQUINHA - Ora, deixei enxugando!
Ela abre a janela e pode-se ver vários pratos, talheres e panelas pendurados no varal do pátio. (RISOS) Seu Madruga fica boquiaberto, se levanta e vai correndo tentar recolher tudo.
SEU MADRUGA - Mas é incrível! É incrível! Parece que eu estou em um manicômio! Você não sabe que nós temos um pano de prato em casa, menina?
CHIQUINHA - Mas é claro que sim!
SEU MADRUGA - Então por que pendurou a louça no varal?
CHIQUINHA - Bom... O senhor se lembra que também me mandou passar pano no chão? (RISOS)
Seu madruga para, espantado.
SEU MADRUGA - Eu não acedito que você passou o pano de prato no chão, Chiquinha!
CHIQUINHA - Mas é claro que não, eu usei para lustrar os móveis! (RISOS)
SEU MADRUGA - E para limpar o chão?
CHIQUINHA - Aquela sua toalha já estava tão velha, eu pensei que... (RISOS)
Seu Madruga se zanga, e ao levantar o braço para tentar bater na Chiquinha, deixa cair alguns pratos no chão, que se quebram. (RISOS) Chiquinha aproveita para se esconder no banheiro, enquanto ele fica abaixado, juntando os cacos. Chaves vem chegando da rua, e o vê.
CHAVES - Tão grande e ainda faz arte? (RISOS)
Seu Madruga se levanta, bravo, mas deixa passar.
SEU MADRUGA (olhando para o chão) - A sorte é que eles se partiram em cacos grandes. Com um pouco de jeito, ainda dá pra colar... Chaves, venha cá!
CHAVES - Sim?
SEU MADRUGA - Está vendo esses pratos aqui (e aponta para os cacos no chão)? Quero que os deixe iguais a estes (e aponta para os que ainda estão no varal)! Enquanto isso, eu vou ali resolver um probleminha muito especial...
Seu Madruga volta para casa, e entra no quarto da Chiquinha.
SEU MADRUGA - CHIQUINHA!!!
CHIQUINHA (voz debaixo da cama) - Não está! (RISOS)
SEU MADRUGA (ameaçando tirar o cinto) - Vamos ver se não está...
CHIQUINHA (saindo alvoroçada debaixo da cama) - Não, papaizinho, não! Não, não, papaizinho...
SEU MADRUGA - Muito bem! Agora escute aqui, fruto do meu pecado (RISOS), quero que você explique direitinho que ideia foi essa de pôr a louça no varal.
CHIQUINHA - Mas eu já lhe disse, nós não temos panos o suficiente aqui em casa! Por isso que eu tive que usar o de prato para lustrar os móveis, e a toalha para passar no chão!
SEU MADRUGA - Certo... E aposto que nem pretendia me contar o que fez com a toalha, não?
CHIQUINHA - Bem... Bom...
SEU MADRUGA - Já pensou, se eu usasse aquela imundície? Graças a Deus hoje não é sábado, mas quando for, como é que eu vou tomar banho? (RISOS)
CHIQUINHA - Se o senhor quiser, eu posso cortar um pedaço da cortina, e... (RISOS)
SEU MADRUGA (tirando o cinto de vez) - Você vai ver o pedaço da cortina!
Nesse momento, ouve-se um barulho de coisas quebrando.
SEU MADRUGA (saindo do quarto e olhando pela janela) - O que foi isso?
Chaves está parado, e todos os pratos estão quebrados aos pés dele. Seu Madruga sai de casa abismado.
SEU MADRUGA - Mas o que você fez, seu animal?
CHAVES - O que o senhor mandou, deixei todos os pratos iguais! (RISOS)
SEU MADRUGA - Mas que ótimo... Agora eu vou fazer o mesmo com a sua cabeça, e vamos ver se você gosta! (RISOS)
Seu Madruga levanta o boné do Chaves, e lhe dá o clássico cascudo. O menino vai se esconder no barril, chorando. Madruga se vira para entrar em casa, e percebe Chiquinha fugindo pelo corredor que liga os pátios.
SEU MADRUGA (correndo atrás dela) - Chiquinha, volte aqui, Chiquinha! Chiquinha!!!
Dona Florinda chega da rua, caregando uma cesta. Quico vem atrás dela.
DONA FLORINDA (parando no meio dos cacos) - Mas o que é isso? Quem fez essa sujeira?
CHAVES (voz de dentro do barril) - Foi o Seu Madruga!
Seu Madruga vem voltando do corredor, com o cinto na mão.
SEU MADRUGA (olhando para trás) - Vamos ver se assim aprende a ser gente!
DONA FLORINDA (se aproximando dele, com as mãos na cintura) - Muito bonito!
SEU MADRUGA - Ah, vizinha, são seus olhos...
PAFF! (RISOS)
Com o tapa, Seu Madruga se vira, e acaba acertando com o cinto, sem querer, o Quico, que estava perto.
QUICO - Mamãe!!!
DONA FLORINDA - Ah, atacando meu filho, não é? E á traição!
SEU MADRUGA - Á traição?
DONA FLORINDA - Pela retaguarda!
RE-PAFF! (RISOS)
Novamente, com o tapa, Seu Madruga se vira, e acerta Quico com o cinto de novo.
DONA FLORINDA - Outra vez?
SEU MADRUGA (tentando fazer um carinho no garoto) - Mas eu aposto que não doeu nada, é couro sintético! (RISOS)
DONA FLORINDA (tomando o cinto das mãos dele) - Ah, é? Pois vamos ver se dói ou não!
Dona Florinda corre atrás do Seu Madruga, pelo corredor. Há então, uma transição de cena.
Seu Madruga está novamente no sofá de sua casa, tentando ler o jornal, que continua de cabeça para baixo. Chiquinha chega com mesma caixa nas mãos.
CHIQUINHA - Papai, agora eu posso ir na casa da Pópis?
Seu Madruga abaixa o jornal, e pode-se ver sua cara com um olho roxo. (RISOS)
SEU MADRUGA - Não!
CHIQUINHA - E por que não?
SEU MADRUGA - Por que é muito longe!
CHIQUINHA - Mas são só duas quadras, pai! Além do mais, a casa dela é de esquina!
SEU MADRUGA - Continua sendo longe. Você é uma criança, e desacompanhada ainda por cima!
CHIQUINHA - Mas a distância de lá pra cá é a mesma, e a Pópis sempre vem aqui brincar comigo!
SEU MADRUGA - Por que os pais dela não devem saber do perigo que é uma criança andar sozinha! Saiba que a cada dez minutos, uma criança é atropelada na cidade.
CHIQUINHA - Então quer dizer que daqui a alguns dias, só vão restar os adultos por aqui? (RISOS)
SEU MADRUGA - Não é possível! Não é possível! São cidades dierentes, minha filha, no mundo todo!
CHIQUINHA - Ah... Mas eu não acredito!
SEU MADRUGA - Pois pode acreditar. Deu aqui, no jornal.
CHIQUINHA - Mas esse jornal está de cabeça para baixo, pai! (RISOS)
SEU MADRUGA (finalmente se tocando e virando o jornal) - Ah, sim! Mas é que... É que... Nós devemos ver as notícias por todos os ângulos, não? (RISOS)
CHIQUINHA - Que seja. Mas o senhor me manda ir lá na venda, que é até mais longe! E manda o Chaves também.
SEU MADRUGA - Mas esse é um caso muito diferente. São necessidades!
CHIQUINHA - Como naquele dia em que eu fui comprar pilhas, para o senhor poder assistir o jogo de futebol pelo rádio? (RISOS)
SEU MADRUGA - Olha, Chiquinha, eu vou lhe dizer uma coisa, e preste muita atenção, por que só vai ser uma vez: aconteça o que acontecer, nunca me desminta, entendeu?
CHIQUINHA - Sim, papi!
SEU MADRUGA - Muito bem! Por que assim como você fez agora, só entre nós dois, poderia fazer com uma pessoa de fora. E com que cara eu ia ficar?
CHIQUINHA - Com o de sempre, com cara de pau! (RISOS)
SEU MADRUGA - Nada, nada, papaizinho, eu vou ficar no meu quarto!
Chiquinha volta para o quarto, e Seu Madruga, finalmente, lê o jornal. Em dado momento, ele se espanta. Chaves bate na porta.
CHAVES (do lado de fora) - Posso entrar?
SEU MADRUGA (com o jornal) - Não!
CHAVES - Não?
SEU MADRUGA - Sim?
Chaves entra.
SEU MADRUGA - Não!
Chaves sai.
SEU MADRUGA - Sim?
Chaves entra.
SEU MADRUGA - Não!
CHAVES - Ora, não seja palhaço! (RISOS)
SEU MADRUGA (se levantando bravo) - O QUÊ?
CHAVES - Ora, é que o senhor estava aí dizendo "não, sim, não, sim"...
SEU MADRUGA - É que eu estava lendo uma coisa que... (olha de novo o jornal) Não!
CHAVES - Olha aí, já vai começar outra vez! (RISOS)
SEU MADRUGA - Chaves, me faz um favor? Vai lá no quarto e me traz um travesseiro, sim?
Chaves dá de ombros e entra no quarto. Volta com o travesseiro, acompanhado da Chiquinha.
SEU MADRUGA - Ótimo, agora deixe ele aí no chão!
CHAVES (pondo o travesseiro no chão) - Assim?
SEU MADRUGA - Não, mas um pouquinho para lá.
CHAVES (afastando o travesseiro) - Assim?
SEU MADRUGA - Perfeito! Agora, com licença!
Dizendo isso, ele cai desmaiado, extasiado, com o jornal nas mãos, em cima do travesseiro. (RISOS)