Em 9 de agosto de 1988, o mundo perdia um dos maiores nomes da comédia. Um ator que se popularizou ao interpretar não apenas um personagem, mas um verdadeiro mito. Um ícone até hoje venerado por milhões de pessoas na América Latina. Um filósofo popular, dono de grandes pensamentos que seguem como mantras para muitos, além de tiradas cômicas de grande qualidade, sem contar a expressão corporal única que complementava as piadas que ele contava. Há exatamente 27 anos, Ramón Gómez-Valdés Castillo, ou simplesmente, Ramón Valdés, o Seu Madruga, partia deste mundo, para eternizar-se como uma marca pétrea na comédia de todos os tempos.
Nascido em Cidade do México, Valdés teve a comédia muito próxima de si desde cedo. Irmão de grandes nomes do humor mexicano como Germán Valdés "Tin Tan" e Manuel "El Loco" Valdés, começou sua carreira como ator no cinema, ao final da década de 1940. Quando terminava a década de 1960, estava trabalhando na televisão, onde conheceria Roberto Gómez Bolaños, que o convidou para integrar o elenco de Os Supergênios da Mesa Quadrada e, logo, o Chapolin. Em 1972, fez parte do primeiro esquete que originou o seriado onde se consagrou em todo o mundo: interpretando um vendedor de balões, era atrapalhado por um garoto sem nome, na pele de Chespirito. Era o embrião do Chaves, que pouco tempo depois ganhava quadro próprio no programa Chespirito e, em 1973, assumia espaço próprio no Canal 8. Naquele 1972, nascia o Seu Madruga, um homem pouco afeito ao trabalho, que vivia fugindo de pagar os quatorze meses de aluguel ao Seu Barriga. Pai da Chiquinha, ainda tinha que enfrentar a mão pesada de Dona Florinda, que sempre lhe dava um tabefe por causa do Quico, seja por um beliscão ou por algo que o Madruga não tinha feito, mas acabava assumindo a culpa sem querer.
Seu Madruga foi se destacando no elenco de Chespirito, por conta do incrível talento de Valdés. O personagem era o centro das atenções na maioria dos episódios, em que ele tentava novas profissões como leiteiro, sapateiro, pedreiro, cabeleireiro, entre tantas outras, ou então por situações das mais diversas, como os imbróglios envolvendo suas calças no varal ou seu sonambulismo. Com Quico, interpretado por Carlos Villagrán, foi tomando conta da série - e até hoje, os dois personagens são os preferidos da maioria dos fãs. Em Chapolin, ele também tinha grande destaque, com vilões muito divertidos quanto perigosos, como o Pirata Alma Negra e o Tripa Seca, além da antítese do Super-Homem, o Super Sam.
Em 1978, porém, Villagrán deixa as séries, buscando mais espaço para lucrar com seu personagem, que fazia grande sucesso. E no ano seguinte, Valdés também se despede dos seriados de Chespirito. Entrevistado por uma revista mexicana, alegou que fez isso porque o clima nos bastidores estava insuportável, principalmente pelas intervenções de Florinda Meza na produção. O ator se lançou ao circo e acabou voltando a trabalhar com Chespirito dois anos depois, participando de uma série de episódios do então Programa Chespirito. No mesmo ano, no entanto, ele saiu para seguir carreira solo novamente. Por um período, chegou a atuar com Villagrán em suas séries, na Venezuela e no México, ambas sem êxito.
Durante vários anos na década de 1980, Ramón sofreu com um câncer no estômago, que teria se espalhado por vários outros órgãos, razão pela qual ele ficou internado por um bom tempo no Hospital Santa Helena, na Cidade do México. Apesar da doença, Ramón nunca sentiu medo da morte. De acordo com um de seus filhos, Esteban, o ator nunca fez dramas com sua doença. Ao contrário, decidiu continuar sua carreira e mostrava total tranquilidade à família, inclusive contando piadas a todos. Mesmo em seus momentos finais, Ramón manteve-se sereno. O ator Edgar Vivar, grande amigo de Valdés, disse que uma das últimas falas do intérprete do Seu Madruga foi que, no fim das contas, ele não tinha pago o aluguel. Carlos Villagrán contou recentemente que uma vez, estava no hospital e chorava com a situação de Ramón, que disse: "Não chore, bochechudo. E mais, te espero lá". Carlos questionou: "No céu?", ao que Ramón devolveu: "Não se faça de tonto, lá embaixo te espero!".
Depois de duas semanas sedado, para que não sentisse mais dores, o pior aconteceu. Em 9 de agosto de 1988, Valdés sofreu uma insuficiência respiratória, causando-lhe um infarto que lhe tirou a vida. Seus restos foram sepultados no Mausoléo del Ángel, na Cidade do México, em um cortejo fúnebre que reuniu muita gente. Angelines Fernández, amiga de longa data do ator, foi uma das que mais sentiu a perda, ficando por muito tempo ao lado do caixão, inconsolável, chamando por seu "Rorro".
Ramón Valdés era querido por todos os atores. Roberto Gómez Bolaños destacou certa vez que "nunca ninguém me fez rir tanto como Ramón Valdés". Para Carlos Villagrán, Ramón era seu melhor amigo e Seu Madruga era o "núcleo do programa". Maria Antonieta de las Nieves, filha de Don Ramón na série, era considerada igualmente por Ramón como sua filha, tanto é que em sua casa, ao lado das fotos dos filhos, estava a de Maria. Quando ela soube da morte do ator, foi parar no hospital. Rubén Aguirre cita Ramón como "um homem de caráter muito alegre, muito brincalhão. Era um grande, mas um grande ator e me doeu muito [quando ele se foi] porque além disso era um grande companheiro". Ana de la Macorra destaca que Valdés tinha muita simplicidade, "um afeto para com todos nós que trabalhávamos, era amável com todo mundo". Já Ricardo de Pascual afirma que Ramón "com sua alegria preenchia a todos do elenco".
Este dia de hoje não é para ser triste. Mesmo que há 27 anos nosso ídolo Ramón tenha partido, ele deixou uma herança gigantesca em matéria de humor para todas as gerações que se seguiram, através de seu trabalho marcante nas séries de Chespirito. Trabalho este, até hoje, inquestionável, que ainda diverte milhões de pessoas em todo o mundo. Ramón é um ícone. Um mito. Seu Madruga tornou-se um personagem de culto, um estilo de vida. E em sua homenagem que hoje, 27 anos depois de sua morte, só temos a dizer: obrigado por tudo, Ramón Valdés!
Nascido em Cidade do México, Valdés teve a comédia muito próxima de si desde cedo. Irmão de grandes nomes do humor mexicano como Germán Valdés "Tin Tan" e Manuel "El Loco" Valdés, começou sua carreira como ator no cinema, ao final da década de 1940. Quando terminava a década de 1960, estava trabalhando na televisão, onde conheceria Roberto Gómez Bolaños, que o convidou para integrar o elenco de Os Supergênios da Mesa Quadrada e, logo, o Chapolin. Em 1972, fez parte do primeiro esquete que originou o seriado onde se consagrou em todo o mundo: interpretando um vendedor de balões, era atrapalhado por um garoto sem nome, na pele de Chespirito. Era o embrião do Chaves, que pouco tempo depois ganhava quadro próprio no programa Chespirito e, em 1973, assumia espaço próprio no Canal 8. Naquele 1972, nascia o Seu Madruga, um homem pouco afeito ao trabalho, que vivia fugindo de pagar os quatorze meses de aluguel ao Seu Barriga. Pai da Chiquinha, ainda tinha que enfrentar a mão pesada de Dona Florinda, que sempre lhe dava um tabefe por causa do Quico, seja por um beliscão ou por algo que o Madruga não tinha feito, mas acabava assumindo a culpa sem querer.
Seu Madruga foi se destacando no elenco de Chespirito, por conta do incrível talento de Valdés. O personagem era o centro das atenções na maioria dos episódios, em que ele tentava novas profissões como leiteiro, sapateiro, pedreiro, cabeleireiro, entre tantas outras, ou então por situações das mais diversas, como os imbróglios envolvendo suas calças no varal ou seu sonambulismo. Com Quico, interpretado por Carlos Villagrán, foi tomando conta da série - e até hoje, os dois personagens são os preferidos da maioria dos fãs. Em Chapolin, ele também tinha grande destaque, com vilões muito divertidos quanto perigosos, como o Pirata Alma Negra e o Tripa Seca, além da antítese do Super-Homem, o Super Sam.
Em 1978, porém, Villagrán deixa as séries, buscando mais espaço para lucrar com seu personagem, que fazia grande sucesso. E no ano seguinte, Valdés também se despede dos seriados de Chespirito. Entrevistado por uma revista mexicana, alegou que fez isso porque o clima nos bastidores estava insuportável, principalmente pelas intervenções de Florinda Meza na produção. O ator se lançou ao circo e acabou voltando a trabalhar com Chespirito dois anos depois, participando de uma série de episódios do então Programa Chespirito. No mesmo ano, no entanto, ele saiu para seguir carreira solo novamente. Por um período, chegou a atuar com Villagrán em suas séries, na Venezuela e no México, ambas sem êxito.
Durante vários anos na década de 1980, Ramón sofreu com um câncer no estômago, que teria se espalhado por vários outros órgãos, razão pela qual ele ficou internado por um bom tempo no Hospital Santa Helena, na Cidade do México. Apesar da doença, Ramón nunca sentiu medo da morte. De acordo com um de seus filhos, Esteban, o ator nunca fez dramas com sua doença. Ao contrário, decidiu continuar sua carreira e mostrava total tranquilidade à família, inclusive contando piadas a todos. Mesmo em seus momentos finais, Ramón manteve-se sereno. O ator Edgar Vivar, grande amigo de Valdés, disse que uma das últimas falas do intérprete do Seu Madruga foi que, no fim das contas, ele não tinha pago o aluguel. Carlos Villagrán contou recentemente que uma vez, estava no hospital e chorava com a situação de Ramón, que disse: "Não chore, bochechudo. E mais, te espero lá". Carlos questionou: "No céu?", ao que Ramón devolveu: "Não se faça de tonto, lá embaixo te espero!".
Depois de duas semanas sedado, para que não sentisse mais dores, o pior aconteceu. Em 9 de agosto de 1988, Valdés sofreu uma insuficiência respiratória, causando-lhe um infarto que lhe tirou a vida. Seus restos foram sepultados no Mausoléo del Ángel, na Cidade do México, em um cortejo fúnebre que reuniu muita gente. Angelines Fernández, amiga de longa data do ator, foi uma das que mais sentiu a perda, ficando por muito tempo ao lado do caixão, inconsolável, chamando por seu "Rorro".
Ramón Valdés era querido por todos os atores. Roberto Gómez Bolaños destacou certa vez que "nunca ninguém me fez rir tanto como Ramón Valdés". Para Carlos Villagrán, Ramón era seu melhor amigo e Seu Madruga era o "núcleo do programa". Maria Antonieta de las Nieves, filha de Don Ramón na série, era considerada igualmente por Ramón como sua filha, tanto é que em sua casa, ao lado das fotos dos filhos, estava a de Maria. Quando ela soube da morte do ator, foi parar no hospital. Rubén Aguirre cita Ramón como "um homem de caráter muito alegre, muito brincalhão. Era um grande, mas um grande ator e me doeu muito [quando ele se foi] porque além disso era um grande companheiro". Ana de la Macorra destaca que Valdés tinha muita simplicidade, "um afeto para com todos nós que trabalhávamos, era amável com todo mundo". Já Ricardo de Pascual afirma que Ramón "com sua alegria preenchia a todos do elenco".
Este dia de hoje não é para ser triste. Mesmo que há 27 anos nosso ídolo Ramón tenha partido, ele deixou uma herança gigantesca em matéria de humor para todas as gerações que se seguiram, através de seu trabalho marcante nas séries de Chespirito. Trabalho este, até hoje, inquestionável, que ainda diverte milhões de pessoas em todo o mundo. Ramón é um ícone. Um mito. Seu Madruga tornou-se um personagem de culto, um estilo de vida. E em sua homenagem que hoje, 27 anos depois de sua morte, só temos a dizer: obrigado por tudo, Ramón Valdés!